Uma análise detalhada revela um empate técnico pelo título de maior forno de siderurgia do Brasil entre a ArcelorMittal e a CSN, em um setor que enfrenta a concorrência chinesa e aposta na tecnologia para se modernizar.
A disputa pelo título de maior forno de siderurgia do Brasil é uma batalha entre verdadeiros titãs da indústria nacional. De um lado, o icônico Alto-Forno 1 da ArcelorMittal, no Espírito Santo, com um histórico de recordes mundiais. Do outro, o poderoso Alto-Forno 3 da CSN, em Volta Redonda (RJ), com uma capacidade de produção similar.
De acordo com matéria publicada com base em dados da própria indústria, a competição entre esses gigantes do aço é acirrada. A análise de suas capacidades revela um empate técnico no topo, mas também um setor que, como um todo, enfrenta desafios imensos, como a “avalanche” de aço importado, e que agora aposta em uma corrida bilionária pela modernização e pela produção de “aço verde”.
Um empate técnico no topo
Definir qual é o maior forno de siderurgia do Brasil não é uma tarefa simples, mas uma análise dos dados de capacidade coloca dois equipamentos em um empate técnico na liderança.
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Alto-Forno 1 da ArcelorMittal Tubarão (ES): É a referência do setor, com uma capacidade nominal de produzir 3,5 milhões de toneladas de ferro-gusa por ano.
Alto-Forno 3 da CSN (RJ): Embora com números que variam ligeiramente, sua capacidade efetiva também está na casa de 3,4 a 3,5 milhões de toneladas anuais, colocando-o em paridade com seu rival.
Logo em seguida, em um segundo patamar de gigantes, vêm o Alto-Forno 3 da Usiminas, em Ipatinga (MG), e o Alto-Forno 1 da Gerdau, em Ouro Branco (MG), ambos com capacidade para 3 milhões de toneladas por ano.
A história por trás do maior forno de siderurgia do Brasil: recordes e modernizações
Esses fornos não são apenas grandes, mas também carregam uma longa história de recordes e investimentos. O Alto-Forno 1 da ArcelorMittal, inaugurado em 30 de novembro de 1983, operou de forma ininterrupta por impressionantes 28 anos, um recorde mundial. Em abril de 2012, ele passou por sua primeira grande reforma, um projeto de US$ 170 milhões.
Mais recentemente, a Usiminas concluiu, no final de 2023, uma modernização completa de seu Alto-Forno 3, um projeto de R$ 2,7 bilhões que garantiu ao equipamento mais 20 anos de vida útil e o equipou com as mais novas tecnologias de automação e controle ambiental.
A crise do aço chinês: a “avalanche” que paralisou fornos em 2024
Apesar da força desses gigantes, o setor siderúrgico brasileiro enfrentou uma grave crise em 2023 e 2024. O motivo foi um aumento recorde na importação de aço, principalmente da China, que inundou o mercado com produtos a preços muito baixos.
A pressão foi tão grande que as empresas brasileiras foram forçadas a tomar medidas drásticas. A Usiminas chegou a paralisar temporariamente seu Alto-Forno 1, e a ArcelorMittal também anunciou cortes na produção para se adequar à menor demanda e à concorrência desleal.
A resposta da indústria e do governo: proteção e a promessa do “aço verde”
Diante da crise, a indústria, representada pelo Instituto Aço Brasil, se mobilizou. Em maio de 2024, o governo brasileiro atendeu aos pedidos e instituiu um sistema de cotas e tarifas, aplicando uma taxa de 25% sobre o volume de aço importado que exceder a média histórica.
Logo após a medida de proteção, a indústria anunciou um plano de investimentos de R$ 100,2 bilhões até 2028. O foco, além de aumentar a competitividade, é a descarbonização. Empresas como ArcelorMittal, CSN e Gerdau já têm projetos para usar hidrogênio verde em seus processos, apostando no “aço verde” como o futuro do setor.
A liderança disputada e o futuro da siderurgia no Brasil
A disputa pelo título de maior forno de siderurgia do Brasil é acirrada, com um empate técnico entre ArcelorMittal e CSN. Mais do que uma competição de tamanho, o que definirá a liderança do setor no futuro será a capacidade de inovar.
A corrida pela produção de “aço verde”, aproveitando o potencial do Brasil em energias renováveis, será o grande campo de batalha. As empresas que conseguirem dominar essa nova tecnologia não apenas garantirão sua competitividade, mas também liderarão a indústria siderúrgica brasileira na nova era da economia de baixo carbono.