Medicamentos genéricos para hipertensão, como losartana, lideram vendas no Brasil e revelam hábitos de saúde e riscos da automedicação.
Um levantamento recente da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac) mostrou que os medicamentos genéricos mais vendidos no Brasil estão diretamente ligados a doenças crônicas como a hipertensão. Entre os dez primeiros colocados da lista, quatro são indicados para o controle da pressão arterial, incluindo a losartana, um dos genéricos mais prescritos no país.
A hipertensão arterial atinge aproximadamente 30% da população brasileira e chega a dobrar em pessoas acima dos 60 anos.
Essa condição, considerada silenciosa, muitas vezes não apresenta sintomas até evoluir para quadros graves como infarto, AVC e insuficiência cardíaca.
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Especialistas destacam que a maioria dos pacientes só descobre a doença após exames de rotina ou eventos críticos.
Segundo o cardiologista Henrique Trombini, do Instituto do Coração (Incor), os hábitos alimentares e o sedentarismo têm forte relação com o aumento dos casos.
“A base da prevenção está na alimentação saudável e na prática regular de atividade física. Medicamentos como a losartana são essenciais, mas não substituem os cuidados com o estilo de vida”, afirma o cardiologista.
Além dos remédios voltados para pressão alta, chama atenção o aumento expressivo no consumo da tadalafila, substância usada para tratar disfunção erétil. O medicamento aparece entre os mais vendidos na categoria genérica, junto com a sildenafila, que também tem a mesma finalidade.
Segundo o médico Fábio Campos, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, há um crescimento preocupante do uso recreativo desses medicamentos por homens jovens.
“O uso sem prescrição pode causar dependência psicológica e riscos cardiovasculares, especialmente em quem tem predisposição a doenças do coração”, alerta o médico.
O Conselho Federal de Farmácia reforça que a automedicação com tadalafila e similares é um problema de saúde pública. Além do preço acessível, o marketing agressivo e a fácil disponibilidade nas farmácias contribuem para o uso sem acompanhamento médico adequado.
A lista de genéricos mais vendidos também inclui a sinvastatina, usada para controle do colesterol, e a simeticona, indicada para o alívio de gases. Ambas refletem, segundo os especialistas, a má qualidade da dieta do brasileiro.
“A alimentação rica em ultraprocessados não apenas eleva a pressão arterial, como também afeta o colesterol e a digestão. São doenças evitáveis com mudanças simples no dia a dia”, reforça Trombini.
O presidente da Alanac, Henrique Tada, ressalta que os medicamentos genéricos são aprovados pela Anvisa e seguem os mesmos padrões de qualidade dos medicamentos de marca.
“Eles representam uma alternativa segura e eficaz para o tratamento contínuo de diversas condições, principalmente para quem depende do SUS ou do programa Farmácia Popular”, explica Henrique Tada.
Ao revelar os remédios mais consumidos, a pesquisa ajuda a entender melhor os desafios de saúde pública do país e reforça a importância de investir em prevenção, educação em saúde e acompanhamento médico regular.