O Brasil deve ser o centro da nova atividade de demanda de gás natural liquefeito (GNL) na América Latina pelo menos na próxima década, de acordo com especialistas
“O gás natural continua sendo o combustível de transição no Brasil porque permite a maior penetração possível da energia eólica e solar”, disse Roberto Ferreira da Cunha, diretor da consultoria BRG Energy & Climate para a América do Sul. Ele acrescentou que o Brasil tem 10 novas fábricas de importação de GNL em diferentes fases de estudos.
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“A partir da década de 2030 poderia tomar um rumo diferente, mas nesta década o gás ainda tem um papel sólido na região.” De acordo com pesquisas do BRG, a geração de energia a gás natural no Brasil pode crescer 20 GW até 2040, passando de 9% para 15% na matriz energética. A energia a gás natural é usada principalmente como reserva de energia hidrelétrica no Brasil, e a vantagem do GNL está na flexibilidade em relação a outras opções de abastecimento, segundo Ferreira.
“Às vezes o GNL é apenas o cais”, disse Ferreira, mesmo com a unidade flutuante de regaseificação sendo alugada. Argentina e Chile, que desenvolveram quatro terminais de regaseificação na primeira década do século, verão uma necessidade decrescente de importações de GNL e uma otimização da infraestrutura existente, na ausência de uma “grande reversão das tendências globais”. O Chile adiou indefinidamente seu terceiro projeto de importação de GNL definido para Concepción.
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México tem quedas em importações de GNL
O México também está vendo uma queda nas importações de GNL de seus dois terminais em Altamira e Manzanillo, com o foco agora em potenciais instalações de exportação emergentes na costa do Pacífico usando gás dos EUA e focado nos mercados asiáticos. Fora do Brasil, a Colômbia também pode exigir GNL adicional como uma opção de backup durante os períodos de baixa hidrologia. Assim como o Brasil, a rede elétrica da Colômbia é altamente dependente da energia hidrelétrica.
Preço do Gás natural fica competitivo no Brasil
Christopher Goncalves, Presidente e Diretor Executivo da BRG, disse que vê apenas aumentos moderados de preços em Henry Hub até 2025, levando a preços estáveis de GNL para a América do Sul de cerca de US $ 5-7 / MMBtu.
Ele disse que há “uma boa chance de que um imposto sobre o carbono seja instituído nos Estados Unidos” a partir de 2022, levando a uma redução inicial do GNL dos Estados Unidos para os mercados internacionais.
Mas, dadas às condições do mercado, os preços não devem ser muito impactados, o que é uma prova de “diversidade de oferta, flexibilidade de oferta e liquidez do comércio”.
Desregulamentação brasileira do GNL
O Brasil está passando por uma transformação que abre oportunidades de mercado para players de gás natural e GNL. No início deste mês, a Câmara dos Deputados do Brasil aprovou um marco regulatório para o setor de gás natural, abrindo caminho para uma abertura semelhante à observada no mercado de gás do México nos últimos seis anos.
O projeto de lei inclui restrições aos participantes do mercado que operam em diferentes segmentos do mercado de gás, o que efetivamente quebraria o monopólio da estatal Petróleo Brasileiro (Petrobras).
O projeto também garante o livre acesso aos dutos, um esquema tarifário baseado no mercado e uma política de armazenamento.