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Urânio? Que nada! China está de olho em jazida monumental de terras raras em mina do Amazonas!

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 03/12/2024 às 13:17
China compra mina no Amazonas por R$ 2 bi e levanta debate sobre soberania e terras raras, essenciais para a indústria tecnológica.
China compra mina no Amazonas por R$ 2 bi e levanta debate sobre soberania e terras raras, essenciais para a indústria tecnológica.

Venda de jazida para a China reacendeu discussões sobre a soberania mineral do Brasil. A reserva abriga riquezas estratégicas como terras raras, fundamentais para a tecnologia limpa. Especialistas criticam o baixo valor da transação e a falta de políticas para aproveitar os recursos. Qual será o impacto desse acordo no futuro do Brasil?

A venda de uma das maiores minas do Brasil por pouco mais de R$ 2 bilhões acendeu um sinal de alerta para além das fronteiras do país.

Localizada em Presidente Figueiredo, a cerca de 107 quilômetros de Manaus, a mina de Pitinga não é apenas uma área de exploração mineral, mas um verdadeiro tesouro escondido no coração da Amazônia.

No entanto, o que levou o governo chinês a desembolsar milhões por essa mina não é tão óbvio quanto parece, e os interesses estratégicos por trás dessa transação levantam dúvidas sobre o futuro dos recursos naturais brasileiros.

O que está por trás da venda da mina de Pitinga

A mina de Pitinga, explorada há mais de 40 anos, era administrada pela Mineração Taboca, uma empresa com controle peruano, até sua recente aquisição pela China.

O negócio, que envolveu a compra de 100% da mina por US$ 340 milhões, foi alvo de críticas e teorias sobre os verdadeiros interesses por trás da transação.

Segundo Samuel Hanan, ex-diretor da Paranapanema e ex-vice-governador do Amazonas, o interesse dos chineses vai além do estanho, um dos minerais presentes na mina.

“O verdadeiro tesouro da Pitinga são as terras raras, como ítrio e xenótimo, que possuem aplicações cruciais na indústria tecnológica, especialmente na produção de baterias para carros elétricos e híbridos”, afirmou em entrevista ao programa Manhã de Notícias da TV Tiradentes na segunda-feira (02).

A importância estratégica da mina transcende o urânio, que não pode ser explorado diretamente, pois é um bem da União.

Isso porque, além de ser uma das maiores reservas brasileiras desse minério radioativo, Pitinga abriga cassiterita (estanho), nióbio, tântalo e uma quantidade significativa de terras raras, essenciais para a indústria de alta tecnologia.

O papel das terras raras na indústria global

Terras raras, como ítrio e xenótimo, são minerais cruciais para a fabricação de dispositivos tecnológicos, incluindo baterias recarregáveis, smartphones, turbinas eólicas e painéis solares.

A demanda por esses materiais cresce em ritmo acelerado, acompanhando a transição para uma economia de baixo carbono.

A China, que já domina cerca de 70% da produção global de terras raras, demonstra forte interesse em consolidar sua posição de liderança nesse mercado.

Ao adquirir a mina de Pitinga, o país assegura o acesso a um dos maiores depósitos mundiais desses minerais estratégicos.

Hanan destacou que “o Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, mas a falta de tecnologia e investimentos internos resultou na entrega desse recurso valioso a empresas estrangeiras.”

Por que o Brasil está perdendo com a venda?

O valor da transação, de aproximadamente R$ 2 bilhões, foi considerado baixo por especialistas.

Hanan observou que, se fosse ajustado pelo potencial estratégico e econômico da mina, o preço seria pelo menos três vezes maior.

Ele também criticou a baixa tributação sobre a mineração no Brasil, que permite a exploração intensiva de recursos naturais sem retorno proporcional para o país.

Para o ex-vice-governador, o governo federal e estadual têm a responsabilidade de assegurar que a exploração desses recursos traga benefícios para a população.

Ele ressaltou: “Mineração não é renovável. Estamos falando de bens finitos e estratégicos. Não basta vender barato, é preciso garantir transparência e arrecadação justa.”

A posição do governo do Amazonas

O governo do Amazonas declarou apoio a investimentos estrangeiros que respeitem leis ambientais e promovam desenvolvimento econômico.

No entanto, especialistas alertam para a necessidade de maior debate sobre os impactos socioeconômicos e ambientais da venda.

Hanan enfatizou que, apesar de a China ser bem-vinda como investidora, é fundamental questionar o verdadeiro objetivo da transação.

“Eles não estão comprando apenas urânio, ou estanho, mas garantindo acesso às terras raras, que são o futuro da indústria tecnológica”, disse.

A crescente disputa por recursos naturais entre potências mundiais coloca o Brasil em uma posição estratégica no cenário global.

Enquanto a China avança para garantir o controle de minerais cruciais para o futuro, o Brasil corre o risco de perder protagonismo devido à falta de políticas públicas que valorizem seus recursos.

E agora?

A venda da mina de Pitinga expõe uma lacuna nas políticas de proteção e aproveitamento dos recursos estratégicos do Brasil.

O país enfrenta o desafio de equilibrar a atração de investimentos estrangeiros com a preservação de seus interesses nacionais.

Com as riquezas minerais indo embora a um preço aparentemente baixo, resta a dúvida: como o Brasil pode garantir que transações como essa tragam benefícios reais para sua economia e população?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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