1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Pesquisadores desenvolvem um sistema que converte urina em fertilizante usando energia solar — reutilizando o calor residual dos painéis solares
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Pesquisadores desenvolvem um sistema que converte urina em fertilizante usando energia solar — reutilizando o calor residual dos painéis solares

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 10/09/2025 às 00:21
Tecnologia converte urina em fertilizante usando energia solar, melhora eficiência em 60% e oferece solução sustentável para agricultura
Tecnologia converte urina em fertilizante usando energia solar, melhora eficiência em 60% e oferece solução sustentável para agricultura
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Pesquisadores de Stanford criam sistema que transforma urina em fertilizante com energia solar, aumenta eficiência em 60% e reduz poluição da água.

Pesquisadores da Universidade de Stanford desenvolveram um sistema que converte urina humana em fertilizante utilizando apenas energia solar. O projeto une sustentabilidade, saneamento e produção agrícola, ao mesmo tempo em que aumenta a eficiência energética em até 60%.

A tecnologia separa a amônia da urina por meio de células eletroquímicas alimentadas pelo sol. Esse nitrogênio é transformado em sulfato de amônio, um fertilizante usado globalmente.

O processo não exige conexão à rede elétrica, tornando-se útil em áreas rurais ou com infraestrutura precária.

Calor residual como recurso

Um diferencial do sistema está no uso do calor residual dos painéis solares.

Tubos de cobre instalados atrás das placas capturam esse calor, acelerando a conversão de amônia e evitando o superaquecimento, que costuma reduzir a eficiência dos painéis.

Essa integração garantiu ganhos expressivos. A produção de eletricidade subiu quase 60%, enquanto a recuperação de amônia aumentou em mais de 20%. O resultado é um ciclo duplamente eficiente: mais energia limpa e mais fertilizante.

Fertilizante no local de uso

Para o pesquisador William Tarpeh, líder do estudo, a tecnologia transforma um problema ambiental em uma solução agrícola acessível. A produção descentralizada permite gerar insumos exatamente onde são necessários, com menor custo e menor pegada de carbono.

Hoje, fertilizantes são produzidos em larga escala usando gás natural e transportados por longas distâncias. Com o novo sistema, agricultores podem obter o insumo no local, reduzindo custos e emissões.

A urina humana, segundo os pesquisadores, contém nitrogênio suficiente para atender 14% da demanda mundial por fertilizantes. Portanto, o aproveitamento desse recurso pode diminuir a dependência de processos industriais como o Haber-Bosch, conhecido por altas emissões de CO₂.

Impacto econômico em países em desenvolvimento

O sistema mostra potencial especial em países como Uganda, onde fertilizantes são caros e a energia elétrica é limitada. Lá, a tecnologia poderia gerar receitas de até US$ 4,13 por quilo de nitrogênio recuperado, o dobro do retorno estimado em países desenvolvidos.

Essa descentralização reduz gargalos logísticos, torna os preços menos voláteis e aumenta a autonomia dos agricultores locais. É uma oportunidade para unir produção agrícola, saneamento e geração de renda em um único processo.

Benefícios ambientais e de saneamento

O impacto não se restringe à agricultura. Ao retirar o nitrogênio da urina, o sistema reduz a poluição da água. Hoje, 80% das águas residuais no mundo não são tratadas corretamente, o que leva nutrientes em excesso a rios e aquíferos, provocando proliferação de algas nocivas e perda de biodiversidade.

A pesquisadora Orisa Coombs explica que cada pessoa produz, em média, nitrogênio suficiente para fertilizar um jardim. Com energia solar, o processo pode ser realizado em residências, escolas, hospitais ou mesmo em assentamentos temporários, trazendo uma solução autossuficiente e limpa.

Potencial de aplicação em larga escala

O projeto em Stanford ainda está em andamento, mas os resultados já demonstram aplicações amplas. Algumas possibilidades incluem:

  • Instalação em domicílios rurais como parte de programas de saneamento ecológico.
  • Uso em escolas e banheiros públicos em regiões sem tratamento de água.
  • Aplicação em acampamentos humanitários ou áreas de desastre natural.
  • Integração em estações de tratamento e indústrias para recuperar energia e nutrientes.

Além disso, o treinamento técnico local é essencial para que comunidades possam operar e adaptar o sistema conforme suas próprias necessidades.

Um modelo circular em prática

A proposta da equipe de Stanford se insere em um modelo de economia circular, no qual resíduos deixam de ser descartados e passam a ser recursos valiosos. Ao mesmo tempo, reduz emissões, melhora a gestão da água e amplia a autonomia das comunidades.

Transformar urina em fertilizante pode parecer simples ou até estranho, mas tem potencial estratégico. Representa uma solução que une eficiência energética, saneamento básico e produção agrícola sustentável, tudo a partir da luz do sol e de um recurso abundante.

O avanço da pesquisa mostra que soluções locais podem enfrentar problemas globais. Com pequenas adaptações, a urina pode deixar de ser apenas um resíduo e se tornar parte central de um ciclo limpo, acessível e eficiente para o futuro.

Aplicativo CPG Click Petroleo e Gas
Menos Anúncios, interação com usuários, Noticias/Vagas Personalizadas, Sorteios e muitos mais!
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x