Estudos feitos pela consultoria PSR sobre Angra 3, analisaram o impacto de diferentes fontes sobre a conta de luz ao longo de 35 anos e chegaram à conclusão que a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 sairá mais cara para o consumidor do que abandonar o projeto
O governo aprofundou nos últimos meses os estudos para a retomada de Angra 3, para que o edital da licitação que vai escolher um parceiro para o empreendimento possa ser lançado no ano que vem. As premissas do edital e o tipo de licitação serão definidos por um grupo de trabalho vinculado ao Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos. O primeiro passo para tornar o empreendimento atrativo aos investidores foi dado no dia 9 de outubro, quando o Conselho Nacional de Política Energética aprovou preço de referência de R$ 480,00/MWh para a energia da usina. A preço de Angra 3 estava na faixa de R$ 240/MWh. O aumento de tarifa da usina nuclear de Angra 3 foi considerado positivo para o crédito da Eletrobras, segundo a agência de risco Moody’s. O governo espera, porém, que o valor possa ser reduzido em uma licitação para definir o parceiro.
Prós e Contras
Finalizar a obra custaria cerca de R$ 17 bilhões, abandoná-la, R$ 12 bilhões —considerando os custos para quitar empréstimos, desmontar a estrutura, ressarcir contratos rompidos e pagar dívidas. Para retomar as obras, que estão paralisadas por alvo da Operação Lava Jato, o projeto precisa de cerca de R$ 15,5 bilhões em investimentos. O TCU (Tribunal de Contas da União)ficou preocupado com os custos e abriu uma auditoria para analisar os critérios de retomada das obras e seus efeitos sobre os custos finais. A previsão é que essa análise seja concluída em março de 2019.
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“Essa ação eleva o crédito da Eletrobras porque vai elevar o fluxo de geração de caixa a partir dessa nova usina nuclear, além de dar um incentivo maior à Eletrobras para completar a construção”, diz o relatório da agência. Os defensores do projeto, alega que a diferença tornaria o custo-benefício favorável à conclusão, em contrapartida os custos irão refletir no bolso do consumidor.
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, comentou que 63% da usina estão prontos e que a nova tarifa abre a perspectiva de aporte de recursos por um parceiro, que não existia com a tarifa anterior. “Agora, com essa tarifa de R$ 480, você consegue alguém que possa colocar dinheiro e ver perspectiva de retorno do investimento. E, óbvio que, do outro lado, gente disposta a financiar. Não é só capital próprio, não é só equity”, disse o executivo.
“A tarifa mais alta também tem potencial de criar uma solução de longo prazo para os passivos de Angra 3. A Eletronuclear tem negociado com credores como o BNDES, a Caixa Econômica Federal, para adiar o cronograma original de pagamentos das amortizações da dívida, já que a geração de caixa foi adiada”, afirma ainda a Moody’s. A ideia é incluir a usina no programa de concessões do governo federal e buscar parceiros para concluir a obra. A Eletronuclear, estatal responsável pelo setor, já assinou parcerias com empresas da China, da França e da Rússia para estudar o projeto.
Investir ou abandonar?
E agora, abandonar Angra 3? – ou seja, jogar no lixo as dezenas de bilhões de reais já gastos na obra – e iniciar usinas de energia solar, trazendo um cálculo sobre o preço de energia. Os investimentos em energia solar são ótimos, pena que o país como o nosso não aproveite melhor esta energia disponibilizada gratuitamente pela natureza, porém o sol é uma fonte intermitente, porque nem sempre faz sol, e não tem, nem de longe, o vigor suficiente para sustentar setores que precisam de energia intensiva, como indústrias. Portanto, uma coisa é investir em energia solar; outra é torrar R$ 12 bilhões para “abandonar” Angra 3.
Angra 3 tem capacidade de 1.405 MW (megawatts). É terceira do primeiro programa nuclear brasileiro, iniciado na década de 1970 – as outras duas estão em operação.
As obras de Angra 3 foram paralisadas em 2015 após divergências entre os consórcios responsáveis pela construção e a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras responsável pela operação do parque nuclear brasileiro. Na época, as empresas já eram investigadas pela Operação Lava Jato, que levou à prisão em 2016 o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, condenado a 43 anos por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa.
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