A Polícia Federal revelou que uma organização criminosa ligada ao tráfico internacional adquiriu um clube de futebol de São Paulo para disfarçar operações financeiras ilegais, com prisões, apreensões de luxo e indícios de uso do time como fachada
A Polícia Federal confirmou que um clube de futebol de São Paulo foi usado por uma quadrilha de tráfico internacional de drogas para lavar dinheiro. A operação mirou o núcleo financeiro do grupo, que movimentava valores expressivos por meio de empresas de fachada e contratos esportivos manipulados.
Entre os detidos estão empresários e um ex-policial militar, apontado como doleiro da organização. A investigação identificou a compra de um clube tradicional do estado como instrumento central para legitimar os lucros do crime, com transações simuladas e repasses encobertos por atividades esportivas.
Como a quadrilha operava dentro do futebol paulista
A apuração da PF detalha que o grupo criou uma rede de empresas ligadas a eventos, transportes e esportes para mascarar a origem do dinheiro obtido no tráfico. O clube de futebol de São Paulo foi adquirido por um dos líderes do esquema, que usou intermediários com antecedentes criminais para viabilizar a transação.
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O time, historicamente conhecido por campanhas de destaque no Campeonato Paulista e na Libertadores, tornou-se uma vitrine para fluxos de dinheiro sem lastro. Contratações infladas, patrocínios fictícios e transferências entre contas empresariais foram utilizados como mecanismos de lavagem.
A operação da PF teve como alvo a estrutura financeira da organização, responsável por converter recursos do tráfico internacional em investimentos aparentemente legítimos. Três pessoas foram presas em São Paulo e no Paraná, incluindo o ex-policial acusado de intermediar transações cambiais ilícitas.
Durante as ações, foram apreendidos carros de luxo, joias e relógios, bens considerados parte do processo de branqueamento de capitais. Os investigadores acreditam que o clube foi usado como peça de fachada para movimentar valores milionários sem despertar suspeitas no sistema bancário.
Quem são os principais investigados e o elo com o tráfico internacional
O principal alvo da operação é William Barilia Agat, conhecido como “concierge do PCC”. Segundo a PF, ele utilizava seu prestígio dentro do crime organizado para abrir portas em setores legais, inclusive o futebol. A compra do clube foi feita por meio de um antigo comparsa, Manuel Sabino, que chegou a ocupar cargo de direção e já havia sido preso por extorsão na região do Brás, em São Paulo.
Os investigadores rastrearam a movimentação de valores que apontam para uso de contas de empresas fantasmas e intermediação de doleiros, confirmando que a aquisição do time foi apenas um dos braços de um esquema mais amplo. A PF reforça que a transação não teve relação com o grupo que atualmente administra o clube.
Em nota, o clube de futebol de São Paulo envolvido no caso informou que as pessoas citadas tiveram vínculo apenas em gestões anteriores e que está colaborando com as autoridades. A atual diretoria afirma não ter relação com os fatos investigados e reitera que o controle do time foi totalmente transferido antes da deflagração da operação.
A Polícia Federal segue analisando documentos e extratos bancários para identificar outros possíveis canais de lavagem, inclusive investimentos em criptomoedas, eventos esportivos e transferências internacionais. A suspeita é que o futebol tenha sido apenas uma das frentes usadas para disfarçar o lucro do tráfico.
O uso de clubes como instrumentos de lavagem no Brasil
Casos semelhantes vêm sendo monitorados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, que consideram o setor esportivo um ambiente propício à ocultação de recursos devido à alta circulação de dinheiro e baixa rastreabilidade de receitas. Jogos, direitos de imagem e patrocínios são operações que podem ser facilmente manipuladas para legitimar valores ilícitos.
Especialistas em compliance esportivo alertam que a ausência de controles financeiros rígidos em clubes de pequeno e médio porte aumenta o risco de contaminação por capital de origem criminosa. A expansão de investimentos estrangeiros e privados também tem exigido auditorias mais frequentes e transparência nas prestações de contas.
A operação revela como o futebol ainda pode ser explorado como canal de lavagem de dinheiro, especialmente quando se mistura paixão popular e fragilidade de gestão. O caso do clube de futebol de São Paulo reacende o debate sobre a necessidade de mecanismos de controle e rastreabilidade nas entidades esportivas.
Você acredita que os clubes brasileiros precisam de fiscalização financeira mais rígida? Ou o setor já tem ferramentas suficientes para coibir irregularidades? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive isso na prática.