Casa Branca mobiliza agências incomuns para revisar projetos de energia limpa e coloca em xeque investimentos bilionários no setor
Casa Branca mobiliza ofensiva contra a energia eólica
O presidente Donald Trump determinou que diferentes agências do governo dos EUA elaborem planos para barrar projetos de fontes eólicas offshore. A ordem, confirmada por auxiliares da Casa Branca, representa um ataque direto a um dos setores mais promissores das energias renováveis.
A decisão ocorreu após críticas do próprio Trump, que descreveu os parques eólicos como “feios, caros e ineficientes”. O movimento desperta preocupações no setor e gera repercussões não apenas dentro dos Estados Unidos, mas também na economia mundial, que acompanha os impactos sobre investimentos em transição energética.
Assim, o objetivo é revisar potenciais riscos à segurança nacional e à saúde pública. A medida vem após a paralisação repentina do Revolution Wind, parque eólico de US$ 4 bilhões, na costa de Rhode Island, que já estava 80% concluído.
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Quem lidera a iniciativa
Segundo fontes ligadas ao governo, a ação é coordenada por Susie Wiles, chefe de gabinete da Casa Branca, e por Stephen Miller, assessor sênior. Portanto, a mobilização envolveu até mesmo órgãos que raramente participam de debates sobre energia.
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos, por exemplo, estuda potenciais efeitos de campos eletromagnéticos emitidos pelas turbinas. Já o Departamento de Defesa avalia se os parques eólicos poderiam representar riscos à segurança nacional, um argumento usado para justificar a paralisação de projetos em andamento.
Coalizão de secretários contra os parques eólicos
O secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., afirmou que trabalha em conjunto com Doug Burgum (Interior), Howard Lutnick (Comércio), Chris Wright (Energia) e Pete Hegseth (Defesa). Eles formaram uma “coalizão departamental” para analisar riscos das instalações offshore.
Além disso, Sean Duffy, secretário de Transportes, anunciou o cancelamento de US$ 679 milhões em financiamentos federais voltados a terminais e melhorias portuárias que serviriam de apoio à indústria eólica. Essa medida compromete a expansão das energias renováveis no setor marítimo dos EUA.
Suspensão do Revolution Wind
Em janeiro, Trump havia assinado uma ordem executiva exigindo revisão de todos os projetos de fontes eólicas em terras e águas federais. Pouco depois, a Casa Branca suspendeu a construção do Revolution Wind, parque eólico avaliado em US$ 4 bilhões na costa de Rhode Island, que já estava 80% concluído.
Na ocasião, o governo mencionou supostas ameaças à segurança nacional, sem fornecer detalhes técnicos. Em entrevista à CNN, Doug Burgum destacou preocupações ligadas ao uso de radares e possíveis riscos com drones subaquáticos.
Entretanto, especialistas lembram que, por lei, qualquer projeto offshore precisa passar por rigorosa análise do Departamento de Defesa, o que gera críticas à justificativa do governo.
Reações políticas e econômicas
A decisão provocou forte reação. Governadores democratas de Connecticut, Massachusetts, New Jersey, Nova York e Rhode Island enviaram uma carta à Casa Branca alertando que a revogação de permissões pode desestabilizar o setor de energia limpa.
Para eles, bloquear os parques eólicos compromete a geração de empregos e os investimentos que movimentam a economia mundial, além de atrasar o avanço das energias renováveis em escala global.
Impacto das decisões no futuro das energias renováveis
Especialistas apontam que a ofensiva de Trump contra as fontes eólicas nos EUA pode frear o crescimento de um setor que vinha se consolidando como estratégico. Projetos como o Revolution Wind eram vistos como pilares da transição energética e peças-chave na busca por redução de emissões.
No cenário internacional, o movimento reforça tensões sobre o papel dos EUA no combate às mudanças climáticas. Se a maior economia do mundo reduzir investimentos em energia limpa, há risco de retrocessos globais.
Por outro lado, países europeus e asiáticos devem ampliar a liderança na geração eólica offshore, abrindo espaço para mudanças no equilíbrio econômico.