Cientistas criam tratamento que ensina o fígado a produzir o efeito do Ozempic. Saiba como isso pode mudar no futuro da obesidade e diabetes!
Cientistas da Universidade de Osaka, no Japão, anunciaram em julho de 2025 um avanço científico inédito: uma única injeção com nanopartículas genéticas transformou o fígado de ratos em pequenas fábricas naturais de exenatida, substância presente em medicamentos como o Ozempic.
O estudo, publicado na revista Communications Medicine, demonstrou que a terapia reduziu o apetite, o ganho de peso e melhorou a resposta à insulina em roedores obesos e pré-diabéticos, mantendo os efeitos por até 28 semanas.
O experimento marca uma nova era no uso de modificação genética para tratar distúrbios metabólicos. Em vez de aplicações semanais ou diárias de medicamentos, o tratamento ensina o corpo a produzi-los sozinho — um feito que pode, no futuro, revolucionar a medicina e o tratamento de doenças como obesidade e diabetes tipo 2.
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O que é o novo tratamento genético?
A pesquisa usou tecnologia CRISPR para editar o DNA dos ratos e inserir um gene modificado no fígado. Esse gene passou a produzir uma versão sintética e contínua do GLP-1, hormônio que regula o açúcar no sangue e é base de remédios como o Ozempic.
Ao contrário das injeções tradicionais, os efeitos da terapia se mantiveram por meses. A exenatida gerada naturalmente permaneceu ativa no sangue dos animais por até 28 semanas, demonstrando resultados positivos e sem efeitos colaterais relevantes.
O papel do fígado e a eficiência do processo
O fígado foi escolhido por sua alta capacidade de absorção e síntese de proteínas. Com a modificação genética, ele assumiu o papel de um laboratório interno, produzindo o medicamento de forma contínua.
A técnica utilizou nanopartículas lipídicas — pequenas cápsulas de gordura — para transportar o DNA editado. Essa abordagem também é usada em vacinas de RNA, como as da Covid-19, o que reforça sua segurança e aplicabilidade.
Rumo ao fim das injeções frequentes?
Embora a descoberta tenha gerado entusiasmo, os próprios cientistas alertam que ainda é cedo para comemorar o fim das seringas.
A experiência é uma prova de conceito, o que significa que mostra que a técnica é viável — mas ainda está longe de ser aplicada em humanos. Mesmo assim, os resultados oferecem uma nova esperança para quem sofre com doenças crônicas.
Por que o GLP-1 é tão importante?
O GLP-1 é um hormônio natural que atua no controle da glicose e do apetite. Ele sinaliza ao corpo para liberar insulina e parar de produzir glucagon, evitando picos de açúcar no sangue.
Em pessoas com distúrbios metabólicos, sua produção é deficiente, o que levou à criação de versões sintéticas.
Medicamentos como a semaglutida (Ozempic) ou a liraglutida prolongam o efeito do GLP-1 no corpo. Mas até agora, todos exigiam aplicação frequente.
O novo método busca uma solução de longo prazo, que pode tornar o tratamento mais acessível e menos invasivo.
O que vem a seguir?
A tecnologia ainda está em fase inicial. Para chegar à aplicação humana, será necessário realizar testes clínicos rigorosos e avaliar a segurança a longo prazo.
Além disso, os pesquisadores precisarão comprovar que o mesmo sucesso em ratos pode ser replicado em organismos humanos mais complexos.
Mesmo assim, o estudo abre caminho para um futuro onde o próprio corpo fabrica seus remédios, reduzindo custos, melhorando a adesão ao tratamento e, principalmente, oferecendo uma nova estratégia no combate a doenças metabólicas.
A possibilidade de transformar o fígado em um laboratório interno que produz continuamente substâncias terapêuticas como o Ozempic representa uma virada na medicina genética.
Com mais testes e avanços, a modificação genética poderá ser a chave para combater a obesidade, o diabetes e outras condições crônicas de forma mais eficiente, segura e duradoura.