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Universidade de Cambridge cria dispositivo movido a energia solar suga CO2 do ar e o transforma em combustível

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 01/05/2025 às 07:29
CO2, COMBUSTÍVEL, ENERGIA SOLAR
Dispositivo solar criado por cientistas de Cambridge converte CO₂ do ar em combustível e pode revolucionar a luta contra as mudanças climáticas com uma solução limpa e reutilizável.
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Pesquisadores da Universidade de Cambridge desenvolvem reator solar que transforma CO2 do ar em combustível, oferecendo uma alternativa sustentável aos métodos tradicionais de captura de carbono.

Um novo dispositivo desenvolvido por cientistas da Universidade de Cambridge pode mudar a forma como o mundo lida com o dióxido de carbono. Ao invés de somente capturar eo gás responsável pelo aquecimento global e armazená-lo no subsolo, o reator criado pela equipe britânica transforma o CO2 diretamente do ar em combustível.

O aparelho é movido a energia solar e não depende de combustíveis fósseis para funcionar.

A inovação foi publicada na revista Nature Energy e oferece uma alternativa ao método tradicional de captura e armazenamento de carbono (CCS).

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Em vez de apenas enterrar o CO₂, o novo sistema o reutiliza, transformando-o em um recurso útil: o gás de síntese.

Transformando o vilão climático em combustível

O dispositivo funciona como uma espécie de esponja. Durante a noite, ele utiliza filtros especializados para absorver o CO2 presente no ar.

Com a chegada da luz solar, o equipamento inicia uma reação química que transforma o gás capturado em gás de síntese — uma mistura de hidrogênio e monóxido de carbono.

Esse gás é usado na produção de combustíveis, produtos químicos e até remédios. E o processo todo acontece sem o uso de fontes poluentes de energia.

Um espelho concentra a luz solar, enquanto um pó semicondutor absorve a radiação ultravioleta e alimenta a reação.

Sistema eficiente e com potencial de escala

Além de funcionar exclusivamente com luz solar, o reator também pode ser produzido em escala maior.

Segundo os cientistas, essa escalabilidade permite que ele seja uma ferramenta prática na redução de emissões globais e na produção limpa de combustível.

Se fabricássemos esses dispositivos em larga escala, eles poderiam resolver dois problemas de uma só vez: remover CO2 da atmosfera e criar uma alternativa limpa aos combustíveis fósseis”, afirmou Kar.

A proposta também é voltada para uso em áreas remotas.

A ideia é permitir que comunidades sem acesso à eletricidade tradicional possam gerar seu próprio combustível, de forma sustentável e com impacto ambiental reduzido.

Próximos passos: combustível líquido e aplicações industriais

A equipe de Cambridge agora busca adaptar o dispositivo para produzir combustíveis líquidos.

Esses produtos poderiam ser utilizados em automóveis, aviões e outros meios de transporte, sem gerar emissões adicionais de CO2.

A justificativa para essa abordagem é que o carbono presente nesse novo tipo de combustível já estaria circulando na atmosfera.

Ou seja, sua queima não adicionaria mais gases do efeito estufa ao meio ambiente, criando uma espécie de equilíbrio climático.

Além do setor de transportes, os cientistas também visam aplicar a tecnologia nas indústrias química e farmacêutica.

O gás de síntese gerado pelo dispositivo pode ser transformado em produtos do dia a dia, como solventes e plásticos, com uma pegada de carbono muito menor.

Economia circular: o CO2 como recurso

Para o professor Erwin Reisner, que lidera a pesquisa, o dispositivo representa um passo em direção a uma economia circular.

Nesse modelo, o desperdício é minimizado e os recursos naturais são reaproveitados de forma contínua.

Ao contrário da CCS tradicional, que simplesmente armazena o CO2 no subsolo, o novo reator o mantém no ciclo produtivo. O carbono, antes tratado como inimigo, torna-se um elemento valioso para a economia e para o meio ambiente.

Em vez de continuar extraindo e queimando combustíveis fósseis para produzir os produtos dos quais dependemos, podemos extrair todo o CO2 de que precisamos diretamente do ar e reutilizá-lo”, explicou Reisner.

Críticas à CCS e aposta em soluções solares

O estudo surge em um momento de forte investimento global na tecnologia de captura e armazenamento de carbono. Só o Reino Unido, por exemplo, destinou 22 bilhões de libras a projetos do tipo.

No entanto, os próprios pesquisadores alertam que a CCS tem limitações. Entre elas estão o alto custo, o consumo elevado de energia e a possibilidade de prolongar o uso de combustíveis fósseis sob a falsa promessa de neutralidade climática.

Além do custo e da intensidade energética, a CCS fornece uma desculpa para continuar queimando combustíveis fósseis, que foi o que causou a crise climática em primeiro lugar”, argumentou Reisner.

Nos próximos meses, a equipe pretende testar uma versão ampliada do reator. O objetivo é avaliar o desempenho da tecnologia em escala maior e verificar sua viabilidade prática em cenários do mundo real.

O experimento será acompanhado com atenção.

Se bem-sucedido, o projeto poderá representar um divisor de águas na luta contra as mudanças climáticas — mostrando que até o ar que respiramos pode ser parte da solução para o futuro energético do planeta.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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