Da travessia dos mares por aborígines à produção em série no Império Romano, a evolução da construção naval reflete o engenho humano ao longo dos milênios
Durante milênios, a construção naval evoluiu a partir de técnicas rudimentares até estruturas organizadas em estaleiros. Muito antes da indústria moderna e dos sistemas de andaimes atuais, civilizações antigas já dominavam o ofício de construir embarcações. Esta trajetória começou há dezenas de milhares de anos, revelando um engenho humano que cruzou continentes e mares.
50 mil anos atrás: as primeiras embarcações
Mesmo sem registros escritos, há indícios de que os seres humanos já atravessavam grandes trechos de mar aberto há 50.000 anos.
Um exemplo é a chegada dos ancestrais dos aborígines à Austrália, sugerindo a existência de embarcações bem construídas.
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A mais antiga evidência arqueológica vem do norte da Europa, com data estimada de 6.500 a.C. Nessa época, surgiram as primeiras canoas escavadas: troncos moldados com ferramentas de pedra e queimados por dentro para formar um casco navegável.
O barco mais antigo já descoberto também é uma canoa desse tipo, com 8.000 anos de idade, três metros de comprimento e 45 cm de largura.
Com o tempo, essas embarcações se tornaram mais sofisticadas, ganhando fundo chato para estabilidade, laterais mais finas e travessas de reforço. Era o começo de uma constante melhoria na construção de barcos.
Civilizações avançadas e o avanço da construção naval
Embora não se saiba ao certo quando os barcos passaram a ser usados para pesca ou exploração, civilizações antigas já utilizavam navios para transporte.
Um exemplo claro é o Egito Antigo, que por volta de 3.500 a.C. começou a usar embarcações com frequência. A enchente anual do rio Nilo tornava os barcos indispensáveis para a vida cotidiana.
Esses primeiros barcos egípcios eram feitos de juncos de papiro e, mais tarde, de madeira. Com forma de lua crescente, eram movidos a remos e usados não só para o transporte, mas também em guerras e comércio.
Os egípcios também teriam criado os primeiros barcos a vela, ainda que sem quilha, o que exigia o uso de remos na popa para controle da direção.
Fenícios e gregos: o domínio do Mediterrâneo
No primeiro milênio a.C., o domínio do mar passou às mãos dos fenícios, que navegaram pelo Mediterrâneo e até o Atlântico.
Seus navios incluíam desde pequenos barcos a grandes navios mercantes e de guerra com velas. Eles são considerados os primeiros construtores de embarcações com características mais próximas das atuais.
Inspirados nos fenícios, os gregos desenvolveram as galés, navios movidos a remo e vela. No século V a.C., com o crescimento de Atenas, a construção naval grega ganhou força.
Os gregos adotaram o método de encaixe de pranchas, criando cascos mais flexíveis e resistentes. Diferente da técnica de sobreposição usada em outras culturas, esse modelo reduzia a necessidade de amarrações e vedação, e aumentava a durabilidade.
Um aspecto curioso é que os gregos construíam primeiro o casco e depois a estrutura interna do navio. Essa técnica ainda era usada até o século VII d.C.
Império Romano: produção em série e expansão
A construção naval só ganhou relevância para os romanos a partir do século III a.C., quando o império passou a enfrentar batalhas no Mediterrâneo. Para competir, Roma copiou modelos gregos e desenvolveu sua própria frota.
Os romanos não somente adotaram os navios da época, mas também deram início à produção em série. Estaleiros gigantescos foram construídos para atender à demanda crescente. Com o avanço territorial do Império, as técnicas romanas se espalharam por toda a Europa Central.
Essa expansão influenciou os construtores locais, que passaram a adotar os métodos mais avançados da construção naval romana, fortalecendo o legado que moldaria o futuro da navegação.
Do transporte em troncos escavados à produção em série de navios nos estaleiros romanos, a história da construção naval é marcada por avanços constantes.
Essa trajetória revela o esforço humano em dominar as águas e impulsionar civilizações inteiras. Hoje, sistemas modernos de andaimes fazem parte dessa tradição, sustentando o progresso da construção e manutenção marítima em todo o mundo.
Com informações de Scafom.