O Brasil não está diretamente ligado à guerra envolvendo Rússia e Ucrânia, mas as sanções contra os russos ameaçam a economia brasileira e traz a tona o fato de que o país não produz fertilizantes há 8 anos.
Cerca de 80% dos fertilizantes usados na produção agrícola do Brasil vêm do exterior, sendo que 23% desses adubos são da importação da Rússia, de acordo com dados do Ministério da Economia. Só em 2021 cerca de 41,6 milhões de toneladas foram compradas, ao custo de USD 15,1 bilhões. Valores altos que poderiam ser minimizados se caso houvesse produção nacional. Porém a Petrobras abriu mão desse tipo de produção.
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Parece difícil de entender como uma potência mundial em agricultura necessita de importação de fertilizantes. Mas resposta é simples e direta: falta de infraestrutura e de políticas públicas.
A Petrobras chegou a ser dona de pelo menos 4 fábricas de fertilizantes, sendo que três desses empreendimentos – localizados em Camaçari (BA), Laranjeira (SE) e Três Lagoas-MS – foram vendidas nos últimos anos.
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A última, chamada Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), foi repassada grupo empresarial Acron, da Rússia. Estava à venda desde 2017, ano em que a Petrobras bateu o martelo sobre não querer mais produzir fertilizantes e numa tentativa de repor as perdas financeiras da unidade que este ano já acumulam RS 3,8 bilhões.
Esse, portanto, se tornava o último passo do processo de abandono do mercado de produção de fertilizantes estabelecido após o presidente Michel Temer (MDB) chegar ao comando do Palácio do Planalto. Um plano de negócios da Petrobras, criado após o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
O Brasil também não tem um sistema de dutos capaz de escoar o gás utilizado para a produção de fertilizantes nitrogenados. São apenas 40 mil quilômetros de canos, o que também é criticado por outros setores.
Quando as fábricas de fertilizantes pertencentes à Petrobras estavam ativas, o Brasil consumia cerca de 30 milhões de toneladas de fertilizantes frutos da importação. Em 2020, esse consumo cresceu para 40 milhões de toneladas e de lá pra cá a dependência só aumentou.
Como reverter o abandono dos fertilizantes no Brasil?
Até antes da guerra entre Rússia e Ucrânia, o fato de o Brasil não produzir mais fertilizantes através da Petrobras parecia não ser tão preocupante. E o abandono do mercado de produção, abrindo caminho para vendas de fábricas que estavam paradas, portanto, se apresentava com um plano totalmente promissor.
Porém, com as sanções aos russos, as exportações de fertilizantes foram suspensas, e agora o Governo, que já havia descartado a possibilidade de buscar os fertilizantes russos, se vê ainda mais pressionado na busca por soluções para manter o abastecimento dos nitrogenados, fosfatados e potássio.
Estabelecer uma parceria com o Canadá, outro exportador importante de fertilizantes, está nos planos do Ministério da Agricultura. A outra alternativa, dessa vez com soluções internas, é o Plano Nacional de Fertilizantes.
O programa anunciado pela ministra Tereza Cristina tem promessa de ser apresentado até o fim de março. Segundo a ministra, o Plano Nacional de Fertilizantes já vinha sido planejado e coincide com a atual crise oriunda guerra no leste europeu.
“Isso nós pensamos lá atrás. O Brasil, uma potência agro, não poderia ficar nessa dependência do resto do mundo, de mais de 80% nos três produtos, de vários países”.
Palavras de Tereza Cristina na quinta-feira (03) durante transmissão ao vivo do presidente Jair Bolsonaro.
Fábrica de potássio em Sergipe está parada e aguardando planta industrial
No município de Capela, em Sergipe, existe um poço de potássio com cerca de 1.620 mil metros de profundidade que, se funcionasse, poderia aumentar a produção do fertilizante em 54%, diminuindo a necessidade de importação em 50%.
Estimativas é que no local exista uma jazida com reservas de 4.70 bilhões de toneladas de potássio, com previsão de retirada de 1,2 milhão de toneladas do produto por ano. O projeto poderia gerar arrecadação de R$ 100 milhões por ano de ICMS e royalties.
Guerra na Ucrânia expõe Petrobras em relação aos fertilizantes e pressiona estatal sobre preços dos combustíveis
Se já não bastasse a alta no valor dos combustíveis no Brasil, a guerra no leste europeu pode trazer ainda mais aumento na gasolina e no diesel.
Isso porque a Rússia é o segundo país que mais vende petróleo. Porém com a guerra e as sanções relacionadas, a logística de distribuição é afetada, fazendo com que o valor do barril do produto alcance valores altos.
Esta semana o valor do barril do petróleo ultrapassou a casa dos USD 110. O caso é que a política de preços dos combustíveis da Petrobras é baseada no preço do dólar. Por isso, há a possibilidade mais aumento nos postos.