Durante 22 anos, Dashrath Manjhi cavou uma montanha na Índia com um martelo e um cinzel para ligar sua aldeia isolada à cidade. Sua façanha transformou vidas e o tornou símbolo de coragem e perseverança
Poucas histórias na Índia são tão poderosas quanto a de Dashrath Manjhi, o homem que, sozinho e com ferramentas simples, abriu um caminho através de uma montanha. Sua façanha épica transformou o destino de uma aldeia isolada e se tornou um símbolo mundial de perseverança, amor e superação.
Uma tragédia que mudou tudo
Dashrath Manjhi nasceu em 1934, na pequena aldeia de Gahlaur, em Bihar, uma das regiões mais pobres da Índia. Pertencia a uma comunidade marginalizada e cresceu enfrentando privações severas. Durante anos, trabalhou em minas de carvão até retornar à sua aldeia natal, onde se casou com Falguni Devi.
A virada trágica de sua vida veio no fim da década de 1950. Um dia, sua esposa caiu gravemente ao tentar atravessar a montanha que separava a vila dos serviços médicos da cidade mais próxima. O socorro demorou, e Falguni morreu nos braços de Manjhi. O motivo era cruelmente simples: não havia estrada. Entre sua casa e o hospital, existia apenas um penhasco de pedra maciça.
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Movido pela dor e pela raiva de ver o abandono de sua comunidade, Manjhi decidiu fazer o impossível. Pegou um martelo, um cinzel e começou a abrir uma passagem através da montanha, com as próprias mãos.

22 anos de luta contra a rocha
A tarefa que parecia insana durou 22 anos, de 1960 a 1982. Todos os dias, sob o sol escaldante do estado de Bihar, o homem cavava e golpeava a rocha, fragmento por fragmento. Sem máquinas, sem apoio e muitas vezes sem comida, continuou determinado, mesmo quando os vizinhos riam dele ou o chamavam de louco.
Com o tempo, a rocha começou a ceder. Golpe após golpe, ele conseguiu abrir um caminho de 110 metros de comprimento, 9 metros de largura e até 7 metros de profundidade em alguns pontos. A façanha reduziu a distância entre sua aldeia e a cidade vizinha de 55 quilômetros para apenas 15.
Quando o trajeto ficou pronto, a vida de centenas de pessoas mudou para sempre. O que antes era uma caminhada perigosa e longa tornou-se um acesso seguro e direto a escolas, hospitais e mercados. A montanha que separava famílias foi literalmente dividida por um só homem.
Com o tempo, o apelido “Mountain Man” se espalhou pela Índia e pelo mundo. O governo de Bihar reconheceu oficialmente sua obra, e a estrada aberta por suas mãos passou a ser usada diariamente pelos moradores da região.

Um legado que atravessa gerações
Dashrath Manjhi morreu em 2007, em Nova Délhi, vítima de câncer, mas deixou uma herança moral imensurável. Em sua vila natal, um memorial foi erguido em sua homenagem, e seu nome se tornou símbolo de coragem e resiliência humana.
Sua história foi retratada no cinema em 2015, no filme “Manjhi: The Mountain Man”, que levou às telas o drama, a fé e o esforço de um homem que se recusou a aceitar a fatalidade. Desde então, escolas, ONGs e até movimentos sociais da Índia utilizam sua trajetória como exemplo de que mudanças reais podem nascer de atos individuais de determinação.
Hoje, o caminho esculpido por Dashrath é também uma atração turística e um ponto de reflexão. Pessoas de todo o mundo visitam Gahlaur para ver o corredor aberto na rocha, e muitos o chamam de “o túnel do amor”, em homenagem à razão que o motivou: salvar e honrar a memória de sua esposa.
Mais de meio século depois, sua história ainda inspira engenheiros, ambientalistas e comunidades inteiras. Ele provou que nenhuma montanha é intransponível quando há propósito e coragem.

                        
                                            
                        
                        
                        
                        

        
        
        
        
Fantástico demais