Brasil reinjetou mais de 97 milhões de m³ de gás natural por dia em julho, equivalente a 51,4% da produção total, segundo a ANP. Medida prolonga vida útil dos campos.
O Brasil alcançou um marco relevante no setor energético: mais da metade do gás natural produzido no país foi reinjetado nos reservatórios, conforme noticiado nesta quinta-feira, 02, a partir de dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O volume chegou a 97,052 milhões de m³ por dia, o que representa 51,4% da produção total de 188,9 milhões de m³/dia em julho.
Estratégia técnica e impacto na produção de petróleo
A reinjeção é uma prática consolidada na indústria do petróleo. Em vez de queimar o gás — processo conhecido como flaring — ele é comprimido e devolvido ao reservatório. Isso garante maior pressão interna, prolongando a vida útil dos campos e aumentando a eficiência da produção de óleo.
Essa técnica tem sido especialmente utilizada em campos offshore, como os da Bacia de Campos e da Bacia de Santos, onde a geologia complexa exige soluções avançadas.
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Desde 2015, o uso da reinjeção vem crescendo de forma consistente no Brasil. O país possui cerca de 85% do gás extraído classificado como associado, ou seja, produzido junto com o petróleo. Nesses casos, as operadoras precisam optar entre comercializar o recurso ou reinjetá-lo. A decisão depende de fatores como viabilidade econômica, logística e infraestrutura de transporte.
Em agosto de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o Decreto nº 12.153, que concedeu à ANP poderes para limitar a reinjeção de gás natural. A regra vale para novos projetos, mas também pode revisar planos já em andamento, mesmo com contratos vigentes. O objetivo é direcionar parte desse gás para o mercado interno, reduzindo custos e fortalecendo a indústria nacional.
Estratégia para ampliar o acesso ao gás no mercado
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), destacou na época que a meta é criar um verdadeiro “choque de oferta de gás” no Brasil. A estratégia envolve maior participação da iniciativa privada na infraestrutura de escoamento e processamento, hoje concentrada nas mãos da Petrobras. Com isso, espera-se reduzir a dependência da reinjeção, ampliar a oferta de gás disponível e, consequentemente, baratear preços para a indústria.
Os números de julho mostram que a reinjeção segue como prática central para a eficiência dos campos de petróleo brasileiros. Entretanto, o governo busca equilibrar essa necessidade técnica com a urgência de expandir o uso do gás natural no mercado interno.
O debate sobre como distribuir melhor essa produção promete permanecer no centro das discussões energéticas nos próximos anos.