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Rotação da Terra deve acelerar em julho e agosto, surpreendendo cientistas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 27/06/2025 às 14:01
Rotação da Terra
Foto: Reprodução
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Cientistas preveem dias mais curtos em julho e agosto, mas ainda não entendem completamente por que a Terra está girando mais rápido.

A Terra vai girar mais rápido nos próximos meses. A previsão de astrônomos e centros especializados aponta que, em julho e agosto, a rotação do planeta deve se acelerar novamente, indo na direção oposta ao que era considerado uma tendência natural: a de que a rotação vá ficando mais lenta com o tempo.

A informação surpreendeu até especialistas experientes, que admitiram não ter explicações conclusivas para esse fenômeno.

Mudanças registradas ao longo do tempo

A rotação da Terra já passou por muitas mudanças. Hoje, o planeta completa um pouco mais de 365 voltas no próprio eixo durante o período em que leva para dar uma volta ao redor do Sol — o que define um ano. No entanto, há centenas de milhões de anos, esse número era bem diferente.

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Cientistas analisaram corais antigos e descobriram que, entre 444 e 419 milhões de anos atrás, a Terra dava 420 voltas completas ao redor do próprio eixo durante um ano.

Ou seja, os dias eram mais curtos, e o ano tinha mais dias.

Isso foi possível porque os corais crescem diariamente e depositam finas camadas de cálcio. Essas camadas variam conforme a estação do ano.

Contando os depósitos, os pesquisadores conseguiram estimar a quantidade de dias em um ano antigo.

A mudança na rotação aconteceu, principalmente, por causa da influência da Lua. Com o tempo, a Lua foi se afastando da Terra. Esse afastamento provoca um efeito que desacelera o giro do planeta, a uma taxa estimada em 1,8 milissegundos por século.

Medições com alta precisão

Nas últimas décadas, os cientistas passaram a acompanhar com exatidão a rotação do planeta por meio de relógios atômicos. Com esse monitoramento, ficou mais fácil detectar variações pequenas, mas importantes, na duração dos dias.

Em situações normais, quando a Terra gira mais devagar, um segundo adicional — chamado de segundo intercalar — pode ser adicionado para ajustar sistemas sensíveis como o GPS. Porém, desde 2020, o que se tem observado é o contrário: a rotação tem acelerado.

Em 2020, foram registrados os 28 dias mais curtos desde 1960. E esse padrão se manteve. Todos os anos, um novo recorde de “dia mais curto” tem sido batido. O mais recente, em 2024, teve 1,66 milissegundos a menos que os 86.400 segundos normais.

Previsões para julho e agosto

A previsão atual indica que julho e agosto de 2025 devem trazer novos dias encurtados. O site Timeanddate.com, com base em dados do Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS) e do Observatório Naval dos Estados Unidos, apontou os seguintes registros:

  • 9 de julho: dia 1,30 milissegundo mais curto;
  • 22 de julho: 1,38 milissegundo mais curto;
  • 5 de agosto: 1,5 milissegundo mais curto que o padrão.

Se isso se confirmar, serão os dias mais curtos do ano.

A Lua e sua posição

Apesar de a Lua ser apontada como a principal responsável pela desaceleração da Terra ao longo do tempo, ela também pode causar aceleração em alguns momentos. Quando está mais próxima da linha do equador terrestre, sua resistência ao movimento da Terra aumenta. Quando se afasta dessa região, essa influência diminui.

Nos dias previstos para julho e agosto, a Lua estará mais distante do equador. Isso pode explicar parte da aceleração prevista. Porém, essa explicação cobre apenas uma parte do fenômeno.

Fenômeno ainda misterioso

Desde 1972, foram adicionados 27 segundos intercalares para compensar a desaceleração da Terra. Mas, desde 2016, nenhum segundo adicional foi necessário. Em junho deste ano, o IERS confirmou que não haverá segundo intercalar.

Essa mudança de padrão não era esperada. O físico Judah Levine, do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIT), declarou em 2021 que os cientistas previam que a Terra continuaria girando mais devagar. Para ele, a ausência dessa necessidade de ajuste surpreendeu a comunidade científica.

O especialista em rotação terrestre Leonid Zotov, da Universidade Estatal de Moscou, reforçou essa visão. Ele afirmou que a causa da aceleração ainda não foi explicada e que os modelos atmosféricos e oceânicos disponíveis não são suficientes para justificar o fenômeno atual.

Impacto de terremotos na rotação

Além da Lua, há outros fatores que interferem no giro do planeta. Um exemplo são os terremotos. Em 2011, um terremoto de magnitude 9,0 atingiu o Japão. O impacto foi tão forte que o eixo da Terra se deslocou cerca de 17 centímetros, e o território japonês se moveu aproximadamente 2,4 metros.

Esse terremoto alterou levemente a rotação da Terra, encurtando os dias em cerca de 1,8 microssegundos. Isso ocorre porque a movimentação de massa na crosta terrestre pode mudar a forma como o planeta gira.

O Dr. Richard Gross, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, comparou o efeito com o movimento de uma patinadora no gelo.

Quando ela aproxima os braços do corpo, gira mais rápido. No caso da Terra, os terremotos provocam um movimento semelhante ao redistribuir a massa mais próxima do eixo.

Ele explicou que, analisando modelos de massa antes e depois do terremoto, é possível calcular como a rotação foi afetada. Em 2004, um terremoto na Indonésia também acelerou a rotação, diminuindo o dia em 2,68 microssegundos.

O IERS seguirá monitorando a duração dos dias com precisão. Com base nesses registros, será possível saber se os dias de julho e agosto de 2025 serão mesmo os mais curtos dos últimos anos.

Se as previsões se confirmarem, os cientistas poderão ter mais pistas para entender por que a Terra está girando mais rápido. Até lá, a rotação do planeta continuará sendo observada com atenção e certo mistério.

Com informações de iflscience.

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Eduardo menezes
Eduardo menezes
01/07/2025 19:45

onde está a surpresa, se rodar mais rápido os dias ficam mais curtos.
Na Bíblia diz, no final dos tempos encurtamento os dias para que meu povo não sofra.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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