A Refinaria Duque de Caxias (REDUC) conquista a certificação internacional ISCC CORSIA, ampliando o protagonismo do Brasil na produção de SAF e impulsionando a aviação sustentável e a descarbonização industrial
A Refinaria Duque de Caxias (REDUC), localizada no Rio de Janeiro, tornou-se a primeira refinaria brasileira a obter a certificação internacional ISCC CORSIA para produção de SAF (Sustainable Aviation Fuel) pela rota HEFA (Hydroprocessed Esters and Fatty Acids). Segundo matéria publicada pela Petronotícias, a conquista representa um avanço significativo na aviação sustentável e reforça o compromisso do país com a descarbonização da indústria.
Certificação internacional ISCC CORSIA para a REDUC
A certificação internacional ISCC CORSIA foi emitida em outubro de 2025, após a REDUC receber autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em maio do mesmo ano para iniciar a produção de SAF.
Essa certificação garante que o combustível atenda aos padrões globais de sustentabilidade e rastreabilidade, essenciais para a redução de emissões de gases de efeito estufa no setor aéreo.
-
Brasil lança ‘Belém 4x’ para quadruplicar combustíveis sustentáveis até 2035 com apoio de Japão, Itália e Índia na pré-COP30
-
Japão desenvolve bateria de hidrogênio inovadora: eficiência supera lítio e promete revolucionar energia renovável e mobilidade sustentável
-
Brasil e China firmam acordo para desenvolver combustível sustentável de aviação (SAF), promovendo inovação, descarbonização e parcerias estratégicas no setor aéreo internacional
-
Inovação ferroviária: Vale fecha parceria com Wabtec para testar uso de etanol em locomotivas visando descarbonização, redução de emissões e avanço em biocombustíveis
A Petrobras dá mais um passo rumo à transição energética justa, afirmou William França, diretor de Processos Industriais e Produtos da estatal. Segundo ele, o SAF produzido pela REDUC é uma solução estratégica de baixo investimento e rápida implementação, que contribui efetivamente para a descarbonização do setor aéreo.
SAF: combustível estratégico para a aviação sustentável
O SAF é um combustível alternativo ao querosene de aviação convencional, produzido a partir de matérias-primas renováveis como óleos vegetais e resíduos orgânicos. A rota HEFA utilizada pela REDUC permite o coprocessamento desses insumos com correntes tradicionais de petróleo, sem necessidade de alterações nas aeronaves ou na infraestrutura de abastecimento.
Isso torna o SAF uma solução prática e imediata para reduzir as emissões de carbono da aviação, especialmente em voos internacionais, que passarão a exigir esse tipo de combustível a partir de 2027, conforme determina a Lei do Combustível do Futuro e o programa CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation).
Capacidade de produção da REDUC e potencial de mercado
A REDUC está autorizada pela ANP a incorporar até 1,2% de matéria-prima renovável na produção de SAF por meio da rota HEFA. A expectativa é que a refinaria comece a comercializar até 50 mil metros cúbicos por mês (equivalente a 10 mil barris por dia) nos próximos meses.
Esse volume é compatível com a exigência de redução de 1% das emissões de gases de efeito estufa para a aviação doméstica até 2027. Além disso, o uso de matérias-primas de baixa intensidade de carbono garante que o SAF produzido esteja alinhado com os padrões internacionais de sustentabilidade.
A produção nacional certificada pela REDUC representa um passo estratégico para atender à demanda crescente por combustíveis limpos, especialmente em um mercado global que busca alternativas viáveis para a descarbonização da indústria.
Avanços técnicos e liderança da Petrobras
A conquista da certificação internacional pela REDUC é mais do que um reconhecimento técnico — é um símbolo da capacidade brasileira de liderar a transição energética.
Ao investir em tecnologias de baixo carbono e em soluções sustentáveis, a refinaria contribui diretamente para a descarbonização da indústria e para o cumprimento das metas climáticas globais.
Além da REDUC, a Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP), também realizou testes para produção de SAF, evidenciando o avanço da Petrobras na pesquisa e desenvolvimento de combustíveis renováveis.
O SAF gerado por coprocessamento é competitivo e consolida a transição energética justa, destacou Claudio Schlosser, diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras. Ele também ressaltou que o Brasil está na vanguarda das exigências globais, abrindo caminho para uma aviação mais sustentável.
Descompasso entre avanços industriais e políticas públicas
Enquanto a Petrobras anuncia marcos concretos na produção de SAF, o Ministério dos Aeroportos assinou recentemente um memorando de entendimentos com uma empresa chinesa para iniciar estudos sobre o tema.
Esse episódio reforça a importância de alinhar políticas públicas com as capacidades técnicas e industriais do país, garantindo que os investimentos em inovação e sustentabilidade sejam reconhecidos e potencializados.
A REDUC já possui tecnologia, certificação internacional e autorização regulatória para produzir SAF, enquanto o governo ainda busca parcerias externas para estudar o tema. Essa desconexão pode limitar o aproveitamento imediato do potencial nacional.
REDUC e o futuro da energia limpa no Brasil
A certificação ISCC CORSIA obtida pela REDUC marca um divisor de águas na aviação sustentável brasileira. Com capacidade técnica, autorização regulatória e alinhamento com padrões globais, a refinaria está pronta para liderar a produção de SAF no país.
Esse avanço não apenas contribui para a descarbonização da indústria, mas também fortalece a posição do Brasil como protagonista na transição energética. Em um cenário global cada vez mais exigente em relação à sustentabilidade, iniciativas como essa são fundamentais para garantir competitividade, inovação e responsabilidade ambiental.