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Petrobras realiza votação entre acionistas para novo Conselho da empresa; agora, União tem menos espaço e relevância

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 15/04/2022 às 20:56
Petrobras, Conselho, empresa
Foto: Reprodução Jornal O Dia / Google Imagens

Petrobras conta com maior presença de acionistas minoritários no Conselho e governo tem menos interferência na empresa

Na quarta-feira, 13, foi votado pela assembleia de acionistas da Petrobras questões que podem contribuir para a blindagem política da empresa, para além da mudança de presidente e da renovação do Conselho de Administração. No edital há alterações no Estatuto Social que reforçam a governança da Petrobras, o que dificulta a interferência do controlador na estatal. 

Entre as questões apontadas na votação para o novo Estatuto da Petrobras estava a blindagem do diretor de Governança e Conformidade, que apenas será admitido ou despedido através de quórum qualificado, ou seja, será preciso no mínimo dois terços de aprovação do Conselho. A operação de comitês também será mais acentuada, com a atuação dos Comitês de Pessoas e de Minoritários quando houver propostas de alterações no estatuto sobre critério para nomeação de integrantes da diretoria e do Conselho Administrativo. Já os Comitês de Investimentos e de Minoritários passarão a assistir o Conselho de Administração na execução de projetos de investimentos.

Nesse sentido, de acordo com o site Broadcast, um dos quesitos mais significativos em época de aumento e instabilidade do preço dos combustíveis e ano de eleições é a proposta de expandir o poder do Conselho de Administração para a determinação de políticas globais de responsabilidade social da Petrobras. 

Sobre isso, o advogado Guilherme Amorim, sócio de Rubens Naves Santos Jr. Advogados, afirma: “Com essas mudanças vai ficar mais difícil a interferência do controlador. Está havendo uma tentativa de aperfeiçoamento dos mecanismos de governança”.

Assim, ele explica que a Petrobras, que recentemente anunciou nova descoberta de hidrocarboneto, de fato possui função social, entretanto, precisa ser controlada. A última mudança no Estatuto da empresa aconteceu em 2020, para impor limites ao controlador e assegurar que crimes feitos em outras gestões não se repitam.

Considerando que a atuação social pode interessar investidores, Amorim destaca: “Tem uma pressão muito forte por esses atos de gestão da Petrobras, principalmente pelo relacionamento com a política social e o mercado, porque repercute na credibilidade da empresa. É muito importante deixar claro como o governo vai se posicionar, e desta maneira o Conselho, que monitora as atividades da companhia, vai ter objetividade para ver o quanto custa à companhia atender o interesse social”.

Presença de acionistas minoritários nas operações

Segundo Fernanda Barroso, diretora geral da Kroll para a América Latina, os acionistas minoritários da Petrobras devem autorizar o voto múltiplo e aumentar a presença no Conselho de Administração, indicando mais um representante, perante a pressão crescente do uso da Petrobras pelo acionista controlador. A partir do voto múltiplo, que já havia sido solicitado pelos acionistas, os votos tornam-se individuais.

“Por mais que a União seja obrigada a compensar a companhia quando protege o interesse do consumidor em detrimento da concorrência, isso afeta o valor da empresa no longo prazo, por isso acho que dessa vez os minoritários podem ser bem sucedidos, existe uma pressão para isso”, afirma a diretora. 

A escolha definitiva do presidente

Assim, após a reunião, os acionistas da Petrobras indicaram José Mauro Coelho para a presidência da empresa e escolheram Márcio Weber como chefe do Conselho de Administração da companhia. Além disso, a assembleia geral marcou um aumento da representatividade dos investidores privados no CA da estatal. Os acionistas minoritários da petroleira conseguiram ampliar, de três para quatro cadeiras, a presença no colegiado.

Na quinta, 14, José Mauro Coelho foi oficialmente confirmado para o cargo de presidente da Petrobras.

Ainda, de acordo com a EPBR, a assembleia de eleição de José Mauro para o Conselho de Administração da petroleira foi marcada por uma manobra do governo, liderada pelo Ministério de Minas e Energia, a fim de retirar de pauta uma proposta que pretendia reforçar a governança da Petrobras contra mediações do governo.

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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