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Pesquisadores na Alemanha desenvolveram um método inovador para produzir materiais de construção biogênicos, oferecendo uma alternativa sustentável ao cimento tradicional e reduzindo emissões de carbono

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 07/04/2025 às 09:24
materiais de construção, cimento
Foto: Fraunhofer
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Em busca de soluções mais sustentáveis para a construção civil, pesquisadores alemães criaram um material biogênico inovador feito a partir de cianobactérias. O composto promete substituir o cimento convencional, um dos maiores emissores de CO₂ no mundo, e pode representar um grande avanço na construção ecológica do futuro.

A produção de cimento é uma das principais fontes de emissão de CO₂ no mundo, contribuindo com aproximadamente 8% das emissões globais. No Brasil, embora o setor do cimento seja responsável por cerca de 2,3% das emissões nacionais, um terço da média mundial, o impacto ambiental ainda é significativo. Ou seja, os materiais de construção precisam receberem novas tecnologias.

Agora, uma pesquisa desenvolvida no país pode mudar isso de forma radical — e tudo começa com bactérias.

O desafio do cimento tradicional

A construção civil depende do concreto, que tem no cimento seu principal ingrediente. O problema é que, para produzi-lo, é preciso liberar muito dióxido de carbono, agravando o efeito estufa.

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Cientistas já buscavam formas alternativas de construção, mas agora uma proposta promissora veio à tona: materiais biogênicos produzidos com cianobactérias.

O que são esses microrganismos?

As cianobactérias são microrganismos fotossintéticos, ou seja, conseguem transformar luz solar em energia, como as plantas.

Elas também são chamadas de algas verde-azuladas, embora sejam bactérias.

Existem há bilhões de anos e têm uma incrível capacidade: conseguem formar estruturas de calcário quando expostas a luz, umidade e temperatura.

Essa habilidade natural está no centro de um novo projeto chamado BioCarboBeton, criado pelos Institutos Fraunhofer de Tecnologias e Sistemas Cerâmicos (IKTS) e de Tecnologia de Feixe de Elétrons e Plasma (FEP), ambos na Alemanha.

© Fraunhofer IKTS
“Pedra porosa” sólida mineralizada.

Como funciona a nova técnica

O processo começa com o cultivo dessas cianobactérias em uma solução rica em nutrientes.

Depois, adiciona-se uma fonte de cálcio, como o cloreto de cálcio, e CO2 atmosférico.

A ideia é estimular a formação de estruturas sólidas que lembram os estromatólitos — formações de calcário naturais que existem há bilhões de anos.

Em paralelo, uma mistura de hidrogéis e enchimentos, como diferentes tipos de areia, é preparada. Tudo é combinado e colocado em moldes translúcidos. A luz continua alimentando o processo biológico, até o material endurecer.

Também é possível aplicar essa cultura bacteriana em superfícies porosas, o que amplia o leque de usos. O resultado pode virar tijolo, argamassa, material de isolamento, preenchimento de formas, entre outros.

Fotobiorreator da Fraunhofer FEP em escala de laboratório para cultivar cianobactérias sob condições definidas de luz, temperatura e gás. © Fraunhofer IKTS

Equipes e testes dos novos materiais de construção

O projeto conta com duas frentes principais. O Dr. Matthias Ahlhelm, do IKTS, lidera o desenvolvimento dos materiais e a seleção dos elementos que formam o novo “cimento biológico”.

Já a Dra. Ulla König, da FEP, cuida do cultivo das bactérias, análise microbiológica e da ampliação da produção.

Ambas as equipes estão agora focadas em entender melhor as propriedades desses materiais. Um dos objetivos é garantir que eles sejam suficientemente fortes e duráveis para o uso em construções reais.

De laboratório para o canteiro de obras

Depois de testar com sucesso a tecnologia em pequena escala, os cientistas agora buscam ampliar a produção.

Estão experimentando novos tipos de cálcio, como resíduos de mineração e basalto, e usando biogás como parte do processo. O foco é criar um modelo circular de produção, que seja eficiente e sustentável.

O projeto ainda está em fase de testes, mas os resultados até agora são animadores.

Segundo os pesquisadores, essa abordagem tem potencial para mudar não só o setor da construção, mas outras áreas que dependem de materiais resistentes e sustentáveis.

Uma última informação importante: o novo material não só evita emissões de CO2, como também pode capturar o gás da atmosfera durante sua formação — um passo importante para reduzir o impacto ambiental da construção civil.

Mais informações em Fraunhofer.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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