Como os investimentos chineses em infraestrutura e agronegócio estão moldando a relação Brasil-China e impactando o comércio regional.
A China tem investido significativamente em diversos países ao redor do mundo, e o Brasil não é exceção. Um levantamento do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos revela que, até 2022, a China fez aportes em mais de 170 nações. Esse movimento reforça a intenção do país asiático de aumentar sua presença global, e o Brasil se destaca como um dos destinos preferidos desses investimentos.
O Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) aponta que os investimentos estão concentrados em áreas como infraestrutura, portos e ferrovias, e vê uma oportunidade para aumentar ainda mais esses aportes. Tulio Cariello, diretor de conteúdo do CEBC, foi entrevistado recentemente pelo site Jovem Pan e explicou melhor o contexto e as implicações dessa relação.
Investimentos da China em infraestrutura
A China tem investido estrategicamente em infraestrutura ao redor do mundo, com projetos notáveis em portos e sistemas de transporte.
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No Brasil, o Porto de Paranaguá é um exemplo de como esses investimentos chineses podem influenciar o controle marítimo.
Cariello explica que o controle do escoamento de produtos é crucial para a China, que se tornou um dos principais parceiros comerciais de muitos países sul-americanos.
Historicamente, o comércio com a China dependia de intermediários internacionais dos Estados Unidos e da Europa.
Com o crescimento da demanda chinesa e o aumento das vendas da América do Sul, a China tem buscado investir diretamente na infraestrutura de transporte e armazenamento para ter maior controle sobre o escoamento desses produtos.
Esses investimentos são vistos como uma estratégia para consolidar sua influência na região e garantir um fluxo contínuo de commodities essenciais.
Embora o Porto do Peru não tenha um impacto direto significativo sobre o Brasil, o investimento na infraestrutura portuária do Peru pode beneficiar indiretamente o Brasil.
O objetivo do Peru é melhorar o acesso à Ásia e, consequentemente, facilitar o comércio regional.
A maior eficiência no transporte pode ajudar a dinamizar o comércio regional, beneficiando países vizinhos, como o Brasil.
Para o Brasil, a maior importância desses investimentos está em atrair investimentos similares para suas próprias infraestruturas.
Atualmente, a China investe mais em energia, especialmente em eletricidade e petróleo, do que em infraestrutura tradicional, como ferrovias e portos.
A potencial expansão desses investimentos pode ajudar a resolver gargalos históricos e promover um desenvolvimento mais equilibrado.
Afinal, por que a China foca no Brasil?
O Brasil, como uma economia emergente, possui um grande potencial para atrair investimentos.
Não é apenas a China que vê o Brasil como um destino atraente; o país figura frequentemente entre os maiores destinos de investimento externo no mundo.
O marco regulatório brasileiro facilita a entrada de investidores internacionais, o que é um ponto positivo para a China, a qual é uma das nações que mais investe globalmente.
O setor agropecuário é uma área de interesse especial para a China. O Brasil é um fornecedor chave de commodities como soja e carnes, e a China investe em empresas que atuam na cadeia produtiva do agro, como a Cofco e a Long Ping.
No entanto, os investimentos chineses ainda são modestos em comparação com o potencial da área, que poderia receber mais aportes.
A influência chinesa no agronegócio e a questão da compra de terras
Há preocupações sobre a China tentar adquirir terras no Brasil, mas Cariello esclarece que isso não é uma meta chinesa.
A legislação brasileira limita a compra de terras por estrangeiros, inviabilizando tais aquisições.
O foco da China tem sido investir em áreas complementares da cadeia produtiva, como o escoamento de produtos e a tecnologia de sementes.
Empresas chinesas, como a Cofco e a Long Ping, investem em infraestrutura e tecnologia no Brasil, tendo benefícios para ambos os lados.
Esses investimentos podem criar empregos e trazer novas tecnologias, e não devem ser vistos como uma forma de “compra” do país.
Riscos e futuro das relações Brasil-China
A relação comercial entre o Brasil e a China é significativa, mas há riscos associados. A China está buscando diversificar seus fornecedores e evitar a dependência excessiva de um único parceiro, o que pode incluir o Brasil.
O país asiático está investindo em novas fontes de fornecimento, inclusive na África e na Ásia, e buscando aumentar sua produção interna de commodities.
Para o Brasil, é crucial buscar novos mercados e reduzir a dependência de um único parceiro.
A África, por exemplo, apresenta oportunidades de mercado que podem complementar as exportações brasileiras e ajudar a mitigar riscos associados a uma dependência excessiva da China.
Os bancos chineses estão se expandindo globalmente, mas no Brasil, a presença deles tem sido mais voltada para investimentos do que para financiamentos.
A China também está promovendo o yuan e investindo em iniciativas de transição energética.
O Brasil, com seu setor agropecuário avançado e tecnologia desenvolvida, pode atrair mais financiamento verde e parcerias em áreas como agricultura de baixo carbono.
Em resumo, os investimentos chineses no Brasil são uma parte importante da relação bilateral, com benefícios para ambos os lados.
A China busca consolidar sua influência e garantir o escoamento de produtos, enquanto o Brasil pode se beneficiar de novos investimentos e tecnologias.
A diversificação de parceiros e a expansão de mercados são essenciais para manter um equilíbrio saudável e reduzir riscos futuros.