Megarrefinaria de biodiesel da BSBIOS, que será construída no Paraguai, vai gerar US$ 1 bilhão de faturamento em 2024 e colocará o grupo na liderança na América Latina
O rei do biodiesel Erasmo Carlos Battistella, fundador da BSBIOS, maior usina de biodiesel no Brasil, que somente em 2020 faturou R$ 5,3 bilhões, almeja atingir este ano R$ 7,5 bilhões. E não para por aí, o empresário almeja voos mais altos e quer se tornar, até 2030, o terceiro maior produtor do mundo no setor, alcançando uma receita de US$ 5 bilhões, ou seja, um faturamento ambicioso, superior a R$ 25 bilhões, que representa uma meta de crescimento acima de 20% ao ano.
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“Vamos ter desafios, mas teremos muitas oportunidades. Já estamos entre as 15 maiores empresas globais e felizes com o que construímos”, disse Battistella à DINHEIRO.
Megarrefinaria da BSBIOS que será construída no Paraguai vai gerar US$ 1 bilhão de faturamento em 2024 e colocará o grupo na liderança na América Latina
Prevista para iniciar no segundo semestre deste ano, as obras do Omega Green, a megarrefinaria que será construída no Paraguai, conta com um aporte de US$ 800 milhões e irá produzir biocombustíveis, como o biodiesel verde (HVO) e o querosene de aviação renovável (SPK), todos feitos a partir de matérias-primas como gordura, óleo de cozinha, pongâmia e a própria soja.
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A megarrefinaria que será construída no país vizinho terá capacidade de produzir 1 bilhão de litros ao ano, além de gerar US$ 1 bilhão de faturamento em 2024, tornando o grupo BSBIOS líder na América Latina de biocombustíveis de segunda geração.
Praticamente toda a produção futura já está vendida, afirma o rei do biodiesel. No início deste ano, a empresa faturou um contrato bilionário com a petroleira Shell, que inclui a venda de 2,5 bilhões de biocombustíveis. Além disso, o empresário fechou negócios com a Bp que totalizam mais de 1 bilhão.
Por que investir no país vizinho?
De acordo com o rei do biodisel, o Paraguai ofereceu redução tributária, além de outras condições favoráveis. Isso foi um fator determinante para a construção da megarefinarina no país vizinho. Além disso, o empresário faturou um contrato com o governo paraguaio, que concedeu regime de zona franca por um prazo de 30 anos. A expectativa é que a nova unidade gere, em 10 anos, um aumento estimado de US$ 8 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Paraguai.
Outro fator determinante foi a falta de regulamentação brasileira sobre o biocombustível avançado. Battistella também preside a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), e, segundo o empresário, as definições das regras que regulamentam o biocombustível devem ser concluídas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) até o fim do ano, ou, no mais tardar, início de 2022.
Battistella diz ter planos de construir no Brasil uma usina semelhante ao projeto paraguaio, mas, para isso, as regras do biocombustível devem ser definidas e a segurança jurídica garantida. “É um enorme avanço tecnológico e a solução para os grandes centros urbanos. Com o biodiesel verde, por exemplo, São Paulo poderia parar de usar diesel fóssil”, disse o executivo da BSBIOS.
O presente tem sido a favor das usinas brasileiras da BSBIOS, que faturou R$ 100 milhões com a refinaria de Passo Fundo e Marialva. A capacidade da companhia aumentou, no mesmo período, 62,5% por causa dos investimentos.
Nem tudo são flores, o grupo teve que enfrentar a redução de 13% para 10% de biodiesel na mistura do diesel
Recentemente, o Governo Federal reduziu de 13% para 10% a presença de biodiesel na mistura do diesel como uma forma de compensar o aumento no preço em razão do fim da isenção fiscal do diesel. Mas o vento sopra a favor do rei do biodiesel e, segundo cronograma do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a mistura mínima irá alcançar 15% até 2023. “Sinalizamos ao governo que precisa voltar para os 13%. O que tenho ouvido é que o Brasil está comprometido em manter essas metas. É necessário”, disse Battistella. O rei do biodiesel sabe disso. A questão é se o poder público vai seguir na mesma direção.
De acordo com o empresário, ele se surpreendeu positivamente com o discursos do presidente Jair Bolsonaro pois, quando o Brasil fala em carbono neutro para 2030, mostra comprometimento. “No quesito mensagem, fomos muito bem. Agora precisamos transformar essa mensagem em ação na prática. Precisamos entregar o que prometemos para o mundo.”
O Governo Federal, ao se comprometer, permite que o setor industrial faça as devidas pressões para que isso aconteça. O grande problema é a execução. Além de planejar, é necessário executar bem. “Treinar, todo time treina. Agora, levar todo esse treino para dentro de campo e ganhar o jogo é outra história.”
Segundo Battistella, o Brasil precisa criar, o quanto antes, o marco regulatório de bicombustível avançado, para que não precise importar a partir de 2027, quando passa a ser obrigatório.