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Ouro, diamantes e esmeraldas: arqueólogos encontram navio afundado há 300 anos com vestígios de tesouro pirata avaliado em US$ 138 milhões

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 10/07/2025 às 00:36
tesouro
As investigações arqueológicas revelaram entre as pedras de lastro armações de madeira do casco do Nossa Senhora do Cabo.(Crédito da imagem: Centro de Preservação de Naufrágios Históricos)
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Nas águas de Madagascar, arqueólogos afirmam ter encontrado os restos de um dos navios mais saqueados da história da pirataria. O naufrágio pode revelar detalhes de um ataque que envolveu milhões em tesouros, figuras do império português e o temido pirata Levasseur.

Nas águas do nordeste de Madagascar, pesquisadores acreditam ter encontrado os restos de um dos navios mais cobiçados da história da pirataria. Submerso próximo à ilha de Nosy Boraha, o naufrágio seria o do Nossa Senhora do Cabo, um navio português capturado em 1721 por Olivier “O Abutre” Levasseur, um dos piratas mais temidos de todos os tempos.

A descoberta é resultado de 16 anos de trabalho dos arqueólogos americanos Brandon Clifford e Mark Agostini, do Centro de Preservação de Naufrágios Históricos.

Seus achados foram publicados na revista Wreckwatch, e mesmo sem revisão por pares, chamam atenção pela riqueza de dados obtidos por sonares, documentos históricos e mais de 3.300 artefatos recuperados.

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Um navio pesado em todos os sentidos

O Nossa Senhora do Cabo zarpou de Goa, na Índia, no início de 1721. Em sua lista de passageiros estavam dois nomes de peso do império português: o vice-rei cessante e o arcebispo de Goa.

Mas não eram só eles. No porão, estavam mais de 200 pessoas escravizadas, trazidas de Moçambique.

O destino final do navio era Lisboa, mas ele nunca chegou. No dia 8 de abril de 1721, ao se aproximar da Ilha da Reunião, foi surpreendido por uma frota de navios piratas comandada por Levasseur, apelidado de “O Urubu”.

O navio português vinha de uma tempestade severa. Parte de sua artilharia havia sido jogada ao mar para evitar o naufrágio.

Quando os piratas atacaram, a resistência foi mínima.

Os piratas dominaram rapidamente o navio e o saque foi gigantesco. Segundo os arqueólogos, o conteúdo roubado ultrapassaria hoje US$ 138 milhões.

Entre os itens registrados: barras de ouro, prata, moedas raras, sedas, 400 pedras preciosas, incluindo 110 diamantes e 250 esmeraldas. Era uma fortuna em alto-mar.

Os vestígios submersos

Os destroços do Nossa Senhora do Cabo foram localizados em uma enseada calma de Nosy Boraha, cerca de 650 quilômetros a oeste do ponto onde o navio foi capturado.

Usando equipamentos de sonar e sensoriamento remoto, Clifford e Agostini encontraram uma pilha de pedras de lastro, característica de embarcações da época.

Ao redor, estavam centenas de artefatos. Entre os mais impressionantes: estatuetas religiosas feitas de madeira e marfim, uma delas representando a Virgem Maria.

Uma pequena placa exibia a inscrição “INRI”, indicando sua origem devocional. Acredita-se que essas peças tenham sido feitas em Goa, com destino às catedrais de Lisboa.

Também foram encontrados moedas com inscrições em árabe, fragmentos de cerâmica de luxo, porcelanas e outros objetos preciosos. Muitos ainda estão enterrados sob areia e lodo, aguardando futuras escavações.

Trabalhos de campo futuros devem permitir análises mais profundas dos destroços“, disse Agostini em entrevista à Live Science.

Um porto cheio de histórias

Durante o século XVIII, a Île Sainte-Marie — hoje Nosy Boraha — foi um verdadeiro refúgio de piratas. Suas águas calmas e sua distância das autoridades coloniais a tornaram um ponto estratégico para saqueadores.

Clifford afirma que os registros históricos indicam que entre sete e dez navios piratas ou capturados naufragaram naquela região. Pelo menos quatro deles estariam nesse mesmo porto. A ilha, por muito tempo, teve sua importância negligenciada por pesquisadores.

O sítio foi amplamente ignorado historicamente“, observou Agostini. “Mas há muito ainda a ser descoberto.”

Destinos esquecidos

Em meio ao brilho do ouro e à grandiosidade do achado, restam perguntas importantes. O vice-rei português foi resgatado e voltou a Lisboa, mas o mesmo não se sabe sobre o arcebispo.

Também não há registros do destino das mais de 200 pessoas escravizadas a bordo. Suas histórias ficaram perdidas, apagadas pela narrativa dos poderosos.

A recuperação do navio Nossa Senhora do Cabo oferece mais do que uma janela para o passado pirata.

Ela expõe a linha tênue entre poder e rebelião, entre fé e violência, entre riqueza e dor. Os símbolos religiosos ao lado de moedas saqueadas retratam bem as contradições daquele tempo.

O passado ainda pulsa

A publicação dos resultados por Clifford e Agostini reacendeu o interesse de estudiosos da pirataria, da colonização e do tráfico de escravizados no Oceano Índico.

Mesmo com muitas perguntas em aberto, o naufrágio do Nossa Senhora do Cabo já representa uma das descobertas arqueológicas mais marcantes dos últimos anos.

E, segundo os próprios autores do estudo, ainda há muito a ser revelado sob as águas de Madagascar. Tesouros, memórias e histórias esquecidas que, aos poucos, voltam à tona. A história pode ter sido escrita pelos vencedores, mas as ondas ainda carregam os ecos dos que foram calados.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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