Muitos associam pirâmides exclusivamente ao Egito, mas o Sudão abriga um número ainda maior dessas estruturas antigas. Descubra o legado do Reino de Kush, o verdadeiro país com mais pirâmides no mundo.
A imagem das pirâmides elevando-se das areias do deserto é um ícone global, quase sempre ligada ao Egito. No entanto, uma verdade arqueológica menos conhecida é que o país com mais pirâmides no mundo é, na verdade, o Sudão, seu vizinho ao sul, com aproximadamente 255 estruturas contra cerca de 138 egípcias.
Contrariando o senso comum, o Sudão possui um número superior de pirâmides em comparação ao Egito, com estimativas variando entre 200 e 255 estruturas. Essa constatação, surpreendente para muitos, convida a uma reavaliação do nosso conhecimento sobre as antigas civilizações do Vale do Nilo. Essas pirâmides são o legado do Reino de Kush, uma civilização muitas vezes “esquecida” pela história popular.
A ascensão de Kush: os faraós núbios e suas dinastias construtoras de pirâmides
O Reino de Kush, localizado na antiga Núbia (atual norte do Sudão), floresceu aproximadamente entre 800 a.C. e 350 d.C. Um momento crucial de seu poder foi durante a 25ª Dinastia, quando os reis kushitas, conhecidos como os “Faraós Negros”, governaram o próprio Egito (c. 750-664 a.C.). Foi nesse período que a tradição de construir pirâmides foi reavivada e adaptada por eles, continuando por séculos durante os períodos Napatano e Meroítico, principalmente como monumentos funerários para a realeza e elites.
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As pirâmides núbias em comparação com as egípcias
Apesar da inspiração egípcia, as pirâmides núbias desenvolveram características distintivas. São geralmente menores que as egípcias, com alturas variando entre 6 e 30 metros, embora a pirâmide do rei Taharqa em Nuri seja uma exceção maior.
Sua forma é notavelmente diferente, com lados muito mais íngremes, inclinados a cerca de 70 graus, e bases mais estreitas, conferindo-lhes um aspecto esguio e pontiagudo. Construídas principalmente com blocos de arenito, as câmaras funerárias dos kushitas localizavam-se abaixo da estrutura piramidal, e não dentro dela, como no Egito.
Uma viagem pela Núbia antiga: explorando os principais campos piramidais do Sudão, o país com mais pirâmides no mundo
Os principais sítios arqueológicos com pirâmides no Sudão oferecem um vislumbre da grandiosidade kushita:
- Meroé: Capital tardia de Kush, é o maior sítio piramidal do mundo, com aproximadamente 200 estruturas de estilo meroítico distinto. É Patrimônio Mundial da UNESCO.
- Nuri: Contém mais de 20 pirâmides reais napatanas, incluindo a de Taharqa, a maior da Núbia. Escavações recentes revelaram túmulos reais submersos devido à elevação do lençol freático.
- El-Kurru: Local das primeiras pirâmides reais kushitas, construídas por volta de 750 a.C. por reis da 25ª Dinastia.
- Jebel Barkal: Uma montanha sagrada e centro religioso de Napata, com cerca de 25 pirâmides em suas imediações, além de importantes templos. Também Patrimônio Mundial da UNESCO.
- Sedeinga: Um campo com mais de 80 pirâmides menores descobertas recentemente, algumas com apenas 75 cm de altura, indicando uma possível difusão da prática para além da realeza.
A importância arqueológica e as ameaças às pirâmides do país com mais pirâmides no mundo
As pirâmides do Sudão são fontes primárias sobre a sociedade, religião, arte e a escrita Meroítica do Reino de Kush, desafiando narrativas históricas eurocêntricas. Contudo, este patrimônio enfrenta severas ameaças. A erosão natural e a subida do nível freático são perigos constantes. Pilhagens históricas, como as do italiano Giuseppe Ferlini em Meroé no século XIX, causaram danos irreparáveis.
O impacto mais devastador, no entanto, vem dos conflitos recentes no Sudão (pós-abril de 2023). Relatos indicam pilhagem e destruição generalizadas de museus, como o Museu Nacional do Sudão em Cartum (onde se estima a perda de 70% dos artefatos), e de sítios arqueológicos, configurando um deliberado apagamento cultural. A National Corporation for Antiquities and Museums (NCAM) do Sudão, com apoio de órgãos como a UNESCO, luta para proteger o que resta, mas os desafios são imensos devido à falta de financiamento e segurança.
O Sudão como o verdadeiro país com mais pirâmides no mundo
O Sudão detém, de fato, o título de país com mais pirâmides no mundo, um testemunho impressionante da grandeza e sofisticação da civilização africana de Kush. Este legado é uma parte vital do patrimônio cultural da África e do mundo.
Diante das ameaças atuais, especialmente a destruição causada por conflitos, a necessidade de conscientização global, pesquisa contínua e esforços robustos de conservação e recuperação é mais urgente do que nunca. Proteger as pirâmides do Sudão é preservar uma parte insubstituível da história humana.