1. Início
  2. / Curiosidades
  3. / O povo mais isolado do planeta vive na Ilha Sentinela: nativos atacam qualquer intruso e rejeitam o contato humano há séculos — como eles vivem?
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

O povo mais isolado do planeta vive na Ilha Sentinela: nativos atacam qualquer intruso e rejeitam o contato humano há séculos — como eles vivem?

Publicado em 08/10/2025 às 12:10
Ilha Sentinela do Norte, Povo mais isolado do mundo, Ilha
Grupo de residentes da ilha Sentinela do Norte visto na praia Imagem: Reprodução/Survival International
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Cercada por mistério e protegida por leis rigorosas, a Ilha Sentinela do Norte abriga um dos últimos povos totalmente isolados da Terra — uma comunidade que rejeita qualquer contato externo e mantém um modo de vida inalterado há milênios

Este ano, um jovem americano de 24 anos foi preso na Índia após invadir a ilha Sentinela do Norte, uma das regiões mais restritas e misteriosas do planeta. Identificado como Mykhailo Viktorovych Polyakov, ele teria desembarcado com apenas um coco e uma lata de Coca-Cola Diet na tentativa de se aproximar dos moradores locais — considerados o povo mais isolado do mundo.

A ação, segundo as autoridades indianas, viola leis que proíbem qualquer contato com os habitantes da ilha.

Uma das sociedades mais isoladas da Terra

A ilha Sentinela do Norte pertence ao arquipélago de Andaman e Nicobar, no Oceano Índico, sob jurisdição da Índia.

O conjunto é formado por 572 pequenas ilhas, das quais apenas algumas são habitadas. Entre elas, está a Sentinela, situada a cerca de 88 quilômetros do porto de Port Blair e a menos de duas horas de lancha de Wandoor.

Com pouco mais de 59 quilômetros quadrados, a ilha é protegida por uma legislação específica — o Regulamento de Proteção de Aldeias Aborígenes de 1956 —, que proíbe qualquer aproximação a menos de 9,26 quilômetros (5 milhas náuticas) da costa.

O objetivo é preservar a cultura e a saúde do grupo, evitando a entrada de doenças e a interferência externa.

A Guarda Costeira da Índia e uma equipe da administração regional monitoram a área permanentemente.

O controle é rígido porque, além de proteger os indígenas, impede a caça ilegal, o turismo clandestino e a exploração de recursos naturais, práticas que poderiam destruir o frágil equilíbrio ambiental da ilha.

Um povo que vive à margem do mundo moderno

Os habitantes locais, conhecidos como “sentineleses”, formam uma comunidade pequena, estimada em cerca de 200 pessoas.

Pouco se sabe sobre sua língua, costumes e tradições, já que qualquer tentativa de contato é recebida com hostilidade e resistência.

Segundo a pesquisa “Contatos Sentineleses: revisitando antropologicamente os mestres mais reclusos da terra incógnita Ilha Sentinela do Norte”, publicada na revista Nature em novembro de 2024, o termo sentinelese não é usado pelos próprios habitantes, mas foi criado por pesquisadores a partir do nome da ilha.

O estudo aponta que esse grupo é o mais recluso e autossuficiente do planeta. Eles dependem integralmente da natureza para alimentação e abrigo, utilizando ferramentas simples, semelhantes às da Idade da Pedra, como arcos, flechas metálicas e enxós — instrumentos de madeira com lâmina de aço na ponta usados para talhar troncos.

Pesquisas e relatos de encontros perigosos

Ao longo das últimas décadas, o governo indiano e pesquisadores tentaram estabelecer contato com o grupo, quase sempre sem sucesso.

A primeira aproximação registrada ocorreu em março de 1970, quando uma equipe de cientistas deixou peixes, cocos e bananas na praia.

Em resposta, cerca de 20 indivíduos apareceram armados e ameaçaram disparar flechas, forçando a retirada imediata dos visitantes.

Mais recentemente, no final de 2022, três pescadores que se aproximaram acidentalmente da ilha desapareceram.

Segundo o estudo, o barco deles foi visto encalhado na costa e, próximo a ele, uma estrutura semelhante a uma bandeira foi avistada.

Pesquisadores acreditam que possa ter sido um sinal de socorro ou um local de sepultamento improvisado, mas o caso segue sem solução oficial.

Os especialistas destacam que os sentineleses vivem em pequenos grupos, entre três e dezoito pessoas, deslocando-se constantemente para caçar, pescar e proteger o território.

Suas moradias são simples abrigos de palha de palmeira sustentados por quatro estacas de madeira.

Isolamento da Ilha Sentinela como forma de sobrevivência

A proibição de aproximação não é apenas uma medida cultural, mas também sanitária. Por nunca terem tido contato direto com o mundo exterior, os sentineleses não possuem imunidade a doenças comuns, o que torna qualquer interação potencialmente letal.

O isolamento também é essencial para manter o modo de vida ancestral. A ilha é coberta por densa floresta tropical, com abundância de peixes, frutos e animais selvagens, garantindo autonomia alimentar ao grupo.

De acordo com o estudo publicado na Nature, “os habitantes da Ilha Sentinela do Norte, equipados com seu sistema de conhecimento indígena moldado pelo ambiente, podem ser superiores a qualquer maquinaria científica desenvolvida pela tecnologia moderna”.

Essa visão ressalta que o valor desse povo não está apenas em seu mistério, mas na sabedoria ecológica acumulada ao longo de séculos de convivência direta com a natureza — algo que contrasta com a dependência tecnológica do mundo atual.

Uma fronteira que o mundo aprendeu a respeitar

A ilha Sentinela do Norte é hoje símbolo de resistência cultural e um lembrete dos limites da intervenção humana.

A Índia, ao proteger rigidamente o local, reconhece que algumas fronteiras devem permanecer intocadas.

O caso recente de Mykhailo Viktorovych Polyakov reforça essa discussão. Embora tenha entrado com intenções aparentemente pacíficas, ele violou uma das zonas mais restritas do planeta, colocando em risco a si mesmo e toda uma civilização que sobreviveu sem contato externo por milênios.

Por isso, a ilha continua sendo vista como um mundo à parte, onde o tempo parece ter parado — e onde a curiosidade humana, se não for contida, pode significar o fim de uma das últimas sociedades verdadeiramente livres do planeta.

Com informações de UOL.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Romário Pereira de Carvalho

Já publiquei milhares de matérias em portais reconhecidos, sempre com foco em conteúdo informativo, direto e com valor para o leitor. Fique à vontade para enviar sugestões ou perguntas

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x