Menor e mais focada: os caminhos da Americanas para superar a crise bilionária. Após recuperação judicial e fechamento de milhares de lojas, a companhia aposta em enxugamento, fidelidade e digitalização para enfrentar a crise bilionária.
A crise bilionária da Americanas, revelada em 2023 com um rombo contábil sem precedentes, abalou o varejo brasileiro e colocou em dúvida a sobrevivência de uma das marcas mais tradicionais do país. Dois anos e meio depois, a companhia busca mostrar sinais de recuperação, mas para isso precisou reduzir sua estrutura, vender ativos e rever sua forma de operar.
Sob a liderança do CEO Leonardo Coelho e da CFO Camille Faria, a Americanas tenta reconstruir sua reputação e reconquistar clientes, fornecedores e investidores. O caminho, no entanto, passa por uma empresa menor, mais enxuta e com foco em conveniência, deixando para trás a estratégia de expansão desenfreada.
Como a Americanas encolheu para enfrentar a crise bilionária
Antes da crise bilionária, a Americanas já foi a varejista com o maior número de lojas do Brasil, superando 3.600 unidades. Hoje, o número caiu para cerca de 1.500 pontos de venda, e novos fechamentos ainda são esperados. A meta é manter operações apenas em locais estratégicos, reduzindo custos fixos e renegociando contratos de aluguel.
-
Cidade brasileira com pouco mais de 150 mil habitantes abriga campus da Unesp, hospitais modernos e atrai estudantes de todo o país como polo universitário
-
Distribuidoras e refinarias tradicionais denunciam que incentivos a importadores geraram R$ 650 milhões de sobrepreço em combustíveis pagos pela população brasileira em 2024
-
Pix fazendo escola: modelo inspira projetos no México, Egito e Nigéria, países com bilhões de dólares em remessas anuais que hoje dependem de taxas acima de 7%
-
Terras raras no Brasil: chance bilionária para criar indústria estratégica e reduzir dependência externa
Esse enxugamento também se reflete no portfólio. Marcas adquiridas ao longo dos anos, como Natural da Terra, Pqno e Imaginarium, estão sendo colocadas à venda. A avaliação da nova gestão é que, embora saudáveis, essas operações não fazem parte do núcleo central da companhia e consomem energia em um momento em que a prioridade é fazer o básico bem-feito.
O que muda nas lojas físicas e no digital
As lojas da Americanas continuam sendo tratadas como pontos de conveniência. Produtos de consumo rápido, guloseimas, pequenos eletrodomésticos e utilidades domésticas permanecem no centro da estratégia. A aposta está em transformar cada loja em um mini-hub logístico, funcionando como ponto de retirada ou origem para entregas rápidas.
No digital, a empresa também mudou de rumo. Se antes o marketplace da Americanas abrigava cerca de 4 mil vendedores, a meta agora é restringir o número para apenas 100 grandes parceiros, que concentram 80% das vendas online. A ideia é complementar as lojas físicas, oferecendo categorias que não fazem parte do sortimento tradicional, como móveis, eletrônicos maiores e peças automotivas.
Novos programas para fidelizar clientes
Outra frente para reverter a crise bilionária é o fortalecimento da relação com os clientes. A Americanas voltou a emitir cartões de crédito em parceria com a Visa e a Brasil Card e deve lançar, nos próximos meses, um programa de fidelidade chamado Cliente A, integrado à plataforma de pontos Dots.
O objetivo é criar um ciclo de compras recorrentes, oferecendo descontos e comodidades exclusivas em troca de mais frequência de consumo e tíquete médio mais alto. A estratégia aposta em recuperar a confiança de consumidores que se afastaram da marca após os escândalos financeiros.
Desafios ainda pela frente
Apesar dos avanços, a Americanas segue com grandes desafios. A crise bilionária ainda pesa na confiança do mercado, e a companhia precisa provar que o novo modelo é sustentável. A empresa também enfrenta a concorrência acirrada de players digitais e de redes varejistas mais consolidadas, além de lidar com um cenário macroeconômico de juros altos e consumo retraído.
Para analistas, o sucesso da Americanas dependerá da capacidade de gerar lucro em uma operação mais simples e focada, sem repetir os erros de expansão excessiva e fragilidade de controles internos que a levaram à crise.
A reestruturação mostra que a Americanas aprendeu, ao menos em parte, com os erros do passado. Menor, mais focada e disposta a retomar a confiança do público, a varejista dá sinais de recuperação, mas ainda precisa vencer a desconfiança de investidores e consumidores.
E você, acredita que a Americanas conseguirá se recuperar da crise bilionária e voltar a ser relevante no varejo nacional, ou esse modelo enxuto será insuficiente para enfrentar os concorrentes? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha esse mercado de perto.