Novo dispositivo apresentado na Meta Connect integra tela Ray-Ban, assistente de IA e pulseira neural, mas dificuldades técnicas em plena demonstração levantam dúvidas sobre a viabilidade do projeto e os planos ambiciosos de Mark Zuckerberg
Mark Zuckerberg subiu ao palco da Meta Connect nessa quarta-feira (17) com a promessa de iniciar uma nova era tecnológica. O bilionário apresentou oficialmente o Meta Ray-Ban Display, os primeiros óculos inteligentes da empresa equipados com tela integrada e conectados diretamente ao assistente de inteligência artificial da Meta.
Segundo o executivo, o dispositivo é peça-chave para a construção de uma interface que, no futuro, poderá substituir os smartphones e servir como porta de entrada para a chamada “superinteligência”, conceito que descreve uma IA com capacidade superior à humana. O anúncio, no entanto, foi marcado por momentos embaraçosos que revelaram tanto o potencial transformador quanto as dificuldades técnicas dessa aposta.
Funções futuristas e preço elevado chamam atenção do público
O modelo apresentado traz recursos que antes pareciam ficção científica: os óculos exibem mensagens de texto, permitem chamadas de vídeo e mostram respostas em tempo real do assistente de IA diretamente nas lentes. O controle não é feito por botões ou tela, mas por uma pulseira especial que capta os movimentos da mão.
-
Apagão digital: Brasil precisa de 159 mil profissionais de TI por ano, mas forma só 53 mil e já acumula déficit de meio milhão de programadores
-
O que é necessário para colonizar Marte? Elon Musk fala em 1.000 Starships e 20 anos de lançamentos
-
Ucrânia conclui testes de drone kamikaze capaz de resistir à guerra eletrônica russa e promete mudar os rumos do conflito
-
Esse é o veículo mais pesado da história: ele consome o mesmo que 4.680 carros comuns e pesa o equivalente a cerca de 450 elefantes africanos adultos
Zuckerberg descreveu o acessório como “o primeiro dispositivo neural mainstream”, destacando a ambição de transformar o produto em algo além de um simples wearable. O lançamento está previsto para o fim do mês, com preço inicial de US$ 799 (cerca de R$ 4.100 na cotação atual).
Apesar da inovação, o alto custo levanta dúvidas sobre a capacidade de o dispositivo alcançar grande adoção, principalmente diante da memória ainda recente do fracasso do metaverso, projeto multibilionário lançado em 2021 que não conquistou o público nem superou suas limitações técnicas.
Meta aposta em IA após recuo do metaverso, mas falhas ao vivo expõem riscos
Nos bastidores, a Meta passa por uma mudança estratégica clara. Depois de reduzir o foco no metaverso, Zuckerberg tem direcionado esforços para consolidar a empresa como referência em inteligência artificial. Para isso, foi criado o Meta Superintelligence Lab, com direito a reestruturação de equipes e até bônus de US$ 100 milhões oferecidos a pesquisadores de concorrentes como Google e OpenAI.
No entanto, a própria demonstração no palco deixou evidente que a estrada até a superinteligência ainda é longa. Durante a apresentação, Zuckerberg não conseguiu atender a uma chamada feita pelo diretor de tecnologia Andrew Bosworth. O problema foi atribuído ao Wi-Fi, mas a cena repercutiu como um alerta sobre a confiabilidade do produto.
Outro modelo atualizado da linha Ray-Ban, que prometia melhorias em bateria e câmeras, também apresentou falhas ao vivo, desta vez ao tentar responder comandos de voz. A informação foi divulgada pelo InfoMoney, que acompanhou de perto os anúncios do evento.
Parcerias estratégicas e geopolítica no radar da Meta
Mesmo com as dificuldades técnicas, a empresa segue ampliando parcerias. Uma das novidades foi o anúncio de colaboração com a Oakley para criar óculos voltados a esportes de alta intensidade. O objetivo é integrar o dispositivo a aplicativos fitness, principalmente quando sincronizado a relógios da Garmin, ampliando o alcance da tecnologia no mercado esportivo.
A fabricação ficará a cargo da chinesa Goertek, gigante que vem aumentando sua presença no setor de óculos inteligentes. A escolha não passou despercebida, já que contrasta com a postura cada vez mais crítica de Zuckerberg em relação à China, especialmente em meio às tensões geopolíticas da segunda gestão de Donald Trump.
Com esse lançamento, a Meta sinaliza sua tentativa de se posicionar como protagonista da corrida global pela superinteligência artificial. No entanto, as falhas durante a demonstração reforçam que o caminho para transformar os óculos em substitutos reais dos smartphones será repleto de obstáculos.