A Lojas Americanas conta com prejuízo enorme, e o consumidor brasileiro pode ser o último a escapar do rombo. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial. Entenda mais sobre o caso.
Após um rombo de R$ 20 bilhões em seu balanço do último ano e de anos anteriores, a Lojas Americanas anunciou recentemente que entrou em recuperação judicial. Com uma dívida de aproximadamente R$ 43 bilhões, há uma lista com cerca de 16,3 mil credores. Aqueles que terão prioridade para receber a quantia serão bancos, consumidores ou trabalhadores. Esta fila possui uma ordem e há um caminho a ser percorrido até chegar no momento certo do pagamento.
Entenda como acontecerá o pagamento do prejuízo da Americanas
Ao entrar em recuperação judicial, a empresa blinda seu caixa de cobranças realizadas por credores por 6 meses, um prazo que pode ser prorrogado. É justamente neste período que deve começar a negociar com todos aqueles a quem está devendo pagamentos para montar o plano de recuperação, que deve ser aprovado em assembleia de credores, estes que estão separados por categorias e possuem uma ordem de prioridade de pagamento de dívidas.
No topo da lista estão aqueles que trabalham na empresa. Desta forma, estes serão os primeiros a receber. Logo depois, estão os credores que possuem dívidas com garantia junto à companhia. Em seguida, sai o pagamento dos créditos fiscais e, por fim, vem aqueles que não contam com qualquer preferência sobre os outros grupos de credores.
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Desta forma, os consumidores estão no fim da fila, ainda que possuam seus direitos de ressarcimento preservados. Também estão entre os últimos os fornecedores varejistas, a depender de quanto tempo levará até a aprovação do plano de recuperação, que na avaliação de especialistas pode ser de dois anos.
Rombo bilionário
No último dia 11 de janeiro, o anúncio de uma inconsistência contábil de 20 bilhões envolvendo operações de risco sacado da Lojas Americanas desencadeou uma crise de grande proporções na varejista, gerando batalhas no campo jurídico e recuperação judicial com bancos credores.
Em linhas gerais, este é um processo de antecipação de recebíveis pela modalidade de cessão de crédito. Por meio de uma triangulação de operações, a empresa inclui um banco na operação, de forma que a instituição financeira antecipe esse pagamento ao fornecedor desta companhia com um deságio. É uma operação bastante comum para o funcionamento do setor varejista.
Desta forma, quando uma empresa possui uma demanda financeira, ou uma dívida a ser paga, pode fazer um acordo com o banco, obtendo o dinheiro para pagar seu fornecedor através de uma instituição financeira. A partir daí, a empresa deve pagar a quantia emprestada posteriormente, com juros que variam conforme o prazo de término do investimento.
Por que o prejuízo não foi notado antes?
As empresas contabilizam a dívida de formas diferentes. Algumas contabilizam suas operações ao lado de fornecedores, mas nas notas explicadas fazem a separação e mencionam o que é o risco sacado. Outras mudam de linha do balanço e há também aquelas que lançam como dívida bancária.
Segundo especialistas, em um cenário mais recente, de juros mais baixos, foi possível ocultar o prejuízo da Americanas, fazendo com que a diferença entre fluxo e lucro de caixa não fosse tão marcante.
No momento em que foi possível notar um aumento significativo nas taxas de juros, somado a um período mais complicado para o setor, com desaceleração no comércio eletrônico, foi possível ver a inconsistência, que pode ter ficado mais evidente para aqueles que possuíam valores mais diretos e quantias maiores, somado ainda à mudança de gestão.
Fonte: UOL Notícias