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Petrobras registra prejuízo de mais de 2,5 BILHÕES, mas vai pagar 13 BILHÕES aos seus acionistas

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 09/08/2024 às 01:40
Petrobras. (Foto: divulgação)
Petrobras. (Foto: divulgação)

O cenário financeiro da Petrobras, uma das maiores empresas brasileiras, tomou um rumo inesperado no segundo trimestre de 2024.

Em um momento em que a maioria esperava uma continuidade nos lucros estratosféricos que a estatal vinha registrando, a companhia chocou o mercado ao divulgar um prejuízo superior a R$ 2,5 bilhões. Mas, surpreendentemente, essa perda não impediu a empresa de anunciar o pagamento de robustos R$ 13 bilhões em dividendos aos seus acionistas.

O que explica essa disparidade? Para entender como uma empresa que registrou um prejuízo bilionário ainda consegue recompensar generosamente seus investidores, é preciso analisar o contexto por trás desses números.

A Petrobras justificou o resultado negativo principalmente por dois fatores: a variação cambial e um acordo tributário massivo firmado com o governo federal. A transação, que envolveu a quitação de dívidas fiscais na ordem de R$ 45 bilhões, teve um impacto significativo no balanço contábil da empresa, mas, conforme destacado pela direção da estatal, esse efeito não comprometeu o caixa da companhia.

A nova liderança e o primeiro balanço sob Magda Chambriard

O segundo trimestre de 2024 marcou a estreia de Magda Chambriard como presidente da Petrobras. Ela assumiu o posto em meio a uma tempestade de controvérsias, após a demissão de Jean Paul Prates, que saiu em meio a debates intensos sobre a política de dividendos da empresa.

Essa troca de comando gerou expectativas variadas sobre o futuro da Petrobras, e o primeiro balanço financeiro sob a gestão de Chambriard veio para confirmar que o desafio não seria pequeno.

Apesar do prejuízo, a nova liderança destacou a forte geração de caixa da companhia. Segundo Fernando Melgarejo, diretor financeiro da Petrobras, o fluxo de caixa robusto permitiu que a empresa mantivesse seus compromissos com os acionistas, além de realizar investimentos significativos, que totalizaram US$ 3 bilhões no período.

Impactos e justificativas do prejuízo

O prejuízo de R$ 2,605 bilhões divulgado pela Petrobras no segundo trimestre foi o primeiro resultado negativo da empresa desde 2020. Esse desempenho foi drasticamente diferente do lucro de R$ 28,782 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior e dos R$ 23,7 bilhões conquistados nos primeiros três meses de 2024. A variação cambial e a adesão a um acordo tributário bilionário são apontadas como as principais razões para essa mudança de cenário.

Em junho, a Petrobras decidiu aderir a um programa de quitação de pendências fiscais e tributárias com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e a Receita Federal. Esse acordo, que envolveu montantes que superam os R$ 45 bilhões, visou resolver questões fiscais antigas e, segundo a empresa, trará benefícios a longo prazo. No entanto, os efeitos imediatos desse processo foram sentidos no balanço trimestral, resultando no impacto negativo registrado.

Ainda assim, “sem esses eventos exclusivos, o lucro líquido do segundo trimestre teria alcançado US$ 5,4 bilhões,” afirmou Fernando Melgarejo em um relatório. Ele também ressaltou que o Ebitda ajustado da empresa, que mede o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, teria sido de US$ 12 bilhões, alinhado com os números do trimestre anterior.

Ebitda, receitas de vendas e produção de petróleo

Mesmo com o cenário adverso, a Petrobras apresentou números robustos em algumas áreas. O Ebitda ajustado da companhia alcançou R$ 49,7 bilhões entre abril e junho de 2024, o que representa uma queda de 12,3% em relação ao segundo trimestre de 2023. Em comparação com os primeiros três meses deste ano, o Ebitda sofreu um recuo de 17%, influenciado principalmente por margens menores em diesel e gasolina, além do aumento nas importações.

Apesar disso, a empresa conseguiu compensar parte dessas perdas com o aumento das receitas provenientes das exportações, impulsionadas pela valorização do petróleo tipo Brent. A receita de vendas da Petrobras somou R$ 122,3 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 7,4% na comparação anual e um crescimento de 3,9% em relação ao trimestre anterior. Esses resultados demonstram a capacidade da empresa de se adaptar e explorar oportunidades mesmo em um contexto desafiador.

No que diz respeito à produção, a Petrobras também mostrou resiliência. No mês passado, a estatal anunciou que sua produção de petróleo no Brasil cresceu 2,6% entre abril e junho, em comparação com o mesmo período de 2023. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela entrada em operação de novas plataformas ao longo do ano passado, que têm contribuído para o aumento da produção.

O pagamento de dividendos: uma política controversa

Mesmo diante de um prejuízo bilionário, a Petrobras optou por seguir com sua política de remuneração aos acionistas. O Conselho de Administração da empresa aprovou o pagamento de R$ 13,57 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio, uma decisão que tem gerado debates intensos sobre as prioridades da estatal.

“O resultado líquido do trimestre deve ser analisado à luz de eventos que impactaram o resultado contábil, mas sem impacto relevante no caixa da empresa,” explicou Fernando Melgarejo. Essa política de dividendos, que já havia sido alvo de críticas no passado, continua a ser um ponto de discussão, especialmente em um momento de dificuldades financeiras.

Os pagamentos serão realizados em duas parcelas: a primeira em 21 de novembro de 2024 e a segunda em 20 de dezembro de 2024. Para os acionistas que possuem ações ordinárias e preferenciais da Petrobras, o valor por ação será de R$ 1,05320017.

Esses valores serão distribuídos de acordo com as regras definidas pela companhia, e os detentores de ADRs (American Depositary Receipts) também receberão suas partes em datas específicas, conforme anunciado pela empresa.

De todo modo, constata-se que a trajetória recente da Petrobras reflete os desafios e as complexidades enfrentadas por grandes corporações, especialmente em setores estratégicos como o de energia.

O prejuízo registrado no segundo trimestre de 2024, combinado com o pagamento de dividendos bilionários, levanta questões sobre a sustentabilidade das políticas financeiras da estatal e a sua capacidade de enfrentar crises futuras. Com a nova liderança de Magda Chambriard, o mercado estará atento aos próximos passos da empresa, especialmente em um cenário de volatilidade econômica e mudanças regulatórias.

Será que a Petrobras conseguirá equilibrar seus compromissos financeiros com os interesses dos acionistas sem comprometer sua saúde financeira a longo prazo? Esse é um questionamento que, sem dúvida, continuará a gerar discussões entre especialistas e investidores nos próximos meses.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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