1. Início
  2. /
  3. / Quebra de monopolio limita a participação da Petrobras a 50% das vendas de gás no país
Tempo de leitura 3 min de leitura

Quebra de monopolio limita a participação da Petrobras a 50% das vendas de gás no país

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 03/05/2019 às 01:00
Atualizado em 02/05/2019 às 22:17

Sem categoria

O estudo, que projeta limitar a participação da estatal a 50% das vendas de gás no País, sugere a venda de gasodutos, cessão de contratos de fornecimento para empresas privadas e a criação do consumidor livre de gás.

O estudo que baseia a proposta de eliminação do monopólio da Petrobras no setor de gás prevê investimentos potenciais de US$ 60 bilhões (em torno de R$ 240 bilhões com a atual cotação do dólar), caso seja atingida a meta de reduzir o preço do combustível no País. De acordo com a projeção, os recursos seriam desembolsados por investidores ao longo dos quatro anos subsequentes à quebra do monopólio da Petrobras no refino e abrangeriam a ampliação da infraestrutura de abastecimento e da capacidade industrial de setores que cresceriam com a queda de preço do gás.

Em quatro anos, a oferta de gás natural no Brasil passará dos atuais 60 milhões de m³/dia para 160 milhões m³/dia. Mas o combustível extra proporcionado pelas reservas do pré-sal pode ser desperdiçado se não existir demanda. A Petrobras, que sempre controlou a cadeia (exploração, tratamento e distribuição) e ditou os investimentos no setor tinha planos para o gás excedente. A estatal construiu fábricas de fertilizantes e terminais de GNL (Gás Natural Liquefeito) que poderiam ser usados para exportação.

No entanto, os escândalos de corrupção e a crise financeira forçou a empresa a anunciar um plano de desinvestimento de US$ 21 bilhões, colocando à venda quase todos os ativos da área. Como na maioria das reservas o gás é associado ao petróleo, não ter destino para ele significa frear a exploração de óleo, logo, uma opção que nunca esteve na mesa.

Segundo o governo, a tendência é que os preços dos combustíveis caiam sem o monopólio no refino . A redução de preço do gás é uma das prioridades da equipe econômica, que espera efetivação das medidas em até 60 dias. A meta é reduzir o preço do gás dos atuais US$ 12 (R$ 48) por milhão de BTU (medida de poder calorífico) para o valor entre US$ 5 e US$ 6 (de R$ 20 a R$ 24), variando de acordo com a distância entre o local e a costa.

“O preço cobrado do consumidor final, resultado da desestruturação do setor, das ineficiências geradas pela regulação e do comportamento dos agentes dominantes nas áreas da produção, transporte e distribuição, é um dos mais elevados do mundo”, destaca o estudo.

Se alcançada, a redução de tarifas deve deflagrar uma nova onda de investimentos nos setores de siderurgia, petroquímico, cerâmico e de fertilizantes. Segundo um estudo da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE), a redução de cada R$1/MWh no custo da energia representa um aumento da riqueza nacional de R$ 4 bilhões em 10 anos. “Preços competitivos de gás e energia elétrica podem agregar 1% de crescimento anual ao PIB brasileiro e 12 milhões de empregos no mesmo período”, afirma Paulo Pedrosa, ex-secretário do Ministério de Minas e Energia e presidente da entidade que reúne mais de 50 empresas responsáveis por 42% do consumo industrial de gás natural. “O impacto na balança comercial será grande.”

A expectativa é que o setor de petróleo e gás possa ter investimentos de US$ 10 bilhões (R$ 40 bilhões) voltados à construção de quatro novos gasodutos marítimos, quatro unidades de tratamento de gás e ampliação da capacidade de transporte do combustível no continente.

Mineração de ferro e alumínio poderia atrair outros US$ 19 bilhões (R$ 75 bilhões) para a instalação de dez plantas de beneficiamento de minério de ferro e duas plantas de beneficiamento de alumínio, segmento que ‘fugiu’ do Brasil diante dos altos preços da energia local.

Petrobras conclui venda da refinaria de Pasadema por menos da metade do valor

Tags
Paulo Nogueira

Com formação técnica, atuei no mercado de óleo e gás offshore por alguns anos. Hoje, eu e minha equipe nos dedicamos a levar informações do setor de energia brasileiro e do mundo, sempre com fontes de credibilidade e atualizadas.

Compartilhar em aplicativos