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Sonda soviética derreteu após somente 53 minutos em Vênus — mas nesse breve período, ele capturou as primeiras fotos da superfície do planeta

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 06/09/2025 às 22:00
Em 1975, a Venera 9 sobreviveu por 53 minutos em Vênus e enviou as primeiras fotos da superfície, mudando a história da exploração espacial.
Em 1975, a Venera 9 sobreviveu por 53 minutos em Vênus e enviou as primeiras fotos da superfície, mudando a história da exploração espacial.
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Sonda soviética Venera 9 enfrentou calor extremo e alta pressão em Vênus, resistiu por 53 minutos e registrou imagens históricas do planeta.

Em 1975, a União Soviética conquistou um feito que parecia impossível. O módulo de pouso Venera 9 se tornou a primeira nave a transmitir fotografias da superfície de Vênus.

A conquista foi curta. O módulo resistiu apenas 53 minutos antes de sucumbir às condições extremas do planeta. Mesmo assim, esse tempo bastou para mudar a história da ciência planetária.

De acordo com registros da NASA e da Sociedade Planetária, as imagens representaram o primeiro vislumbre direto da humanidade de um mundo envolto em mistério.

A dura realidade do gêmeo da Terra

Vênus é conhecido como gêmeo da Terra porque tem tamanho e composição parecidos. No entanto, as semelhanças param aí.

O planeta possui uma atmosfera densa de dióxido de carbono. Esse fator cria um efeito estufa fora de controle.

As temperaturas da superfície chegam a 475 °C. Isso é suficiente para derreter chumbo.

A pressão atmosférica também é esmagadora. Equivale a estar a 1,6 km de profundidade em um oceano terrestre.

Além disso, nuvens de ácido sulfúrico tornam o ambiente ainda mais hostil.

Por décadas, acreditar que seria possível fotografar Vênus parecia ilusão. Mas os engenheiros soviéticos estavam determinados a provar o contrário.

Do fracasso ao avanço

O programa Venera começou em 1961. A primeira missão, a Venera 1, perdeu contato ainda no caminho.

Em 1966, a Venera 3 se tornou a primeira espaçonave a impactar outro planeta. Mas não conseguiu enviar dados.

Um avanço real veio em 1967, com a Venera 4. Ela transmitiu leituras atmosféricas durante a descida.

Três anos depois, em 1970, a Venera 7 alcançou outro marco. Foi o primeiro pouso suave em outro planeta. A sonda transmitiu 23 minutos de dados de superfície.

Em 1972, a Venera 8 analisou rochas venusianas. Os resultados sugeriram semelhanças com granito terrestre.

Cada tentativa serviu de preparação para os triunfos que estavam por vir com as Venera 9 e 10.

Venera 9: primeiras imagens de Vênus

A Venera 9 foi lançada em 1975 com design robusto.

Seu módulo tinha blindagem reforçada, sistema de resfriamento e instrumentos em compartimento pressurizado.

O objetivo era resistir, mesmo que por pouco tempo, ao ambiente extremo de Vênus.

Logo após o pouso, a sonda ativou seu sistema de câmeras.

A luz da superfície passava por uma vigia, era redirecionada por um periscópio e registrada por uma câmera interna.

O resultado: panoramas em preto e branco. As primeiras imagens já captadas do solo venusiano.

As fotografias mostraram rochas fraturadas, lembrando lava. A clareza surpreendeu os cientistas.

Por muito tempo acreditou-se que a atmosfera distorceria completamente a visibilidade.

A comunicação durou apenas 53 minutos. O calor e a pressão foram fatais para os sistemas da nave.

Venera 10: confirmando o feito

Dias depois, a Venera 10 pousou em Vênus.

Ela repetiu o sucesso, transmitindo panoramas nítidos em preto e branco.

As imagens mostraram rochas angulares e uma superfície desolada.

Outro detalhe chamou atenção: a luminosidade. Cientistas compararam os níveis de luz aos de um dia nublado na Terra.

Além das imagens, a missão trouxe dados de pressão, temperatura e composição da superfície.

O conhecimento científico sobre Vênus se transformou a partir desses registros.

Missões posteriores: cor e radar

O sucesso soviético em 1975 abriu caminho para mais avanços.

Em 1981, as sondas Venera 13 e 14 enviaram os primeiros panoramas coloridos.

As fotos mostraram um tom alaranjado e terrenos rachados, semelhantes ao basalto.

Dois anos depois, em 1983, vieram as Venera 15 e 16. Essas missões usaram radar de alta resolução.

O resultado foi o mapeamento do hemisfério norte de Vênus, através das nuvens densas.

Em 1984, o programa chegou ao ápice com as missões Vega. Elas lançaram balões na atmosfera antes de seguir rumo ao cometa Halley.

No total, apenas quatro sondas da história já fotografaram a superfície venusiana. Todas foram soviéticas.

Reconstruindo imagens décadas depois

Mesmo após o fim do programa, os registros continuaram relevantes.

Pesquisadores modernos revisitaram os arquivos para recuperar detalhes.

Ted Stryk, professor no Roane State Community College, reconstruiu panoramas a partir dos dados originais.

As imagens ganharam nova clareza, revelando ainda mais da rara paisagem captada.

Outro nome importante foi Don P. Mitchell, pesquisador americano. Seu trabalho também ajudou a preservar esse legado.

A própria NASA descreveu o programa Venera como um raro exemplo de observação direta em um planeta quase inacessível.

Um legado que permanece

As imagens da superfície de Vênus continuam sendo testemunhos de coragem e inovação.

O programa mostrou que, mesmo em condições quase impossíveis, é possível avançar no conhecimento.

E mesmo que a Venera 9 tenha resistido por menos de uma hora, esse tempo foi suficiente para mudar a forma como a humanidade enxerga seu vizinho mais hostil.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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