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Provocação a China: EUA vão revitalizar base naval da Guerra Fria como maior centro de armas do planeta perto dos chineses

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 10/09/2025 às 09:04
EUA e Filipinas revitalizam Subic Bay como megacentro de armas, elevando tensões com a China e reposicionando forças no disputado Mar do Sul.
EUA e Filipinas revitalizam Subic Bay como megacentro de armas, elevando tensões com a China e reposicionando forças no disputado Mar do Sul.
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Parceria entre EUA, Filipinas e Coreia do Sul transforma Subic Bay em polo militar estratégico, ampliando produção naval e fortalecendo presença americana no Indo-Pacífico.

Os Estados Unidos avançam com planos para transformar a Baía de Subic, nas Filipinas, no maior centro de fabricação de armas do mundo. A região já foi palco da maior base naval americana na Ásia durante a Guerra Fria. Agora, a movimentação responde ao crescimento militar da China no Indo-Pacífico.

O impulso veio quando o presidente filipino Ferdinand Marcos Jr. inaugurou o novo estaleiro da HD Hyundai Heavy Industries Philippines. A instalação ocupa o antigo complexo da Hanjin, agora rebatizado de Agila Subic pela americana Cerberus Capital Management.

Com investimentos dos EUA e da Coreia do Sul, a expectativa é que o estaleiro dobre a capacidade naval do país para 2,5 milhões de toneladas por ano. O local deve empregar mais de 4.000 trabalhadores até 2030.

Capacidade militar e comercial

Embora a cerimônia tenha dado destaque ao setor comercial, autoridades destacaram que o estaleiro terá impacto direto na modernização naval filipina.

A HD Hyundai já forneceu fragatas e navios de patrulha para Manila e agora posiciona Subic como um polo regional de produção de embarcações militares.

Segundo o embaixador sul-coreano em Manila, o estaleiro é resultado de uma parceria tripla: tecnologia da Coreia, financiamento dos EUA e mão de obra e localização das Filipinas.

Estratégia de defesa

O plano se conecta à instalação de sistemas avançados de mísseis americanos nas Filipinas. Marcos Jr. chamou a iniciativa de parte de uma “defesa autossuficiente” e de resposta direta à China no Mar das Filipinas Ocidental.

Durante encontro em Washington, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que as Filipinas terão “mais munição do que qualquer outro país”, incluindo mísseis de longo alcance e antinavio.

Recentemente, os fuzileiros navais dos EUA alugaram discretamente um armazém de 57.000 pés quadrados dentro do antigo Depósito de Suprimentos Navais de Subic.

Localização estratégica

Subic Bay está a cerca de 90 quilômetros de Manila e em posição estratégica frente à China. A distância até Shenzhen e Taipei é de 1.100 quilômetros.

Para Xangai, são 1.800 quilômetros, e até Pequim, 2.800. Tudo dentro do alcance dos mísseis balísticos chineses.

O plano prevê produção e armazenamento de munição em larga escala. Isso permitirá respostas conjuntas rápidas em caso de conflito.

Em 2023, Manila já havia expandido de cinco para nove as bases acessíveis aos militares americanos. Também aceitou hospedar os mísseis “Typhoon”, de alcance intermediário, e o antinavio “Nemesis”.

Investimento inédito

O movimento sinaliza a transição de uma presença rotativa para uma instalação permanente dos EUA nas Filipinas. Segundo o Laboratório de Pesquisa Naval americano, trata-se do maior investimento de defesa no país desde a Guerra Fria.

Histórico da base

A Baía de Subic foi um ponto-chave de operações dos EUA durante a Guerra Fria. Em 1992, após votação no Senado filipino, os americanos se retiraram.

Nos anos seguintes, a área virou zona econômica e passou a abrigar estaleiros. Mas a ausência dos EUA abriu espaço para a China ampliar atividades no Mar do Sul da China, incluindo a construção de ilhas artificiais militarizadas.

As Filipinas, em resposta, renomearam em 2012 sua parte marítima como “Mar das Filipinas Ocidental”.

Reversão política

Desde que Marcos Jr. assumiu em 2022, o país estreitou laços com Washington, revertendo a linha de aproximação com Pequim adotada pelo ex-presidente Rodrigo Duterte.

Mesmo assim, o projeto enfrenta resistência interna. A vice-presidente Sara Duterte advertiu que as Filipinas podem virar um “escudo de balas” para os EUA.

O Centro Internacional para os Direitos Humanos nas Filipinas classificou o plano como extensão do “complexo militar-industrial americano” e pediu sua rejeição.

Tensões crescentes

Em junho, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou um estudo de viabilidade para o projeto, com prazo até 2026. O objetivo é suprir a falta de produção de munição avançada no Indo-Pacífico, incluindo nitrocelulose e nitroglicerina.

A China já demonstrou oposição aberta. Autoridades de Pequim alertaram que o aumento da presença militar dos EUA nas Filipinas pode agravar tensões regionais.

No mês passado, o governo chinês acusou Manila de “brincar com fogo” após Marcos Jr. declarar que não ficaria neutro em um eventual conflito em Taiwan.

Além disso, seis cidadãos chineses foram presos recentemente em Subic por suspeita de espionagem, ampliando o clima de desconfiança.

Mudança estratégica

Se levado adiante, o centro de Subic Bay transformará profundamente a política de defesa filipina. Também reforçará a estratégia americana de conter o avanço chinês no Indo-Pacífico.

A medida deve influenciar diretamente a segurança no Mar da China Meridional durante as próximas décadas.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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