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O experimento esquecido da NASA que virou lixo espacial e surpreendeu cientistas ao emitir poderoso sinal 65 anos depois

Escrito por Jefferson Augusto
Publicado em 24/06/2025 às 15:46
Satélite da NASA em órbita expelindo pulso de luz azul intensa contra o fundo estrelado do espaço
Satélite da NASA desativado emite pulso de energia azul no espaço, surpreendendo astrônomos após décadas de inatividade
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Sinal de alta intensidade, vindo do antigo Satélite da NASA Relay 2, foi captado por telescópios australianos

Um satélite da NASA, inativo desde os anos 1960, surpreendeu astrônomos ao emitir um intenso pulso de rádio em junho de 2024, captado por radiotelescópios na Austrália. O fenômeno foi tão poderoso que superou por instantes o brilho de todos os demais objetos no céu, intrigando especialistas que investigam suas causas.

Lançado em 1964, o Relay 2 era um protótipo de satélite de comunicação, desativado apenas três anos depois. Desde então, vagava como sucata espacial em órbita terrestre, sem qualquer sinal de atividade. A detecção inesperada ocorreu quando cientistas buscavam sinais de rajadas rápidas de rádio usando o Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP), um conjunto com 36 antenas no oeste do país.

Inicialmente, os pesquisadores pensaram se tratar de uma fonte cósmica como um novo pulsar, devido à intensidade da emissão. No entanto, a análise revelou que a origem estava incrivelmente próxima da Terra, a menos de 20 mil quilômetros, o que excluía qualquer fenômeno extragaláctico.

Sinal mais forte que qualquer estrela no céu por frações de segundo

O pulso durou menos de 30 nanossegundos, um intervalo extremamente breve para eventos dessa natureza, o que dificultou a identificação imediata. Ainda assim, o ASKAP conseguiu determinar sua localização exata. Após cruzar dados com posições orbitais conhecidas, os astrônomos concluíram que a fonte mais provável era o Relay 2, satélite desativado há quase 60 anos.

A principal hipótese levantada pelos cientistas é que o pulso foi gerado por uma descarga eletrostática, ou seja, uma liberação súbita de energia acumulada na superfície do satélite. Outra possibilidade considerada é o impacto de um micrometeoroide, capaz de gerar uma nuvem de plasma carregado ao colidir com a carcaça metálica da nave.

Conforme os pesquisadores, ambas as explicações são plausíveis, mas difíceis de diferenciar com base apenas nos dados captados. Isso porque as assinaturas de rádio de uma descarga e de um impacto podem ser extremamente semelhantes, especialmente em durações tão curtas.

Eventos como esse podem ser mais comuns do que se imagina

O episódio levanta preocupações sobre os efeitos de cargas eletrostáticas em satélites e objetos em órbita, especialmente diante do crescente número de pequenos satélites com proteção limitada. A especialista Karen Aplin, da Universidade de Bristol, destacou que descargas semelhantes podem ocorrer com mais frequência do que o imaginado, mas até então passavam despercebidas por falta de instrumentos adequados para detectá-las.

Além disso, os cientistas observaram que o evento foi notavelmente mais curto do que as descargas previamente registradas em satélites, que geralmente duram alguns microssegundos. Isso reforça a ideia de que fenômenos de curta duração também merecem monitoramento ativo, dada sua intensidade e potencial de interferência.

O fenômeno também acende um alerta sobre o comportamento do chamado “lixo espacial”, uma vez que milhares de satélites desativados orbitam a Terra sem controle, acumulando carga elétrica por décadas. Episódios como esse poderiam interferir em comunicações, navegação ou equipamentos em órbita baixa.

A descoberta foi registrada em um artigo ainda não revisado por pares, publicado no repositório científico arXiv. De acordo com os autores, seria prudente desenvolver sensores e tecnologias que detectem essas descargas com mais precisão no futuro, especialmente em missões envolvendo equipamentos sensíveis.

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Jefferson Augusto

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: jasgolfxp@gmail.com

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