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Termelétricas flutuantes contratadas pelo Governo Federal atrasam e se transformam na mais nova ‘bomba financeira’ do setor elétrico

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 12/06/2022 às 08:59
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Navio-usina da empresa turca Karpowership; embarcação pode gerar 560 megawatts de potência, energia suficiente para abastecer cerca de 2 milhões de pessoas Foto: Karpowership/Divulgação / Estadão

O Governo Federal está com os contratos atrasados das suas termelétricas flutuantes. Os navios-usina que serviriam como apoio ao setor elétrico tem previsão de iniciar suas operações apenas em agosto.

A contratação de quatro navios-usina pelo Governo Federal, uma medida de emergência feita no fim do último ano para que o abastecimento de energia do Brasil fosse garantido, se transformou na mais nova bomba financeira do setor elétrico. Atrasada, a iniciativa das termelétricas flutuantes ainda não acendeu nem mesmo uma lâmpada no país, embora tenha um impacto bilionário na conta de luz.

Termelétricas flutuantes do Governo Federal custarão R$ 3 bilhões por ano

Por contrato, os navios-usina deveriam ter começado suas operações no dia 1º de maio. O prazo era uma condição essencial para justificar um acordo fechado em outubro do último ano, quando o Brasil estava com grande parte dos reservatórios das hidrelétricas vazios e sob a ameaça de um desabastecimento no setor elétrico neste ano.

Desse modo, o Governo Federal fez a contratação de um procedimento competitivo simplificado ao custo de R$ 3 bilhões por ano. O plano era publicar um edital de emergência, sem que houvesse estudos técnicos aprofundados e que dispensava processos básicos de licenciamento ambiental. Sendo assim, o resultado é que tudo atrasou e nenhuma das termelétricas flutuantes foi ligada até hoje e nem mesmo a estrutura foi ancorada nas regiões escolhidas.

O projeto dos navios-usina é inédito no país, e as embarcações da empresa turca Karpowership funcionam como grandes usinas termelétricas flutuantes. As mesmas seriam ancoradas na Baía de Sepetiba, a três quilômetros de distância da costa do Rio de Janeiro, devendo ser ligados a uma linha de transmissão de energia de 15 km, que sairia no mar e chegaria a uma subestação de energia na costa. De lá, a energia seria enviada para todo o país, por meio do Sistema Interligado Nacional.

Navios-usina do Governo Federal podem gerar 560 MW

O prazo atual mais otimista prevê que as termelétricas flutuantes comecem a gerar energia para o setor elétrico no dia 1º de agosto, ou seja, três meses após o prazo exigido originalmente, onde também era justificável a geração das térmicas, devido ao chamado período seco, que vai de abril a novembro.

Na prática, cerca de metade desse período já terá passado, sem contar que já choveu bastante neste ano na maior parte do Brasil, o que já fez com que o setor elétrico desligasse as usinas térmicas, que geram energia mais cara, encerrando também o uso das tarifas extras incluídas na conta de luz.

É importante ressaltar que as termelétricas flutuantes contratadas pelo Governo Federal já foram construídas e estão operando em outros países, podendo gerar até 560 MW de potência, o que poderia abastecer cerca de 2 milhões de pessoas.

Outros contratos atrasados

Além das termelétricas flutuantes, as térmicas da empresa Âmbar Energia, que pertence ao grupo J&F, também estão atrasadas e são alvos de pressão do Tribunal de Contas da União (TCU), após a Aneel decidir suspender a cobrança de multa pelo atraso na operação das usinas.

Para os consumidores, o que sobra é um custo extra, estimado em mais de sete vezes o valor médio contratado em outros leilões.

Para bancar toda a energia contratada no leilão de emergência do último ano, está previsto o pagamento de R$ 11,7 bilhões anuais para as empresas. Desse total, R$ 9 bilhões serão repassados por ano às contas de luz.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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