Estimativa milionária ( talvez bilionária) inclui licenciamento, mitigação de impactos e aluguel de sonda; estatal afirma que todos os esclarecimentos técnicos já foram enviados ao órgão ambiental
A Petrobras informou ao Ibama que o custo estimado para furar o primeiro poço exploratório na Foz do Amazonas é de R$ 842,4 milhões, segundo documento oficial enviado à autarquia em 16 de outubro de 2025 e divulgado pelo pela EIXOS. O valor foi detalhado pela estatal em resposta a um pedido formal do órgão ambiental, que questionou os gastos envolvidos no processo de licenciamento do bloco FZA-M-59, um dos mais estratégicos da Margem Equatorial.
A petroleira reafirma que está confiante na liberação da licença ambiental em breve, após mais de dois anos de análises, revisões e exigências técnicas adicionais.
Divisão dos gastos na perfuração do poço
O montante total de R$ 842,4 milhões é composto por quatro parcelas principais:
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- Valor de referência: R$ 793,3 milhões;
- Planos e projetos de mitigação de impactos: R$ 46,7 milhões;
- Garantias, apólices e seguros internacionais: R$ 2 milhões;
- Licenciamento ambiental: R$ 379 mil.
A Petrobras destacou que o valor de referência corresponde aos custos diretos de implantação da atividade, excluindo tarifas bancárias, garantias, cauções e prêmios de seguros de fornecedores. Em outras palavras, trata-se do investimento direto necessário para viabilizar a perfuração inicial na região da Foz do Amazonas, considerada uma das últimas fronteiras exploratórias do país.
Custos acumulados passam de R$ 1 bilhão, segundo FUP
De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), os gastos da Petrobras com o processo de licenciamento da Margem Equatorial já ultrapassam R$ 1 bilhão desde 2022. A entidade sindical afirma que os sucessivos atrasos do Ibama vêm gerando custos adicionais expressivos à estatal.
Entre os principais valores apontados pela federação estão:
- R$ 543 milhões com o aluguel da sonda de perfuração ODN II,
- R$ 327 milhões com embarcações de apoio,
- R$ 142 milhões em serviços aéreos.
A ODN II, operada pela Foresea, está contratada até 21 de outubro de 2025 e custa R$ 4 milhões por dia à Petrobras. Caso a licença ambiental não seja emitida a tempo, a companhia corre o risco de amargar prejuízos adicionais por manter o equipamento ocioso.
Expectativa pela licença e diálogo com o Ibama
Após uma Avaliação Pré-Operacional (APO) realizada em setembro, a expectativa da Petrobras era de que o Ibama liberasse a licença ainda no início de outubro. Entretanto, o processo segue em análise técnica, com novos ajustes sendo solicitados pelo órgão ambiental.
Em nota oficial divulgada nesta semana, a empresa informou que todas as pendências técnicas foram respondidas e que mantém diálogo aberto com o instituto.
“A Petrobras segue confiante que a licença de operação será emitida em breve, como resultado do trabalho conjunto da companhia e do Ibama”, declarou a estatal.
Margem Equatorial: o novo pré-sal do Norte
A Margem Equatorial, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, é considerada por especialistas o “novo pré-sal” brasileiro. Estudos geológicos indicam altíssimo potencial de petróleo leve e de baixo teor de enxofre, similar ao encontrado na costa da Guiana e do Suriname.
A perfuração do primeiro poço na Foz do Amazonas é vista como um marco estratégico não apenas para a Petrobras, mas para todo o setor energético brasileiro. O resultado dessa primeira perfuração poderá determinar o futuro das explorações offshore no Norte do país, influenciando inclusive a arrecadação e o desenvolvimento da região.