Reduções forçadas na produção afetam a rentabilidade dos parques eólicos e comprometem investimentos no setor de energia renovável
A indústria eólica brasileira atravessa a pior crise desde que começou a operar no país, há mais de duas décadas. A avaliação foi feita por Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), nesta terça-feira, durante evento promovido pela entidade.
Segundo Gannoum, um dos principais fatores da crise é o corte na geração renovável determinado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Esses cortes, conhecidos como curtailment, impedem o pleno funcionamento das usinas, causando prejuízos financeiros e retração no setor.
“Estamos trabalhando 24/7 nesse assunto (dos cortes). Tivemos boas conversas com o ministro (de Minas e Energia) e devemos trazer logo algum encaminhamento”, afirmou a presidente da associação.
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Ela disse que já ocorreram conversas com o ministro de Minas e Energia e que soluções podem surgir em breve. Ainda assim, destacou que o problema exige atenção imediata e também um olhar para o futuro.
Gannoum foi enfática ao afirmar que, enquanto os cortes persistirem, investidores devem evitar novos aportes em projetos eólicos no país. “Ninguém vai investir enquanto o ‘curtailment‘ (jargão técnico para os cortes) estiver na frente”, declarou.
O ONS aplica os cortes em tempo real por diversas razões. Entre elas, estão as limitações na rede de transmissão, a garantia da confiabilidade do sistema e o consumo insuficiente para a energia gerada no momento.
A desaceleração já é visível. Em 2023, a instalação de novas usinas eólicas perdeu ritmo. O cenário é reflexo das dificuldades enfrentadas pelo setor e da situação de sobreoferta de energia elétrica no país.
Além disso, Gannoum apontou entraves para a conexão de novos projetos à rede e uma crise na cadeia de fornecedores. A falta de novas encomendas compromete a sustentabilidade do setor eólico. A expectativa é que novas medidas ajudem a reverter esse cenário crítico.
Com informações de Valor Econômico.