Supermercados do Espírito Santo acumulam 6 mil vagas sem preenchimento enquanto o Brasil registra desemprego de 5,6%, o menor da série do IBGE; setor cobra respostas rápidas.
A falta de trabalhadores virou freio para o crescimento dos supermercados capixabas. A Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) relata 6 mil vagas abertas que não saem do papel, apesar de contratações recentes. O número ajuda a explicar por que empresas vêm ajustando turnos, terceirizando etapas e replanejando lojas.
O tema dominou a abertura da Acaps Trade Show 2025, realizada na terça (16/9), no Pavilhão de Carapina, com lideranças do varejo e da indústria cobrando medidas para ampliar a empregabilidade. O evento ocorre de 16 a 18 de setembro.
A pergunta central é objetiva: por que, mesmo com mais gente trabalhando, milhares de vagas seguem sem candidatos prontos? Especialistas e executivos apontam a qualificação como gargalo imediato, além de fatores estruturais de custo que pressionam o varejo.
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Supermercados do ES, onde estão as 6 mil vagas e por que não fecham
Os supermercados do Espírito Santo empregam cerca de 60 mil pessoas diretamente e 120 mil indiretamente. Mesmo assim, 6 mil postos seguem abertos, sem profissionais aptos, segundo a Acaps. O recado do setor é claro: há demanda real por trabalho, mas faltam competências aderentes às lojas.
Entre janeiro e julho de 2025, o estado abriu 7,7 mil vagas formais no segmento, quase o mesmo volume das oportunidades disponíveis hoje. O descompasso entre oferta e preenchimento virou limitador de expansão para redes médias e grandes.
A avaliação recorrente no evento e no setor é que é preciso trazer para perto uma parcela da população à margem da empregabilidade e acelerar treinamentos de base para funções de entrada, como reposição, atendimento e operação de caixa. Sem isso, as vagas seguem ociosas.
Mercado de trabalho aquecido, desemprego cai a 5,6%, renda sobe e desalento recua
O IBGE mostrou que a taxa de desocupação no trimestre encerrado em julho de 2025 caiu para 5,6%, a menor desde o início da série, em 2012. A população ocupada atingiu 102,4 milhões, também recorde. O movimento reforça a pressão por pessoal qualificado.
Além disso, o rendimento real habitual chegou a R$ 3.484, novo patamar máximo, enquanto o número de desalentados caiu para 2,7 milhões de pessoas. Em síntese: há mais gente trabalhando, ganhando um pouco melhor e retornando à busca por emprego.
No Espírito Santo, a taxa local segue abaixo da média nacional em 2025, o que reforça o paradoxo capixaba: ambiente de negócios aquecido, porém com lacunas de qualificação que impedem o preenchimento rápido de vagas operacionais no varejo alimentar.
Custo Brasil em foco, como a escassez de mão de obra pesa no caixa do varejo
Lideranças industriais lembram que o Custo Brasil segue consumindo competitividade. Estimativas oficiais apontam impacto anual próximo de R$ 1,7 trilhão, por entraves tributários, logísticos, burocráticos e de produtividade. Quando faltam pessoas treinadas, a conta cresce mais.
Na abertura da feira, executivos regionais associaram a falta de mão de obra a esse custo total do fazer negócios no país. A leitura é pragmática: vaga sem preencher encarece a operação, trava expansão e, em última instância, pressiona preços ao consumidor.
Para os supermercados do ES, que operam com margens tradicionalmente estreitas, a combinação de custo estrutural e escassez de trabalhadores exige decisões rápidas: investir em treinamento, redesenhar escala e processos e avaliar automação quando fizer sentido.
O que está sendo feito: Acredita no Primeiro Passo, qualificação e inclusão
Empresas capixabas avaliam aderir ao Acredita no Primeiro Passo, programa federal voltado a famílias do CadÚnico. A proposta permite contratar públicos vulneráveis com manutenção temporária de benefícios, aumentando a inserção formal e o onboarding nas rotinas de loja.
Segundo o MDS, o programa atua em emprego, qualificação profissional e empreendedorismo, com foco em mulheres, jovens, pessoas com deficiência e população negra. Para o varejo, isso abre um funil de talentos de entrada que pode ser formado “no trabalho”.
Além do Acredita, redes vêm ampliando treinamentos de curta duração e trilhas de aprendizagem para funções críticas. O objetivo é reduzir o “time-to-hire” e aumentar a retenção nos três primeiros meses, fase mais sensível para abandono e rotatividade.
Como medir se a lacuna começa a fechar
A Acaps Trade Show 2025 segue até 18/9 com painéis e oficinas sobre formação de profissionais, produtividade e tecnologia aplicada ao varejo. É um termômetro útil para acompanhar compromissos e metas do setor no curto prazo.
Indicadores a observar: evolução do número de vagas preenchidas até o fim do ano, adesão de redes ao Acredita no Primeiro Passo e taxas de rotatividade nas funções operacionais. Ganhos aqui sinalizam alívio real para lojas e consumidores.
Se os esforços não acelerarem, a tendência é ver mais automação nas tarefas repetitivas e reconfiguração de serviços, o que não resolve tudo e pode excluir perfis que poderiam trabalhar com treinamento adequado.
Queremos ouvir você: o varejo deve priorizar salários mais altos, turnos mais flexíveis e treinamento pago, ou investir mais em automação para reduzir a dependência de mão de obra? Deixe seu comentário e explique qual caminho você acredita ser o mais eficiente para fechar as 6 mil vagas e manter os preços sob controle.
Eu até gosto do conteúdo que é apresentado, mas fica quase impossível ler, devido enxurrada de comerciais que pipocam na tela do meu smartphone.