A refinaria privada Mataripe promoveu pelo menos três reajustes nos preços de vendas de combustíveis só no mês de janeiro tornando a gasolina e o diesel na região ainda mais caros que o restante do país.
Atualmente, a refinaria privada de Mataripe, localizada no município de São Francisco do Conde (BA) e operada pelo Fundo Árabe Acelen, vende gasolina e diesel a preços superiores aos praticados pela Petrobras. O impacto é sentido diretamente no bolso dos motoristas baianos. Nos postos de combustíveis da Bahia, o valor da gasolina chegou a 3% mais caro este ano, sendo que a média nacional de aumento dos valores da Petrobras foi de 0,9%.
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De acordo com o Observatório Social da Petrobras, o valor da gasolina produzida na refinaria privada Mataripe custa atualmente R$ 3,32 o litro, enquanto que a Petrobras cobra R$ 0,14 a menos, em média.
Já o litro do diesel S-10 sai da refinaria privada de Mataripe por R$ 3,67, enquanto que a Petrobras repassa aos revendedores de combustíveis por R$ 0,06 a menos.
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Foram três reajustes estabelecidos pela Acelen durante todo o mês de janeiro e apenas um reajuste da Petrobras (no último dia 11), tornando o valor da gasolina e do diesel ainda mais caros.
Em se tratando do valor da gasolina na bomba dos postos de combustíveis na Bahia, na última semana de janeiro, teve consumidor que desembolsou mais de R$ 7,00.
Esse alto preço já era até esperado quando o próprio Fundo Árabe confrontou abertamente o movimento de preços da Petrobras ainda em 2021, na contramão do próprio príncipe herdeiro de Abu Dhabi.
Valor da gasolina praticado pela Acelen é baseado conforme as cotações do petróleo e do dólar
Segundo o Fundo Árabe Mubadala, os combustíveis produzidos pela refinaria privada de Mataripe são commodities internacionais, portanto os preços da gasolina e diesel variam conforme as cotações do petróleo e do dólar.
Diante disso, a operadora árabe diz que tem critérios claros e transparentes para estabelecer os valores dos combustíveis. Além do mais, o Brasil importa bastante petróleo e derivados, fazendo com que o país seja preso pelos valores determinados lá fora.
Já executivos do setor entendem que a Acelen está criando um novo parâmetro de comparação de preços de combustíveis no Brasil, uma vez que está acompanhando as variações de valores internacionais mais de perto do que a própria Petrobras.
Privatizações de refinarias fará com que aumento do valor da gasolina vire tendência?
O fundo soberano árabe Mubadala, do príncipe Abu Dhabi, assumiu a refinaria de petróleo Landulpho Alves-Mataripe (RLAM) – agora refinaria privada de Mataripe – em dezembro de 2021. Daí, a empresa Acelen foi fundada objetivando realizar a gestão e operação. A compra foi adquirida da Petrobras em março 2021 por US$ 1,65 bilhão.
Caso a privatização das refinarias se torne uma tendência no Brasil, os especialistas entendem que o ocorre na Bahia possa se tornar comum em todo o país.
Para o economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais do Observatório Social da Petrobras, “a empresa compradora passará a cobrar preços ainda mais elevados do que já pagamos hoje”.
Outra refinaria já vendida pela Petrobras é a Isaac Sabbá (REMAN) que fica em Manaus (AM). Quem comprou foi a Ream Participações, veículo societário de propriedade dos sócios da Atem´s Distribuidora de Petróleo, por US$ 189,5 milhões. Mas ela ainda permanece sendo operada pela Petrobras.
Em relação às suas políticas de preços, a Petrobras defende o alinhamento às cotações internacionais para atrair investimentos e garantir o abastecimento.