Nova legislação sobre IA: entenda o impacto e as mudanças para a segurança digital no Brasil
Parlamento avança na regulamentação da inteligência artificial
A Câmara dos Deputados aprovou, em 19 de fevereiro de 2025, o Projeto de Lei 3821/2024, um passo importante para regulamentar a inteligência artificial (IA) no Brasil. Dessa forma, essa aprovação representa o início de um processo essencial para equilibrar avanço tecnológico e proteção de direitos. Além disso, a medida busca alinhar o país às tendências globais de regulação da IA.
Um marco inicial na legislação sobre IA no Brasil
A regulamentação da inteligência artificial é uma pauta relevante e amplamente discutida em diversas partes do mundo. O Parlamento Europeu, por exemplo, aprovou em 14 de junho de 2023 o Regulamento Europeu de Inteligência Artificial, estabelecendo diretrizes rigorosas para o uso dessa tecnologia. Dessa maneira, a necessidade de regras claras no Brasil torna-se evidente. O impacto dessas tecnologias já é significativo na sociedade, e garantir a proteção dos cidadãos contra abusos é fundamental.
Com a recente aprovação do PL 3821/2024, o Brasil dá um passo essencial para fortalecer a segurança digital. O projeto prevê punição para a manipulação de imagens por IA com intenção prejudicial, buscando coibir práticas como a disseminação de deepfakes e outras formas de desinformação. Assim, a legislação começa a se alinhar às novas demandas digitais.
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Principais pontos do PL 3821/2024:
- Criminaliza o uso de IA para manipular imagens com intenção de prejudicar terceiros;
- Estabelece penas mais rigorosas para a exposição não autorizada de imagens geradas por IA;
- Define critérios para identificação e controle de conteúdos falsos, reduzindo riscos de desinformação.
Embora essa seja uma conquista importante, especialistas alertam que a legislação ainda está em fase inicial. A IA tem diversas aplicações que precisam ser analisadas com maior profundidade. Por isso, é essencial ampliar o debate para garantir uma regulamentação abrangente e eficaz.
A necessidade de um marco regulatório mais amplo
A aprovação desse projeto é um avanço regulatório, mas ainda não cobre todos os desafios da IA. Por essa razão, a implementação de um marco regulatório mais abrangente é essencial para garantir que a legislação acompanhe o desenvolvimento tecnológico e proteja os cidadãos de forma eficaz.
Especialistas recomendam que a regulamentação contemple diferentes aspectos, como:
- Transparência: Definição de regras para que algoritmos sejam auditáveis e explicáveis;
- Proteção de dados: Criação de normas que garantam a privacidade e o tratamento ético das informações;
- Segurança cibernética: Medidas de proteção contra fraudes, ataques digitais e violações de sistemas automatizados;
- Responsabilidade civil: Estabelecimento de penalizações claras para o uso inadequado da IA.
Segundo o Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de outubro de 2024, países que adotam regulamentações claras sobre IA reduzem significativamente os riscos associados à desinformação e ao uso indevido dessa tecnologia. No entanto, uma legislação fragmentada pode gerar inconsistências e falhas. Para evitar esse problema, especialistas sugerem a criação de uma comissão especial temporária para consolidar diretrizes mais abrangentes e uniformes.
Criação de uma comissão especial para regulamentação da IA
A proposta de criar uma comissão especial temporária tem ganhado apoio de especialistas e parlamentares. O objetivo dessa comissão é desenvolver um conjunto de regras mais detalhado, envolvendo especialistas em tecnologia, direito digital e políticas públicas. Além disso, a participação da sociedade civil no debate é essencial para garantir um equilíbrio entre inovação e proteção de direitos.
Segundo o Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Brasil), em relatório publicado em janeiro de 2025, um marco regulatório bem estruturado pode impulsionar a inovação ao estabelecer critérios claros de segurança e conformidade para empresas e desenvolvedores de IA.
Objetivos principais da comissão:
- Unificar propostas: Reunir diferentes projetos de lei sobre IA em tramitação e criar um texto único e coeso;
- Promover um debate qualificado: Incluir especialistas, setor privado e sociedade civil na construção das diretrizes;
- Definir diretrizes claras: Criar normas que equilibrem inovação e proteção de dados, garantindo o uso responsável da IA.
A aprovação do PL 3821/2024 em fevereiro de 2025 representa um avanço importante para a regulação da inteligência artificial no Brasil. Entretanto, a legislação precisa evoluir para abranger outras áreas impactadas pelo uso crescente dessa tecnologia. Dessa forma, aprofundar os debates e garantir um processo contínuo de revisão é essencial.
A criação de uma comissão especial temporária pode ser a chave para consolidar uma regulamentação robusta e alinhada às melhores práticas internacionais. Assim, o Brasil terá um modelo regulatório que fomente a inovação ao mesmo tempo em que assegura a proteção dos cidadãos e a segurança digital.
Por Marcelo Senise.