No estilo home office, estrangeiros tem buscado emissão de visto para continuarem atuando nas empresas que pagam para que o profissional trabalhe de casa ou de qualquer lugar, com um computador e uma boa conexão à Internet
O Brasil está em busca de trabalhadores qualificados de alta renda que possam trabalhar em casa (home office) ou de qualquer lugar, os chamados nômades digitais, que tem a função de trabalhar usando apenas um computador. Esse novo estilo de vida ganhou força assim que a pandemia de COVID-19 se instalou no mundo, forçando tudo e todos a entrarem no mundo digital.
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Nômades digitais em busca de visto para permanecerem em empresas estrangeiras, mesmo residindo aqui no Brasil
O Conselho Nacional de Imigração, do Ministério da Justiça, regulamentou na semana passada a criação de um tipo de visto para profissionais nômades digitais, bem como para executivos, especialistas, gestores de investimentos, criadores de conteúdo e qualquer outro profissional que viva a trabalhar usando um computador.
O foco principal é permitir que profissionais estrangeiros possam ficar por um ano ou mais trabalhando no Brasil, mesmo que estejam vinculados a empresas dos países de origem ou demais empresas do exterior. Essa mudança abre muitas oportunidades aos setores de hospedagem e rede de escritórios compartilhados, já que o foco é trabalhar em casa ou em qualquer lugar que possua uma boa conexão à Internet.
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De acordo com o Relatório Global de Tendências Migratórias 2022 da empresa especializada em serviços de imigração mundial Fragomen, a estimativa é de que 35 milhões de profissionais possuam esse perfil no mundo, com a previsão de que esse número possa chegar a 1 bilhão em 2035. Cerca de 40% deles tem renda superior a R$ 34 mil por mês e chegam a gastar em torno de R$ 4,2 milhões ao ano.
Alguns países já conquistaram o visto para nômade digital
Com o intuito de cessar a crise do turismo que também se instalou com a pandemia, 24 países já conseguiram criar os vistos sob medida para os nômades digitais. A Estônia, por exemplo, foi a primeira a conquistar o visto, e em seguida vieram Grécia, Costa Rica, Croácia e Islândia. Mesmo que isso pareça novidade, o conceito de nômade digital já existe há algum tempo, porém de outra forma.
Profissionais já vinham se aventurando muito antes da pandemia, buscando um novo jeito de trabalhar. Um exemplo disso é o contador Vincenzo Villamena, de 39 anos, de Nova York, que decidiu tentar a vida profissional fora do estresse diário da Big Apple. Villamena conta que passou uma temporada em Buenos Aires, em 2010, onde aprendeu espanhol e conheceu a possibilidade de trabalhar de forma remota – ou home office, como conhecemos – sem abandonar a vida nos Estados Unidos.
O novaiorquino já trabalhou na Colômbia e atualmente vive no Rio de Janeiro, na Hub Coworking, Leblon, Zona Sul do RJ. Com seu computador, ele comanda a Online Taxman, sediada nos EUA, e conta com a ajuda de outros 40 funcionários que também trabalham de casa. Villamena agora aguarda pela liberação e emissão de seu visto de turismo.
Estrangeiros no Brasil abrem as portas do turismo, além de empregos e movimentação da economia
A Hub Coworking tem atribuído boa parte do aumento de 15% no faturamento em 2021 aos estrangeiros que estão voltando aos poucos para o Brasil. O perfil padrão, que mais tem buscado salas privativas, ou seja, as que são as mais caras, é o de regiões da Europa, que pretendem ficar em média de um a três meses no Brasil, isso de acordo com o sócio e empresário Bruno Beloch.
Um outro setor importante que vem investindo nesse nicho é o de hospedagem, que segue faturando alto nos últimos tempos. O CEO global do Airbnb, Brian Chesky, anunciou que irá trabalhar nos próximos meses visitando diferentes imóveis da plataforma de aluguéis temporários.
O setor de hospedagem se destaca por acolher os nômades digitais, já que trabalhar em casa e usando um computador é sinônimo de faturamento, não só para os estrangeiros, mas também para os hospedeiros.