Reajuste da Petrobras eleva preço da gasolina, gerando preocupação entre os consumidores e provocando denúncias de práticas abusivas.
Nos últimos dias, os moradores de Fortaleza sentiram no bolso o impacto do aumento no preço da gasolina. A Petrobras anunciou um reajuste de R$ 0,20 por litro para as distribuidoras, válido desde o dia 9 de julho, mas o aumento nos postos de combustível da capital cearense foi bem mais expressivo. Em alguns lugares, o preço subiu até R$ 1,12 por litro, deixando muitos consumidores perplexos. Continue lendo para saber mais sobre esse novo reajuste da Petrobras.
Reajuste da Petrobras e efeito nos postos
De acordo com um levantamento realizado pelo Diário do Nordeste, o preço médio do litro de gasolina em Fortaleza, para pagamentos a prazo, chegou a R$ 6,79 na última segunda-feira (15). Em alguns postos, foi possível encontrar promoções com o litro a R$ 6,59. No entanto, o valor médio representa um aumento de 19% em relação ao preço anterior ao reajuste da Petrobras, que era de R$ 5,67 na semana de 30 de junho a 6 de julho.
Por que o aumento foi maior que o reajuste da Petrobras?
A economista Isadora Osterno, professora da Unifor, explica que a alta do preço final da gasolina, acima do reajuste anunciado pela Petrobras, deve-se à adequação das margens de lucro dos postos de combustível. Essas margens podem variar em períodos de alta demanda ou incerteza no mercado. Os distribuidores justificam o aumento no preço final com o temor de um novo reajuste da Petrobras.
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Desde maio de 2023, a estatal brasileira não segue mais a política de paridade internacional, onde os preços dos combustíveis eram reajustados com base na cotação do dólar e do petróleo internacionalmente. Apesar disso, o preço de venda da gasolina para as distribuidoras aumentou de R$ 2,81 para R$ 3,01, um reajuste de R$ 0,20, mas o impacto no consumidor final foi muito maior.
Aumento de preços nos postos de combustíveis sem justa causa pode ser considerado prática abusiva
A presidente do Departamento de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza), Eneylândia Rabelo, afirmou que elevações de preços sem justa causa podem ser consideradas práticas abusivas. Ela destacou que os consumidores devem guardar notas fiscais e recibos de pagamento para eventuais reclamações e denunciar preços abusivos através do Portal da Prefeitura de Fortaleza ou do aplicativo Procon Fortaleza.
Os postos de combustíveis são obrigados a exibir os preços de forma clara e ostensiva. Qualquer divergência entre o valor exibido no painel e o registrado na bomba deve ser resolvida em favor do consumidor, que pagará o menor valor.
Impacto no etanol e outros combustíveis
O aumento no preço da gasolina também afetou o preço do etanol em Fortaleza. Na semana de 30 de junho a 6 de julho, o etanol hidratado era comercializado a uma média de R$ 4,63 por litro. Na última segunda-feira (15), o preço subiu para R$ 5,49, um aumento de 18,5%. Segundo Isadora Osterno, os postos elevam o preço do etanol antecipando um possível aumento de demanda, já que muitos motoristas optam por esse combustível como alternativa à gasolina.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos/CE) afirmou que os reajustes nos postos ocorrem independentemente dos informados pela Petrobras, que não é a única fornecedora. Os preços dos combustíveis variam constantemente devido às flutuações no mercado internacional, variação do dólar e intensa concorrência local.
Preços dos combustíveis em Fortaleza são os mais altos de 2024
Com o aumento registrado nesta semana, os preços dos combustíveis em Fortaleza são os mais altos de 2024. O maior valor médio do litro da gasolina de janeiro a junho foi de R$ 6,16, registrado na semana de 11 a 17 de fevereiro. O valor de R$ 6,79 registrado na última segunda-feira (15) interrompeu uma sequência de quedas e é 10% maior que o pico do primeiro semestre.
Os consumidores de Fortaleza devem estar atentos às flutuações nos preços dos combustíveis. A Petrobras anunciou que o preço de venda da gasolina para as distribuidoras caiu R$ 0,17 desde a mudança na estratégia de preços, mas a expectativa é de que novos reajustes possam ocorrer.
O Procon Fortaleza continuará monitorando os preços nos postos e incentivando os consumidores a denunciar práticas abusivas. Enquanto isso, a ANP deve retomar seus levantamentos regulares assim que possível, fornecendo dados essenciais para entender as tendências no mercado de combustíveis.