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Quem aprovou isso e por que ainda está sendo feito? Correia molhada, também conhecida como correia banhada a óleo

Escrito por Rafaela Fabris
Publicado em 21/11/2024 às 14:24
Quem aprovou isso e por que ainda está sendo feito? Correia molhada, também conhecida como correia banhada a óleo
Entenda por que a polêmica tecnologia da correia em motores a óleo continua sendo adotada, mesmo após anos de falhas e prejuízos para consumidores e fabricantes. (Imagem: Reprodução)

A tecnologia da correia banhada a óleo levanta dúvidas sobre sustentabilidade, desempenho e escolhas da indústria automobilística. Por que ela ainda existe?

A correia banhada a óleo foi apresentada como uma inovação promissora quando a Ford lançou a tecnologia em 2007. Porém, o tempo revelou problemas críticos que geraram dúvidas: quem aprovou essa solução e por que ela ainda é usada? Vamos explorar como essa escolha tecnológica impacta consumidores e o futuro do setor automotivo.

A história da correia banhada a óleo

A história da correia dentada remonta ao carro Glas 1004, de 1962, o primeiro a usar uma correia de borracha para acionar o comando de válvulas. Esse conceito revolucionou o design de motores, oferecendo vantagens como menor ruído, redução de vibrações e uma construção mais leve.

Glas 1004, de 1962

Décadas depois, a Ford transformou a correia de borracha em uma peça ainda mais peculiar: a correia banhada a óleo. Diferente das correias tradicionais, essa versão operava mergulhada em óleo.

Prometendo maior durabilidade e uma economia de combustível de até 1%, a tecnologia parecia inovadora. Mas havia um detalhe que preocupava especialistas desde o início: a incompatibilidade química histórica entre borracha e óleo quente.

Por que a tecnologia falhou?

Apesar dos esforços da Ford e de outros fabricantes para adaptar a tecnologia – utilizando materiais como borracha HNBR e revestimentos de PTFE – os problemas começaram a aparecer. O desgaste acelerado da correia banhada a óleo levou a falhas catastróficas de motores em muitos casos, gerando prejuízos significativos para os proprietários.

Relatos de correias que falharam muito antes do intervalo recomendado de substituição, frequentemente em torno de 100 mil km, são comuns. Partículas de borracha desprendidas obstruem os sistemas de lubrificação, causando perda de pressão de óleo e danos irreversíveis.

O custo para o consumidor e o meio ambiente

A proposta de economia de 1% no consumo de combustível, equivalente a cerca de 90 reais por ano, não compensa os custos de manutenção e os danos ao meio ambiente. Milhares de motores foram descartados devido à impossibilidade de reparo, gerando desperdício de recursos e aumento na pegada de carbono.

Muitos questionam como a correia banhada a óleo foi aprovada, dado o conhecimento prévio de que a borracha não se comporta bem em contato prolongado com óleo quente. Mesmo com a crescente evidência de falhas, fabricantes continuaram a empregar a tecnologia, priorizando o lucro em detrimento da confiabilidade e da sustentabilidade.

Curiosamente, montadoras japonesas, exceto por raras exceções, nunca adotaram essa abordagem. Talvez isso reflita uma postura mais conservadora e focada na longevidade dos veículos.

O futuro da correia banhada a óleo

Hoje, há sinais de que fabricantes estão voltando a usar correias secas ou correntes, tecnologias mais confiáveis. No entanto, a transição ocorre somente após anos de prejuízos para consumidores e danos à reputação das montadoras.

A história da correia banhada a óleo é um alerta sobre decisões tecnológicas motivadas por lucro e não pela confiabilidade. Para consumidores, a lição é clara: ao comprar um veículo, informe-se sobre o tipo de motor e evite modelos com essa tecnologia. Afinal, como a indústria demonstra, nem toda inovação é realmente um avanço.

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Rafaela Fabris

Fala sobre inovação, energia renováveis, petróleo e gás. Atualiza diariamente sobre oportunidades no mercado de trabalho brasileiro.

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