Exploração crescente de jumentos para produção de ejiao ameaça comunidades rurais, acelera comércio ilegal, desequilibra ecossistemas e coloca a espécie em risco
O abate de jumentos vem crescendo rapidamente em várias partes do mundo. A razão está na busca pela pele do animal, usada na produção do ejiao, um medicamento da tradição chinesa. O resultado é um cenário preocupante para a sobrevivência da espécie.
Esse movimento não afeta apenas os ecossistemas. Ele também atinge diretamente comunidades rurais, que sempre dependeram dos jumentos para transporte, agricultura e pequenos trabalhos.
Além disso, a redução expressiva da população animal em algumas regiões já começa a mostrar efeitos alarmantes.
-
Motos elétricas e ciclomotores não podem mais circular em ciclovias: entenda as regras, quem precisa de placa e CNH e o que acontece se o veículo for flagrado no local errado
-
Dia Mundial do Alzheimer: especialistas revelam o que a população precisa saber
-
Com lago de 1.000 m², heliponto, campo, quadras e até safári no condomínio, a mansão de Neymar em Mangaratiba é tão absurda que virou alvo da Justiça e foi liberada após polêmica ambiental
-
Não é só coisa de cinema: cidades-fantasma existem — confira 5 exemplos reais, suas atmosferas únicas e o ‘do auge ao abandono’ de cada uma
O que é o ejiao e por que sua procura disparou
O ejiao é fabricado a partir do colágeno extraído da pele dos jumentos. Na China, ele é valorizado porque é considerado eficaz em tratamentos de rejuvenescimento, fertilidade e vitalidade.
Nos últimos anos, o aumento do poder de compra da população chinesa ampliou o consumo desse produto. Portanto, cresceu também o comércio internacional de jumentos.
Relatórios recentes mostram que em apenas cinco anos algumas regiões tiveram redução de até 70% na população desses animais.
Isso explica por que entidades ambientais soam o alerta para o risco de desaparecimento da espécie.
Comércio ilegal de jumentos e expansão global do problema
Embora a África concentre grande parte da exploração, o problema não se limita a esse continente. Países como Brasil e México também sofrem com o tráfico desses animais. No Brasil, dados recentes mostram que a população de jumentos caiu 94%.
A ausência de sistemas de fiscalização consistentes facilita a atuação de redes ilegais. Com isso, a exportação cresce sem controle, agravando a queda populacional.
Organizações ambientais afirmam que esse ciclo ameaça tanto os animais quanto famílias rurais. Afinal, a perda de jumentos dificulta atividades básicas, como carregar água, transportar mercadorias ou auxiliar na lavoura.
Impactos para comunidades e ecossistemas
O desaparecimento acelerado dos jumentos traz consequências diretas para quem depende deles. Sem esses animais, pequenos produtores enfrentam queda na produtividade e mais dificuldades para se locomover.
Isso significa prejuízo econômico para famílias em áreas isoladas. Em alguns casos, a perda de um único jumento compromete toda a rotina de trabalho.
Além disso, os efeitos chegam ao meio ambiente. Esses animais têm papel importante em ciclos naturais, como a dispersão de sementes. A ausência deles provoca desequilíbrios que se refletem em várias cadeias ecológicas.
Consequências mais visíveis
Três pontos se destacam no avanço desse comércio predatório:
- Dificuldade para pequenos criadores: o valor dos animais sobe e torna insustentável manter a atividade.
- Risco para a biodiversidade: o desaparecimento dos jumentos pode quebrar processos naturais e afetar cadeias alimentares.
- Crescimento do comércio ilegal: a demanda aquecida estimula redes de tráfico e práticas cruéis de abate.
Esses elementos mostram que a crise ultrapassa a questão cultural da medicina tradicional chinesa. O problema é global, econômico e ambiental.
Tentativas de conter o avanço
Diversas organizações e governos já discutem medidas para enfrentar a exploração excessiva. Uma das ações mais citadas é a criação de regras comerciais mais rígidas.
Outra iniciativa é o fortalecimento da fiscalização em portos e fronteiras. Isso ajuda a identificar cargas ilegais e reduzir o tráfico internacional.
Além disso, algumas nações começam a usar sistemas de rastreamento para identificar animais e evitar fraudes.
Em paralelo, campanhas de conscientização buscam mostrar à população o risco de extinção da espécie. A inclusão do jumento em listas de animais ameaçados também é estudada em fóruns internacionais.
Alternativas para reduzir a pressão
Pesquisadores tentam desenvolver substitutos para o ejiao. Se compostos alternativos forem aceitos, a demanda pela pele de jumento pode diminuir.
Ao mesmo tempo, há esforços de cooperação internacional para troca de informações. Isso facilita a detecção de redes criminosas em regiões de fronteira.
Portanto, a busca por soluções passa por ciência, diplomacia e proteção ambiental.
Um desafio que une cultura, economia e sustentabilidade
O abate acelerado de jumentos mostra como tradições locais podem gerar impactos globais. A valorização de um produto da medicina chinesa ameaça não só uma espécie, mas também a sobrevivência de famílias inteiras.
Encontrar equilíbrio entre a preservação dos animais e o respeito a práticas culturais é o grande desafio.
Se medidas firmes não forem aplicadas, os jumentos podem desaparecer de muitas regiões em poucos anos. Isso deixaria um vazio econômico, social e ambiental difícil de reparar.
Com informações de Correio Braziliense.