Enfrentando queda nas vendas e aumento de estoques, a Stellantis, montadora dona de marcas como Fiat e Jeep, enfrenta críticas do sindicato em meio a tensões crescentes com seus trabalhadores.
A montadora Stellantis, dona das marcas Citroën, Fiat e Jeep, confirmou nesta semana uma nova onda de demissões em massa em sua unidade de logística de materiais localizada na Freud Street, em Detroit, nos Estados Unidos. A medida ocorre em um momento delicado para a empresa, que enfrenta uma crise com queda nas vendas e aumento dos estoques em várias regiões.
Os cortes envolvem aproximadamente 400 funcionários e marcam mais um capítulo desafiador na trajetória recente do grupo automotivo. A decisão gerou críticas severas do sindicato que representa os trabalhadores, destacando tensões crescentes entre a administração da Stellantis e seus colaboradores.
Contexto da crise na Stellantis
O anúncio das demissões ocorre em meio a um cenário de redução das vendas e pressão sobre as operações globais do grupo. Durante o terceiro trimestre deste ano, a Stellantis vendeu 299 mil veículos na América do Norte, representando uma queda de 36% em relação ao mesmo período do ano passado.
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Modelos como o Jeep Grand Cherokee e o Dodge Durango tiveram a produção suspensa devido ao acúmulo de estoques, evidenciando os esforços da empresa para equilibrar sua oferta diante da redução na demanda.
Detalhes das demissões em massa na Stellantis e impacto na categoria
A Stellantis anunciou que os trabalhadores afetados pelas demissões terão acesso a uma série de compensações, incluindo:
- Benefícios suplementares de desemprego: Por um período de um ano;
- Pagamentos estaduais: Correspondentes a 74% dos salários;
- Cobertura de plano de saúde: Garantida gratuitamente por dois anos.
Apesar dessas medidas, o sindicato criticou duramente a dona das marcas Citroën, Fiat e Jeep, afirmando que os cortes são consequência de uma má gestão. A entidade questiona a disparidade entre a distribuição de lucros aos acionistas e a falta de investimentos para evitar demissões em massa.
De acordo com o sindicato, a Stellantis distribuiu mais de US$ 8 bilhões em dividendos aos acionistas apenas este ano, enquanto alega dificuldades financeiras para justificar a dispensa de trabalhadores.
Reestruturação interna
Além dos cortes, a Stellantis realizou mudanças significativas em sua alta administração nos últimos meses. Em outubro, o grupo anunciou que Carlos Tavares, presidente-executivo, se aposentará em 2026. Antonio Filosa, que antes liderava a Jeep, foi nomeado diretor de operações na América do Norte. Já Natalie King, ex-diretora de operações, foi substituída por Doug Ostermann, que anteriormente ocupava o cargo na Stellantis China.
Essas alterações refletem as tentativas do grupo de lidar com os desafios impostos pela crise e se reposicionar no mercado global.
A crise continua: Mais cortes à vista
Embora as 400 demissões já confirmadas tenham gerado grande repercussão, novos cortes podem estar a caminho. A unidade da Stellantis em Toledo, Ohio, enfrenta o risco de dispensar cerca de 1.139 trabalhadores, agravando ainda mais a situação.
A possibilidade de mais cortes tem levado a um clima de apreensão entre os funcionários da montadora, que já ameaçaram entrar em greve para protestar contra as ações da empresa.
Sindicato critica postura da Stellantis
A postura da Stellantis tem sido duramente criticada pelo sindicato, que vê as demissões em massa como resultado de uma estratégia focada exclusivamente no benefício dos acionistas. Para os representantes da categoria, a decisão de cortar empregos é incompatível com a solidez financeira demonstrada pela empresa em seus últimos balanços.
O sindicato destacou ainda que os trabalhadores têm sido fundamentais para o sucesso das marcas do grupo, especialmente em um setor competitivo e em constante transformação.
A Stellantis, por sua vez, ainda não comentou oficialmente as críticas feitas pela entidade representativa dos trabalhadores.
Quais as implicações para o mercado automotivo?
A crise enfrentada pela dona das marcas Citroën, Fiat e Jeep reflete um momento de instabilidade no mercado automotivo global, marcado por:
- Queda na demanda: Consumidores têm reduzido suas compras de veículos novos devido à alta dos preços e às incertezas econômicas;
- Transição tecnológica: O setor passa por uma transformação rumo à eletrificação e à mobilidade sustentável, exigindo investimentos em novas tecnologias;
- Aumento nos estoques: Fabricantes precisam ajustar a produção para evitar acúmulo de veículos não vendidos.
Para a Stellantis, lidar com esses fatores enquanto mantém sua posição no mercado será essencial nos próximos anos.