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Tomada de três pinos: como o Brasil liderou a adoção do padrão Tipo N e o que mudou nas casas brasileiras

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 02/07/2025 às 23:25
Atualizado em 03/07/2025 às 14:00
Descubra como o Brasil liderou a adoção da tomada de três pinos, os impactos do padrão Tipo N e as curiosidades sobre plugues no mundo.
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Modelo de tomada baseado em padrão internacional trouxe avanços de segurança elétrica ao Brasil, mas sua adoção é marcada por fases, diferenças técnicas e curiosidades sobre a diversidade de plugues no mundo.

O plugue de três pinos, conhecido nacionalmente como padrão Tipo N, transformou a infraestrutura elétrica das residências brasileiras nas últimas décadas.

Desde a publicação da ABNT NBR 14136 em 1998 e sua implantação gradual ao longo dos anos 2000, o Brasil tornou-se pioneiro na adoção ampla desse padrão, que trouxe mudanças profundas em termos de segurança elétrica e padronização para consumidores, indústria e construção civil.

Ao contrário do que muitos imaginam, o padrão brasileiro não é totalmente exclusivo, mas parte de um grupo restrito de países que basearam suas normas no IEC 60906-1, incluindo Paraguai e, em transição, a África do Sul.

Linha do tempo da obrigatoriedade da NBR 14136 no Brasil

A padronização das tomadas no Brasil não ocorreu de forma abrupta nem se limitou a um único ano.

A NBR 14136 foi publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em 1998, inspirada pelo padrão internacional IEC 60906-1, e introduzida nacionalmente pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) em 2002.

A obrigatoriedade veio de forma faseada:

  • Em 2001, o Inmetro determinou que fabricantes e importadores só poderiam comercializar plugues e tomadas dentro da norma a partir de janeiro de 2005.
  • Lojistas e varejistas receberam prazo até janeiro de 2006 para adaptação dos estoques.
  • Plugues e tomadas acopladas a aparelhos elétricos tiveram prazo estendido até janeiro de 2010.
  • Em dezembro de 2006, a Resolução Conmetro nº 11 tornou a observância da NBR 14136 compulsória em todo o país.
  • O ano de 2011 marcou a consolidação do padrão no mercado nacional, mas não o início da obrigatoriedade.

Esse processo gradual permitiu adaptação da indústria, substituição de estoques antigos e preparou o consumidor para a mudança.

Por que o padrão Tipo N foi escolhido no Brasil?

A principal razão técnica para a escolha do Tipo N foi aumentar o nível de segurança elétrica nas residências.

O terceiro pino, dedicado ao aterramento, contribui para reduzir riscos de choques e incêndios, desviando eventuais correntes para a terra e protegendo o usuário em caso de falhas.

Além disso, a padronização buscava combater a proliferação de adaptadores e “benjamins”, que eram comuns em lares brasileiros devido à antiga diversidade de modelos de tomadas.

Segundo o Inmetro, a implantação da NBR 14136 ajudou a diminuir acidentes domésticos e tornou o controle de qualidade dos aparelhos elétricos mais rigoroso.

Adoção do padrão Tipo N em outros países: Paraguai e África do Sul

Embora o Brasil seja reconhecido internacionalmente por liderar a adoção do padrão Tipo N, outros países também seguem essa tendência.

O Paraguai aprovou em 2022 uma norma baseada no IEC 60906-1 (PNA-IEC 60906-1), atualmente de aplicação voluntária, mas com previsão de futura obrigatoriedade.

A África do Sul incorporou o padrão SANS 164-2 (compatível com IEC 60906-1, chamado localmente de Tipo N) em 2013, tornando obrigatória a presença de pelo menos uma tomada Tipo N em novas instalações a partir de 2018. No entanto, outros padrões, como o Tipo M e o Tipo C, permanecem legais e largamente utilizados no país.

Portanto, o padrão brasileiro não é exclusivo, mas faz parte de um pequeno grupo pioneiro na adoção do IEC 60906-1.

Descubra como o Brasil liderou a adoção da tomada de três pinos, os impactos do padrão Tipo N e as curiosidades sobre plugues no mundo.
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Diferenças técnicas entre o padrão brasileiro, internacional e o suíço

Embora todos os padrões do “Tipo N” derivem do IEC 60906-1, há diferenças técnicas importantes.

No Brasil, a NBR 14136 prevê duas versões: uma para corrente de 10 amperes (pinos de 4 mm) e outra para 20 amperes (pinos de 4,8 mm). O padrão internacional especifica 16 amperes e pinos de 4,5 mm.

Outro ponto fundamental é a luva isolante nos pinos de fase e neutro: ela é obrigatória no IEC 60906-1 e no padrão sul-africano, mas não é exigida no padrão brasileiro, o que implica uma diferença de segurança.

Já o padrão suíço Tipo J, apesar de visualmente semelhante ao brasileiro, possui distância e disposição dos pinos diferentes, o que impede a compatibilidade física direta entre eles.

Essas diferenças mostram que o “Tipo N” brasileiro não é totalmente compatível com outros países, mesmo entre aqueles que adotaram normas baseadas no IEC 60906-1.

O panorama global dos padrões de tomadas

No mundo, há grande variedade de padrões de tomadas e plugues, com tipos como C (Europlug), E, F (Schuko), G (britânico), A e B (americanos), D, I, J, K, L, M, O, entre outros.

O Tipo C é comum em aparelhos de baixa potência na Europa, mas padrões com aterramento, como E, F e G, predominam em várias regiões.

A enorme diversidade dificulta a adoção universal de um único sistema e torna a padronização um desafio mundial.

Impactos da adoção do padrão Tipo N no Brasil

A obrigatoriedade da tomada de três pinos trouxe impactos claros:

  • Redução de acidentes elétricos domésticos, especialmente choques e incêndios.
  • Maior durabilidade dos aparelhos elétricos.
  • Controle mais rigoroso da entrada de produtos importados.
  • Melhoria da rastreabilidade de equipamentos no mercado.
  • Necessidade de adaptação de imóveis antigos, com custos e resistência inicial dos consumidores.

O padrão Tipo N ajudou a elevar o patamar de segurança elétrica no Brasil, mesmo enfrentando críticas e resistência no início da implementação.

Hoje, a tomada de três pinos é vista como símbolo dessa nova fase da eletrificação brasileira, mas ainda gera debates e curiosidades — especialmente quando comparada aos sistemas do resto do mundo.

Será que no futuro mais países adotarão o padrão Tipo N, ou o Brasil seguirá como pioneiro em um seleto grupo de nações que buscaram avançar na segurança elétrica por meio da padronização?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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