A maior usina de urânio do Brasil recebeu recentemente a licença de localização, permitindo que a construção possa começar em breve. No entanto, esse empreendimento está gerando um debate acalorado entre especialistas, ambientalistas e a população local.
Nos últimos dias, o projeto para a construção da maior usina de urânio do Brasil recebeu a licença de localização. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) autorizou a instalação da usina em Santa Quitéria, no Ceará, a aproximadamente 220 km de Fortaleza. No entanto, essa proposta tem gerado polêmicas e dividido opiniões. Enquanto alguns defendem os benefícios econômicos e a geração de energia que a usina trará, outros expressam preocupações com os impactos ambientais, os riscos de radiação e o alto consumo de recursos hídricos. Entenda os diferentes pontos de vista sobre este projeto controverso e as implicações para a comunidade local e o futuro da energia no Brasil.
Entenda as discussões envolvendo a maior usina de urânio do Brasil
Agora, o próximo passo é que sejam realizados estudos para garantir a segurança nuclear e radiológica da construção e é este um dos maiores receios envolvendo o projeto. A região já conta com um nível de radiação acima da média, justamente pela presença de reservas de urânio.
A preocupação é que isso cresça ainda mais, podendo gerar problemas à saúde dos moradores. Além disso, o uso de grande quantidade de água na unidade gera discussões. A maior usina de urânio do Brasil deve ser operada pela Indústria Nucleares do Brasil (INB) e pela Galvani Fertilizantes, que juntos formam o consórcio Santa Quitéria.
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Os empreendedores afirmam que não há riscos e que o projeto é seguro. Atualmente, a exploração de urânio no país ocorre apenas em Caetité, na Bahia. A proposta prevê explorar a área de 4.042 hectares da fazenda Itatiaia por duas décadas.
A região conta com uma reserva de 8,9 milhões de toneladas de fosfato de 80 mil toneladas de urânio. O investimento total deve ser de R$ 2,3 bilhões.
Ibama se pronuncia sobre construção da nova usina de urânio
Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear, a concessão foi realizada após avaliação do Relatório do Local pelo corpo técnico da CNEN de vários aspectos, incluindo geográficos, hidrológicos, geológicos, hidrogeológicos, geotécnicos, sismológicos, meteorológicos, de processos operacionais, de gerência de rejeitos e de proteção radiológica ambiental.
A CNEN considerou que o Requerente, nesta primeira etapa, atendeu de forma satisfatória os requisitos. Agricultores familiares e pequenos pecuaristas que produzem alimentos e criam animais na região foram ouvidos por jornalistas.
Outro problema na construção da maior usina de urânio do Brasil é a histórica carência de água na região. A expectativa é que a construção seja vetada pelo Ibama. A entidade, quando procurada, informou que a equipe técnica “avalia a conformidade do EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) do projeto”.
Essa análise anda em paralelo e independentemente das emissões da licença da CNEN para o projeto. Assim que o estudo ambiental for recebido, o Ibama começará a análise do mérito do EIA/Rima, seguindo o procedimento de licenciamento de acordo com o estabelecido para a fase de análise de Licença Prévia.
Consórcio Santa Quitéria afirma que maior usina de urânio do Brasil será segura
Em 2022, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) divulgou um relatório apontando problemas e sugerindo que os licenciamentos não fossem concedidos. Para o órgão federal, faltam dados claros sobre a radiação e cita como exemplo a proibição de acesso aos três túneis que foram feitos ainda nos anos 1980 para prospecção no projeto-piloto.
Contudo, o Consórcio Santa Quitéria garante que a maior usina de urânio do Brasil será segura e não representará danos à saúde dos trabalhadores e das pessoas que moram nas localidades vizinhas.
As empresas afirmaram que todos os possíveis impactos ambientais foram estudados, e que medidas para reduzi-los e controlá-los serão implementadas. Já em relação ao uso de água, observou que, em caso de escassez, a lei prevê prioridade para o abastecimento humano e animal.