Metade das empresas de alta performance no setor de energia de óleo e gás já desenvolvem suas aplicações na nuvem há mais de três anos, por outro lado, 90% das empresas de baixo crescimento ainda não desenvolveram aplicações dessa forma. O relógio já está contando
Ao adotar amplamente os recursos da nuvem, as empresas do setor de óleo e gás se tornam mais inteligentes e eficientes. Numa análise inédita da Accenture, com Cloud o aumento em Retorno sobre o Capital Empregado (ROCE) é da ordem de 300%. Mas como para ter sucesso não basta migrar, a urgência recai em como extrair todo o potencial que a nuvem oferece. É fundamental definir uma estratégia clara que rompa as barreiras da adoção e permita novas maneiras de se organizar e trabalhar. Até que ponto essas empresas de energia empregam soluções de automação industrial e lançam mão da internet das coisas, por exemplo, uma vez iniciada a migração?
Volatilidade e desafios de oferta e demanda têm sido desafios constantes para esse setor, com consequente redução na participação das empresas no S&P 500 de 15% a 3%. A queda adicional decorrente da pandemia de Covid-19 tornou a situação ainda mais desafiadora. E a nuvem – e seus recursos bem trabalhados – pode ajudar a reverter essa situação. Ferramentas para apoiar a oscilação de oferta/demanda e tornar as empresas mais eficientes reduzem os impactos da queda de preço nos seus balanços financeiros.
Não significa dizer que as empresas de óleo e gás estejam sem conhecimento da nuvem: 80% delas têm feito experiências com esse tipo de migração. Dentre as empresas desse setor com maior crescimento nos últimos três anos, avaliada na pesquisa “Future Systems” da Accenture, 100% já adotaram o uso de Cloud, ao passo que das empresas com baixo crescimento, somente 37% tiveram o mesmo êxito. O que ocorre é que poucas a adotaram de forma escalável. Preocupações sobre computação de alta performance (HPC), legislação e soluções de automação industrial são barreiras típicas para adoção nesse segmento. A pergunta é: como a nuvem pode fazer a diferença no setor?
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Podemos começar dizendo que a nuvem torna as empresas mais inteligentes. É possível integrar os dados de toda a cadeia de valor e trazer soluções mais avançadas de analytics. A própria adoção da nuvem também permite mais adaptabilidade (em velocidade e custos) para enfrentar a volatilidade e ciclicidade naturais do setor, uma vez que provê competências sob demanda, como a redução do breakeven no upstream até US$ 10 por barril of oil equivalent (BOE).
Reforçamos que as análises do mercado também indicam que a nuvem permite aumentar a eficiência das empresas ao trazer ferramentas mais avançadas com redução com despesas de TI na ordem de 30%. Nossa pesquisa mostra que 80% das empresas desse setor que atingiram um crescimento acelerado de receita consideram a nuvem como tendo um alto impacto nos seus processos de planejamento estratégico e cadeia de suprimentos. As inovações são aceleradas ao encurtar o ciclo de desenvolvimento (por exemplo, DevOps) e ao melhorar a colaboração interna.
Muitas empresas duplicam suas dificuldades ao iniciar a jornada sem uma estratégia que inclua as típicas barreiras do setor. É preciso pensar que as aplicações são fragmentadas e dados estão em silos. É necessário considerar as soluções específicas da indústria (automação industrial e IoT) e as ameaças e legislação para cibersegurança. Antes de pensar no orçamento para isso, as empresas também devem analisar os seus próprios investimentos anteriores na infraestrutura de TI.
Mas há muito risco em considerar a jornada à nuvem como um projeto somente de TI, sem direcionar novas possibilidades de negócio. Vemos um mercado que muitas vezes se esquece de adotar um modelo operacional novo para permitir o trabalho com a nuvem em toda a empresa. Além disso, a própria indústria relata ineficácia na hora de gerir a execução da jornada à nuvem, sem contar a gestão do retorno financeiro que ela pode trazer. Isto é, trata-se de uma questão aplicada a empresa como um todo, não somente tecnologia.
Para adotar a nuvem plenamente, destacamos quatro estratégias que podem mover o processamento de tecnologia para a nuvem: 1) substituir a infraestrutura atual por uma na nuvem (lift & shift); 2) adotar soluções para sistemas corporativos como ERP ou CRM “as a service”/ SaaS; 3) adotar soluções para processos core (como gestão de ativos “as a service”); e 4) criar novas soluções nativas (como novos algoritmos de machine learning para upstream). Torna-se fundamental não apenas adotar uma arquitetura de nuvem, mas também operar um modelo orientado para as equipes extraírem o máximo de benefício.
Portanto, ir além da migração exige um plano com objetivos claros de negócio, uma estratégia específica para nuvem (dos imperativos de negócio à migração das aplicações) e um novo modelo operacional que permita a adoção total da nuvem.
O momento de acelerar a adoção da nuvem é propício: metade das empresas de alta performance no setor de energia (óleo e gás) já desenvolvem suas aplicações na nuvem há mais de três anos. Por outro lado, 90% das empresas de baixo crescimento ainda não desenvolveram aplicações dessa forma. O relógio já está contando – e as empresas mais inovadoras estão liderando a corrida.
Por Ricardo Polisel Alves e Edson Bouer via Accenture