Concebido para ser intocável, o XB-70 Valkyrie podia voar a três vezes a velocidade do som. Entenda por que o bombardeiro mais veloz do mundo foi cancelado antes mesmo de entrar em combate.
No auge da Guerra Fria, os Estados Unidos sonharam em criar a arma definitiva: uma aeronave capaz de voar mais alto e mais rápido que qualquer defesa inimiga. Desse sonho nasceu o projeto do XB-70 Valkyrie, o bombardeiro mais veloz do mundo, uma máquina projetada para cruzar os céus a mais de 3.200 km/h e a 21.000 metros de altitude, levando ogivas nucleares ao coração da União Soviética antes que qualquer alarme pudesse soar.
No entanto, a mesma corrida tecnológica que deu vida ao Valkyrie foi a responsável por sua morte precoce. Antes mesmo de seu primeiro voo, o avanço dos mísseis antiaéreos e a ascensão dos mísseis balísticos intercontinentais tornaram seu conceito obsoleto. Esta é a história de como o avião mais impressionante de sua época se tornou uma relíquia de um futuro que nunca chegou.
Um colosso nascido na Guerra Fria
O projeto do XB-70 Valkyrie começou nos anos 50, com a missão de substituir o icônico bombardeiro B-52. A ideia era simples e audaciosa: criar uma aeronave que fosse imune às defesas soviéticas. Para isso, a North American Aviation projetou um colosso de seis motores, com imponentes asas em delta e uma capacidade de voo que beirava a ficção científica.
-
Cientistas criam o mapa da Terra mais preciso já desenvolvido e ele não se parece em nada com o que conhecemos
-
Esqueça a gasolina! Caminhão movido a ‘água’ chega ao Brasil com bateria de 105 kWh, cilindros de 40 kg de hidrogênio, célula a combustível e sistema de regeneração de energia
-
70 anos depois estudo identifica o que é a gosma em jarros de 2.500 anos encontrados no Sul da Itália
-
Com bateria monstro de 6.000 mAh, câmera de 50 MP e custando R$ 650, Spark Go 5G quer dominar o mercado acessível com Android 15 e IA
O Valkyrie foi projetado para “surfar” em sua própria onda de choque, uma técnica chamada de “sustentação por compressão”. Suas pontas de asa dobráveis capturavam a onda de choque gerada pela fuselagem em voo supersônico, aumentando a estabilidade e a eficiência em até 30%. Sua estrutura era uma obra de engenharia, feita com painéis de aço inoxidável e titânio para resistir ao calor extremo gerado pela velocidade.
A mudança no campo de batalha
Enquanto o XB-70 era desenvolvido, o cenário da guerra mudava radicalmente. O surgimento dos mísseis terra-ar soviéticos, como o temido SA-2 Guideline, mostrou que voar alto e rápido já não era garantia de sobrevivência. Um míssil poderia alcançar altitudes extremas em segundos, tornando qualquer bombardeiro, por mais veloz que fosse, um alvo vulnerável.
Ao mesmo tempo, os Mísseis Balísticos Intercontinentais (ICBMs) surgiram como uma alternativa muito mais barata, rápida e eficiente para a entrega de ogivas nucleares. Um míssil poderia atingir a União Soviética em minutos, sem arriscar a vida de pilotos ou uma aeronave que custava uma fortuna. Com essa nova realidade, o caro e complexo programa do Valkyrie perdeu seu propósito estratégico.
O cancelamento e o legado como laboratório voador
Em 1961, o programa do XB-70 como bombardeiro foi oficialmente cancelado. Curiosamente, o projeto continuou, mas com um novo propósito: servir como uma plataforma de pesquisa para voos de alta velocidade. Apenas dois protótipos foram construídos, e eles foram usados pela NASA e pela Força Aérea dos EUA para coletar dados cruciais sobre o comportamento de aeronaves em velocidades acima de Mach 3.
Apesar de sua curta vida, o Valkyrie enfrentou uma tragédia em 1966, quando o segundo protótipo colidiu com um caça F-104 durante um voo para uma sessão de fotos, resultando na morte de dois pilotos e na perda da aeronave. O primeiro protótipo continuou voando em missões de teste até 1969, quando fez seu último voo para o Museu Nacional da Força Aérea dos Estados Unidos, onde permanece em exibição até hoje.
Embora nunca tenha se tornado operacional, o bombardeiro mais veloz do mundo não foi um fracasso. Os dados coletados em seus voos foram essenciais para o desenvolvimento de outras aeronaves icônicas, como o bombardeiro B-1 Lancer, o avião de passageiros Concorde e o lendário avião espião SR-71 Blackbird. O XB-70 Valkyrie se tornou um monumento ao otimismo tecnológico de sua era, um laboratório voador que ajudou a moldar o futuro da aviação supersônica.
O que você acha? Os EUA tomaram a decisão certa ao cancelar o XB-70, ou o mundo perdeu a chance de ver o bombardeiro mais veloz do mundo em ação? Deixe sua opinião nos comentários.