É a segunda vez em menos de um mês que a fábrica da Volkswagen passa por paralisação, e o sindicato cobra política industrial do governo
Na última sexta-feira (dia 10), o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC anunciou que 3.000 funcionários da Volkswagen devem entrar em férias coletivas devido à falta de peças e componentes eletrônicos para finalizar a produção de automóveis. A fábrica em questão está situada na cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Segundo o sindicato, os trabalhadores foram informados que a paralisação deve durar por dez dias, de 27 de junho a 7 de julho.
O pedido de férias foi protocolado com antecedência em razão de acordo estabelecido entre a Volkswagen e o sindicato, que diz respeito ao aviso prévio de decisões desse tipo. No entanto, a suspensão da linha de produção da fábrica Anchieta, em São Bernardo (São Paulo), só poderá ser confirmada quando a data estiver mais próxima, uma vez que, até lá, podem ocorrer mudanças.
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2.500 metalúrgicos já haviam passado por férias coletivas dos dias 9 a 28 de maio
Em maio, a Volkswagen já havia concedido férias coletivas a 2.500 trabalhadores, também em razão de problemas na cadeia de fornecimento dos componentes, com a falta de semicondutores. Os metalúrgicos ficaram fora da fábrica dos dias 9 a 28 de maio.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, esses são praticamente os mesmos funcionários que entrarão de férias desta vez, havendo um acréscimo de 500 trabalhadores que não haviam sido suspensos no mês passado. A unidade da Volkswagen conta, no momento, com cerca de 8,2 mil trabalhadores, sendo 4,5 mil na produção. Parte deles permanecerá na fábrica a fim de realizar serviços de manutenção.
José Roberto Nogueira da Silva ressalta que os problemas de fornecimento impactam não só o ramo automotivo, mas todo o setor industrial brasileiro
Conforme o coordenador-geral de representação na Volkswagen, José Roberto Nogueira da Silva – o Bigodinho -, o problema da falta de componentes vem afetando não só a indústria automobilística, como também toda a indústria nacional. Sendo assim, para ele, todos os trabalhadores acabam diretamente atingidos. Nogueira fez também críticas ao governo, destacando que a falta de política industrial e de desenvolvimento no país tem causado a desestruturação da cadeia produtiva nacional.
Além disso, José Roberto Nogueira da Silva afirmou, ainda, que o acordo vigente na montadora, negociado entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Volkswagen, assegura que os funcionários tenham previsibilidade em relação à situação de seus empregos.
O coordenador-geral completou que é muito importante, neste momento, que haja um acordo de longo prazo para prever cenários como este, que vêm perdurando há muito tempo. Para ele, o acordo permite que os trabalhadores se organizem e que a empresa seja capaz de pensar o futuro da planta.
150 mil veículos da Volkswagen já deixaram de ser produzidos como consequência da falta de componentes para produção
Consoante a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 16 fábricas já tiveram que paralisar a produção de janeiro a maio deste ano graças à escassez de semicondutores e de outros itens necessários à fabricação automobilística. Até o momento, 150 mil veículos já deixaram de ser produzidos no período.
A crise de abastecimento teve início em meados de 2021, e se agravou após a guerra na Ucrânia. No entanto, o bloqueio da China, que durou várias semanas, também gerou prejuízos à cadeia de suprimentos globais. Dessa forma, desde maio, diversas outras peças também se tornaram escassas, afetando a indústria automotiva e outras.