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Vendedor que ganha um salário mínimo recebe Pix de R$ 275 mil por engano, não gasta nenhum centavo e surpreende ao devolver todo o valor. “Não consigo me imaginar usando dinheiro que não é meu”

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 18/10/2025 às 11:30
Vendedor que ganha um salário mínimo recebe Pix de R$ 275 mil por engano, não gastou nenhum centavo e surpreende ao devolver todo o valor, virando exemplo de honestidade
Foto: Vendedor que ganha um salário mínimo recebe Pix de R$ 275 mil por engano, não gastou nenhum centavo e surpreende ao devolver todo o valor, virando exemplo de honestidade
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Vendedor que ganha um salário mínimo recebe Pix de R$ 275 mil por engano, pensa que é trote de 1º de abril e devolve o dinheiro, virando exemplo de honestidade. O caso ocorreu em 2022

O que você faria se R$ 275 mil aparecessem, de repente, na sua conta bancária? Para o vendedor Daniel Franco de Oliveira, de 35 anos, a resposta veio antes mesmo de qualquer dúvida: “devolveria”. E foi exatamente o que ele fez. No dia 1º de abril de 2022— data conhecida como o “dia da mentira”, Daniel recebeu um Pix inesperado de R$ 275.307,01 e, por alguns segundos, achou que era uma brincadeira. Mas o dinheiro era real, fruto de um erro bancário, e a atitude do trabalhador transformou uma simples transação equivocada em uma das histórias mais inspiradoras do país.

Daniel trabalha em uma empresa de produtos veterinários e vive com um salário mínimo. Naquela sexta-feira, ao checar o extrato pelo aplicativo, levou um susto: o saldo estava centenas de milhares de reais acima do normal.

“Pensei que era algum golpe, porque não fazia sentido. Depois achei que era uma piada de 1º de abril”, contou ao G1. Ele ainda comentou que chegou a pensar em reiniciar o celular, acreditando que fosse um erro do aplicativo.

Minutos depois, o vendedor percebeu que a quantia havia sido enviada via Pix por uma empresa com a qual ele jamais havia feito qualquer transação. A primeira reação foi procurar a origem da transferência e entender o que havia acontecido. “Não consegui me imaginar usando um dinheiro que não era meu. Fiquei pensando em quem poderia estar desesperado procurando por essa quantia”, disse Daniel.

O dia em que um erro bancário virou exemplo de caráter

Assim que constatou que o valor era legítimo e que havia sido depositado por engano, Daniel procurou sua gerente no banco para informar o ocorrido.

O setor responsável confirmou o erro e acionou o departamento jurídico da instituição para realizar o estorno. Mesmo sem qualquer obrigação imediata de devolver o valor — já que a transação havia sido efetivada, o vendedor insistiu que o dinheiro fosse devolvido o quanto antes.

Em entrevista, ele explicou que agiu por princípios, e não por medo. “Eu não conseguiria dormir sabendo que fiquei com algo que não era meu. Imagina alguém que depende desse dinheiro para pagar funcionários, dívidas, aluguel. Seria injusto”, declarou.

O gesto de Daniel viralizou nas redes sociais após a reportagem ser publicada. Internautas destacaram que a honestidade do trabalhador “vale mais do que os R$ 275 mil”. Em uma época marcada por golpes digitais, fraudes e transferências equivocadas que acabam em longas disputas judiciais, a atitude simples e imediata do vendedor tornou-se símbolo de caráter e humanidade.

Um contraste com a maioria dos casos de erro via Pix

Enquanto casos de boa-fé como o de Daniel são raros, a Justiça brasileira tem sido tomada por ações envolvendo transferências indevidas.

Em 2024 e 2025, tribunais de todo o país julgaram centenas de processos nos quais o recebedor de um Pix errado gastou o valor ou se recusou a devolver, alegando “erro do banco” ou “presente de desconhecido”. Em muitos desses casos, os juízes têm aplicado multas por enriquecimento ilícito, com condenações que incluem juros, correção e até danos morais.

O caso mais recente de repercussão nacional envolveu uma construtora que transferiu R$ 48 mil por engano para uma mulher que usou o valor para reformar a casa e acabou se tornando ré na Justiça.

Em outra decisão, um trabalhador recebeu R$ 10 mil indevidamente, bloqueou o remetente e alegou estar desempregado; o tribunal condenou-o a devolver o valor integral e pagar multa.

Daniel, por outro lado, trilhou o caminho oposto. Sua escolha reforça uma mensagem pouco comum em tempos de imediatismo e ganância: o valor da honestidade ainda é incalculável.

“Não consigo me imaginar usando dinheiro que não é meu”

A frase dita por Daniel sintetizou o espírito de seu gesto e foi reproduzida em jornais de todo o país. Mesmo com uma renda modesta e vivendo de forma simples, ele devolveu o dinheiro sem hesitar. Segundo relatos, o banco confirmou que a devolução foi concluída no mesmo dia.

A empresa responsável pelo envio errado chegou a entrar em contato com o vendedor para agradecer pessoalmente.

O caso viralizou justamente porque contrasta com a realidade da maioria das histórias envolvendo transferências indevidas. Em vez de se aproveitar da situação, o trabalhador escolheu agir pelo que acreditava ser certo — sem esperar recompensa ou reconhecimento. “Faria de novo, com qualquer valor. Não é porque alguém errou que eu posso tirar vantagem disso”, afirmou.

Uma história que se tornou exemplo

O gesto de Daniel foi elogiado por economistas e juristas, que destacaram a importância de atitudes individuais em tempos de crise ética.

O advogado especialista em direito financeiro André Fernandes explicou que, embora a devolução de valores recebidos por engano seja obrigação legal, “a velocidade e a boa-fé do recebedor determinam o tom da situação”. Segundo ele, a conduta do vendedor foi “rara e admirável”, pois impediu que o caso se transformasse em processo judicial.

A história do vendedor mostra que, mesmo diante de tentações inesperadas, ainda há quem escolha o caminho da integridade. A devolução dos R$ 275 mil não apenas evitou problemas legais, mas também o transformou em exemplo de caráter. “Não é questão de ser bonzinho. É só fazer o que é certo”, disse ele.

Em tempos em que manchetes são dominadas por casos de apropriação indevida, golpes e desonestidade, o gesto de um trabalhador comum se destaca justamente por sua simplicidade. Daniel Franco de Oliveira mostrou que, às vezes, o maior lucro está em manter a consciência limpa — e que honestidade ainda pode viralizar.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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