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Por que o Quênia joga milhões dessas bolinhas na natureza

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 26/06/2025 às 08:55
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Quênia tem método simples, barato e eficaz, aproveitando carvão vegetal e espécies nativas para regenerar áreas degradadas.

Uma iniciativa curiosa e inovadora vem chamando atenção no Quênia. Em vez de técnicas tradicionais de reflorestamento, ativistas ambientais e empresas locais estão usando pequenas bolas escuras para recuperar áreas degradadas.

Elas não são feitas de cimento, como algumas pessoas pensam, mas sim de carvão vegetal, argila e sementes de árvores nativas.

Essas “seedballs”, ou bolas de sementes, estão ajudando a devolver o verde para regiões antes destruídas pelo desmatamento ou queimadas.

Como as bolas de sementes são feitas

As seedballs são produzidas com um processo simples.

Primeiro, escolhem-se sementes de espécies nativas e adaptadas ao ecossistema local.

Em seguida, essas sementes são envoltas em uma mistura de pó de carvão vegetal (biochar) e um pouco de argila. O objetivo é criar uma camada protetora em torno da semente.

Essa proteção tem várias funções. Evita que a semente seja comida por animais como roedores e aves. Também ajuda a conservar umidade e protege contra o sol forte ou chuvas intensas.

Quando chove o suficiente, a camada externa se dissolve e a semente pode germinar. Com sorte, ela se transforma em uma nova árvore.

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Tecnologia de baixo custo com alto potencial

O método ganhou força graças à empresa Seedballs Kenya, criada por Teddy Kinyanjui.

Desde 2016, a empresa já produziu e distribuiu mais de 50 milhões de bolas de sementes.

Elas são espalhadas em áreas desmatadas, principalmente por meio de caminhadas, voos de helicóptero ou até lançadas por turistas e voluntários em visitas a reservas naturais.

As espécies escolhidas incluem principalmente acácias e gramíneas nativas.

Essas plantas ajudam a fixar nitrogênio no solo, evitar erosão e criar condições para o surgimento de mais vegetação no futuro.

Em muitas regiões do país, os agricultores e moradores locais também participam, lançando bolas de sementes em suas comunidades.

Resultados práticos, apesar de limitações

A taxa de germinação das seedballs é baixa: estima-se que entre 5% e 10% das sementes brotam. Isso pode parecer pouco, mas o custo é muito baixo e a escala é grande. Uma única pessoa consegue jogar centenas de bolas em um único dia. Isso compensa as perdas naturais do processo.

Além disso, algumas sementes ficam dormentes por meses ou até anos, esperando as condições ideais de chuva e temperatura para brotar.

Esse comportamento é comum em regiões de clima seco, como partes do Quênia. Com o tempo, as áreas antes áridas começam a ganhar sombra, umidade e vida novamente.

O uso de seedballs no Quênia mostra que é possível recuperar áreas degradadas com métodos simples, acessíveis e ecológicos. A ideia já começa a inspirar projetos semelhantes em outros países africanos e até fora do continente.

Aos poucos, essas pequenas bolas escuras ajudam a transformar paisagens e a restaurar ecossistemas. E provam que, mesmo com recursos limitados, é possível fazer muito pela natureza.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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