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Sem refino, sem alívio: Norte do Brasil paga a conta mais alta após paralisação da refinaria de Manaus

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 14/10/2025 às 11:43
Refinaria de Manaus desativada ao entardecer, com tanques e dutos industriais à beira do Rio Negro, simbolizando a paralisação do refino no Norte.
Vista realista da Refinaria de Manaus ao entardecer, com tanques e tubulações metálicas paradas após privatização que afetou o abastecimento regional.
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Mais de dois anos após a privatização, a Refinaria de Manaus deixa de produzir combustíveis e transforma o abastecimento do Norte em um desafio logístico e econômico.

A Refinaria de Manaus (Ream), antiga Isaac Sabbá (Reman), foi privatizada em dezembro de 2022 e passou ao controle do Grupo Atem. Desde então, a unidade parou de atuar como refinaria de petróleo, segundo denúncia do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM) ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

De acordo com o sindicato, todo o petróleo extraído em Urucu (AM) é transportado até São Sebastião (SP), onde a Petrobrás realiza o refino. O trajeto marítimo dura entre 14 e 16 dias. Essa operação aumenta os custos logísticos e faz os consumidores do Norte pagarem até 10% a mais por gasolina, diesel e gás de cozinha.

Investigações oficiais apontam práticas anticoncorrenciais

O Ministério de Minas e Energia (MME) enviou ofícios ao Cade em junho de 2025, pedindo investigação sobre possíveis práticas anticoncorrenciais. Conforme o órgão, os preços cobrados pela Ream estão acima da média nacional e superam o Preço de Paridade de Importação (PPI). Essa diferença penaliza especialmente os consumidores da Região Norte.

Entre 2020 e 2022, a refinaria mantinha média de 40 mil barris por dia, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Após a privatização, o volume caiu para menos de 30 mil barris/dia em 2023. Em 2024, a produção despencou para menos de 10 mil barris/dia. Por fim, as operações foram totalmente interrompidas em fevereiro de 2025.

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, declarou que “a única refinaria da Região Norte não refina mais nenhum litro de petróleo, enquanto os combustíveis seguem entre os mais caros do Brasil.

Sindipetro-AM denuncia descumprimento da função de refinaria

Em 18 de junho de 2025, o Sindipetro-AM apresentou denúncia formal contra a Ream, acusando o grupo controlador de descumprir compromissos assumidos no processo de privatização. A entidade alegou que a unidade foi descaracterizada e transformada em terminal logístico, o que coloca o abastecimento regional em risco.

Refinaria da Amazônia (Ream), antiga Isaac Sabbá (Reman) (Foto: Divulgação)

O MME reforçou ao Cade a importância de avaliar os impactos da paralisação sobre o mercado local. Já a ANP realizou fiscalizações nos dias 24 e 26 de junho, que resultaram em dois autos de infração. A agência também abriu uma auditoria técnica para apurar o caso. O relatório final, previsto para o fim de 2025, ainda não foi divulgado.

Técnicos da ANP destacam que as inspeções avaliaram a integridade das instalações e os riscos operacionais da inatividade prolongada. Segundo eles, a paralisação pode gerar perdas econômicas e ambientais para o setor energético local.

Alta nos preços e insatisfação popular

Enquanto o petróleo de Urucu percorre mais de duas semanas até São Paulo, os preços no Norte disparam. Levantamento da ANP em julho de 2025 mostra que o litro da gasolina no Amazonas custa até 10% acima da média nacional. Em algumas cidades, o valor ultrapassa R$ 6,70.

Além disso, a Petrobrás absorve custos logísticos elevados para transportar o petróleo até o Sudeste. Essa operação impacta toda a cadeia de abastecimento e reduz a competitividade da economia regional. Assim, a ausência de refino local se tornou um retrocesso para o desenvolvimento da Amazônia, que agora depende de combustíveis processados em outras regiões.

Atualmente, o Cade mantém o processo sob sigilo, enquanto o MME aguarda respostas aos ofícios enviados. A ANP, após concluir a auditoria, poderá aplicar novas penalidades e determinar medidas imediatas para restabelecer o equilíbrio de mercado.

Incertezas e pressão política sobre o futuro da Ream

Com a única refinaria da Região Norte paralisada, cresce a pressão política sobre o governo federal. O objetivo é reavaliar o modelo de privatização e entender seus impactos sociais e econômicos. Tanto o Sindipetro-AM quanto a FUP pedem maior transparência nas operações e fiscalização contínua da Ream. Essas ações visam garantir o abastecimento e preservar a concorrência justa.

De acordo com o MME, o caso permanece sob acompanhamento até o final de 2025. O órgão informou que Cade e ANP deverão divulgar medidas corretivas ainda este ano. Enquanto isso, os consumidores do Norte continuam pagando os combustíveis mais caros do país, aguardando soluções para o impasse da refinaria de Manaus.

Você acredita que o governo deve retomar o controle da refinaria para garantir o abastecimento justo ou fortalecer a fiscalização sobre o setor privado para conter os aumentos de preço?

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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